Pastor presbiteriano, que é o novo ministro da Justiça, chama Bolsonaro de “profeta”
Julio Severo
Ao tomar
posse do cargo de ministro da Justiça em 29 de abril de 2020, André Mendonça chamou
em discurso o presidente Jair Bolsonaro de “profeta.” Ele disse: “Vossa excelência tem sido, há 30
anos, um profeta no combate à criminalidade. Hoje, esse ministro da Justiça
assume o compromisso de lutar pelos ideais de uma vida que o senhor tem
combatido.”
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André Mendonça e Bolsonaro |
Contudo, a
turba está calada. Está caladíssima. Augustus Nicodemus, Paulo Júnior e Renato
Vargens não estão gritando “herético” para André Mendonça, que é pastor da
Igreja Presbiteriana do Brasil (IPB).
Talvez, como
sempre denuncio, eles estejam caladíssimos por causa de seu hábito de poupar todos
os problemas de seu quintal calvinista. Talvez também porque eles poupem generosamente
todos os pastores ligados à Teologia da Missão Integral (TMI).
André
Mendonça se formou em teologia na Faculdade Teológica Sul Americana em Londrina
no Paraná. Essa faculdade, que é dirigida pelo Rev. Jorge Henrique Barro (da
IPB), é uma das maiores instituições promotoras da TMI no Brasil e em 2014
realizou o Congresso
Internacional da Teologia da Missão Integral.
Com uma
formação de TMI, não é de estranhar que ele já tenha elogiado Lula. De acordo
com o UOL, “Em 2002, o atual ministro da
Justiça publicou um artigo simpático à vitória do ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva (PT) no jornal Folha de Londrina.”
Agora que
está em Brasília, não se sabe qual Igreja Presbiteriana da IPB Mendonça
frequentará. Mas sabe-se que em 2013 Ariovaldo
Ramos e Gilberto Carvalho, homem forte de Dilma e Lula, firmaram uma parceria
entre governo do PT e evangélicos da TMI. A parceria foi feita dentro de uma
Igreja Presbiteriana da IPB.
Nessa altura,
pode ser que Mendonça tenha mudado. Mas se ele der uma escorregadinha, os olavistas,
que se acham donos do governo Bolsonaro, vão chamá-lo de “traidor” e usar todo
o histórico de TMI dele contra ele.
Quanto a Augustus
Nicodemus, Paulo Júnior e Renato Vargens, que não poupam pastores
pentecostais e neopentecostais quando usam termos como “profeta” e “dom de
profecia,” por que é que estão tão caladíssimos com Mendonça?
Mendonça tem
ligações com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tem dívidas enormes
com o governo federal. Em 2017, a dívida do Mackenzie
era de quase 1 bilhão de reais. Em valores atuais, ultrapassaria facilmente
1 bilhão. O medo de chamá-lo de “herético” é medo de atrapalhar a negociação da
mega-dívida do Mackenzie?
Seja como
for, não estranho Augustus Nicodemus, Paulo Júnior e Renato Vargens não xingarem
Mendonça de “herético.” O bispo
vermelho Robinson Cavalcanti usava abundantemente o termo profeta em
referência à defesa da Teologia da Missão Integral, mas Nicodemus e Vargens nunca
o xingaram de herético por isso. Talvez eles tenham concedido a Mendonça a
mesma graça e misericórdia que eles sempre concederam generosamente a Cavalcanti.
Pelo visto,
só pentecostais e neopentecostais são dignos de serem xingados de “heréticos”
no mundo da terra plana cessacionista. Se o Pr. Silas Malafaia tivesse chamado
Bolsonaro de “profeta,” Vargens & Cia Calvinista Cessacionista já estariam fazendo seu habitual trabalho sujo de linchamento virtual e xingando-o de “herético” e muitos outros adjetivos.
Quanto a
Bolsonaro, vale
a pena chamá-lo de “profeta” entre evangélicos por ele dar um sinal de
agrado a eles quando ele
entupiu o governo de ocultistas ligados ao astrólogo Olavo de Carvalho e os
entupiu de todos os tipos de grados? Poderiam chamá-lo de “profeta” do
olavismo no governo brasileiro, mas Olavo, que é o Rasputin de Bolsonaro, não
ia gostar.
Fonte: www.juliosevero.com
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