O imperialismo ideológico americano está levando a um fim ruim
Patrick J.
Buchanan
Quando foi
descoberto em 2016 que a Rússia pode ter hackeado os e-mails do socialista John
Podesta e do Comitê do Partido Democrático dos EUA e passado os frutos para o
WikiLeaks para ajudar o candidato Donald Trump, forte foi a ira da elite americana.
Se os serviços
de segurança da Rússia roubaram esses e-mails e uma fazenda de trolls da cidade
russa de São Petersburgo enviou tuítes e textos para incitar o rancor na política
dos EUA, disseram que isso era um ataque à democracia americana e seu mais
sagrado dos rituais — as eleições pelas quais os americanos escolhem seus líderes.
Alguns
chamaram isso de “ato de guerra.” Outros o compararam a Pearl Harbor.
Quase todos
concordaram que foi uma interferência intolerável nos assuntos internos dos
Estados Unidos que exigia condenação e retribuição.
No entanto,
quando se trata de interferir nos assuntos de outras nações, como é que os EUA
se acham inocentes e sem pecados?
Durante a
Guerra Fria, os Estados Unidos regularmente abandonaram regimes que acreditavam
ameaçar sua causa — o Irã em 1953, a Guatemala em 1954, o Congo na década de 1960.
Depois da Guerra Fria, os Estados Unidos foram um dos principais motores das “revoluções
coloridas” que mudaram os regimes na Ucrânia e na Geórgia.
De acordo com
Victoria Nuland, então do Departamento de Estado, que está agora de volta no
governo americano, US$ 5 bilhões foram injetados para efetuar a derrubada do
regime pró-russo democraticamente eleito em Kiev e sua substituição por um regime
pró-americano.
Esse foi o
evento que levou Vladimir Putin a anexar a Crimeia para proteger a base naval
de seu país no Mar Negro em Sebastopol.
Considere a
reação na capital dos EUA à prisão do dissidente russo Alexei Navalny, depois
de seu retorno da Alemanha, onde ele havia sido tratado por envenenamento
químico, supostamente pelos serviços de segurança de Putin.
Em um
editorial, “Nada Senão um Envenenador,” o jornal esquerdista The Washington Post
trovejou:
“Os
governos ocidentais devem fazer o que puderem para ajudar a fazer sobreviver e
crescer esse desafio sem precedentes à autocracia de Putin… O Sr. Putin se
dedicou a explorar as fraquezas dos sistemas democráticos. Agora é a hora de
retribuir o favor.”
Considere o
que o Washingtion Post está pedindo aqui:
Os
Estados Unidos e as nações da OTAN precisam estar abertamente do lado dos manifestantes
nas cidades russas cujo objetivo é a derrubada de Putin e do governo
internacionalmente reconhecido da Rússia.
Como, alguém
se pergunta, os americanos reagiriam se Putin pedisse abertamente o apoio
mundial à turba “Stop the Steal” que invadiu o Congresso dos EUA para revogar
os resultados da eleição americana de 3 de novembro?
Embora os
americanos estejam divididos sobre questões raciais, culturais, sociais e
morais, os intervencionistas esquerdistas ainda falam de “valores universais”
americanos que representam o futuro ao qual todas as nações devem aspirar.
Entre eles estão os valores da democracia praticada nos Estados Unidos.
Esses são os
padrões pelos quais outras nações devem ser julgadas. E as nações que não estão
em conformidade com esses padrões são candidatas à interferência dos EUA em
seus assuntos internos. O imperalismo americano é um imperialismo ideológico de
uma categoria rara.
Onde foi que
os americanos adquiriram o direito de intervir nos assuntos internos das nações
— sejam elas autocracias, monarquias ou repúblicas — que não os ameaçam ou os
atacam?
Quando os EUA
intervêm militarmente nessas nações, na maioria das vezes o resultado é
desastre. Foi em parte porque os regimes da Líbia, Síria, Iraque e Iêmen não
seguiram as ideias americanas de boa governança que os EUA interviram militarmente
para mudá-los. Resultado: milhões de árabes e muçulmanos mortos, feridos e
deslocados em todo o Oriente Médio. Uma calamidade histórica.
Quando a
Primavera Árabe surgiu, os EUA a apoiaram. A revolução democrática estava aqui!
E o que aconteceu na maior nação árabe que respondeu como os EUA insistiram, o
Egito?
Um aliado dos
EUA durante 30 anos, o presidente Hosni Mubarak, foi deposto. A Irmandade Muçulmana
foi eleita ao poder. Foi substituída um ano depois por um novo general, Abdel
Fattah el-Sissi, um homem mais implacável do que Mubarak.
Nesta semana,
os generais de Mianmar (Birmânia) destituíram a liderança civil do país e
assumiram o poder total. O presidente Joe Biden reagiu reflexivamente, chamando-o
de “atentado direto à transição do país para a democracia.”
“Em uma
democracia,” disse Biden, “a força bruta nunca deve procurar anular a vontade
do povo ou tentar apagar o resultado de uma eleição confiável.”
Derek
Mitchell, do Instituto Democrático Nacional, uma subsidiária do National
Endowment for Democracy, explicou: “A democracia é um dos pilares da agenda de
política externa do governo Biden. Eles reconhecem que precisam lidar com isso
muito a sério. A questão é o que fazer.”
Na verdade, a
questão maior, a questão básica é por que os assuntos internos da Birmânia, uma
nação a 16.000 km dos Estados Unidos, são assunto dos Estados Unidos.
O mundo
pós-Guerra Fria, onde os Estados Unidos julgaram moralmente as credenciais de
democracia de todas as outras nações e agiram contra as nações que não se
conformaram suficientemente, está chegando ao fim.
E se os EUA não
desistirem desse imperialismo ideológico, esse fim, especialmente no que diz
respeito à Rússia e à China, pode vir repentinamente e em breve.
Pat
Buchanan é colunista do WND e foi assessor do presidente conservador americano
Ronald Reagan.
Traduzido
por Julio Severo do original em inglês do WND (WorldNetDaily): American
ideological imperialism is leading to a bad end
Fonte: www.juliosevero.com
Outros
artigos de Patrick J. Buchanan:
Agora,
a esquerda é dona de tudo do governo dos EUA
A
democracia mudou a definição do que é “certo e errado” — e os EUA querem
exportá-la?
Qual
será a nova causa americana?
Na
pandemia, é cada nação por si mesma
O
coronavírus matará a Nova Ordem Mundial?
Putin
está certo sobre os excessos do multiculturalismo
Os
intervencionistas estão agora sem líder?
Os
EUA têm uma missão mundial?
Trump
está cedendo na questão da Síria?
Maré
nacionalista populista avança
Benjamin
Netanyahu apoia Trump, através de Putin
O
expansionismo imperial exagerado dos Estados Unidos
]Trump
está certo sobre a OTAN
Vociferando
e Blefando no Báltico
Putin
imita política externa dos EUA
O
homem europeu é uma espécie ameaçada
Será
que Deus está agora do lado da Rússia?
Valeu
a pena a II Guerra Mundial?
Quem
encarregou os EUA de refazer o mundo?
Leitura
recomendada sobre imperialismo americano:
Um
Império Lançado por Socialistas dos EUA
O
que é neoconservadorismo? Quem são os neocons?
O
Império Americano: 737 Bases Militares em 148 Países — Existem 196 Países —
Você Sabia Disso?
Destino
Manifesto na Bíblia? Os EUA São a Babilônia Moderna, Disse David Wilkerson
Nenhum comentário :
Postar um comentário