Revista americana The Atlantic apresenta o fundador intelectual e espiritual da extrema direita esotérica do Brasil
Julio Severo
A mente de um ocultista é um labirinto de verdades,
meias-verdades, mentiras descaradas e contradições. Para os brasileiros, o
melhor exemplo disso é Olavo de Carvalho, filósofo-astrólogo brasileiro que se
exilou nos Estados Unidos em 2005.
The Atlantic decidiu publicar um artigo sobre ele.
Quem é The Atlantic? É uma das revistas mais antigas dos Estados Unidos. A
declaração de missão publicada na primeira edição da revista The Atlantic, em
novembro de 1857, foi assinada por muitos dos maiores escritores americanos,
inclusive Ralph Waldo Emerson, Herman Melville, Harriet Beecher Stowe e
Nathaniel Hawthorne. Melville é o autor do famoso clássico Moby-Dick.
The Atlantic, como parte de sua série “Democracy
Undone” sobre a erosão da democracia liberal em todo o mundo, decidiu abordar o
caso brasileiro, em uma reportagem intitulada “Meet
the Intellectual Founder of Brazil’s Far Right”
(Conheça o Fundador Intelectual da Extrema Direita do Brasil). Pelo fato de que
Carvalho é prolífico em português, mas não em inglês, The Atlantic usou a
reportagem de Letícia Duarte, jornalista brasileira sediada em Nova Iorque. Ela
visitou Carvalho em sua residência nos EUA para fazer a entrevista com ele.
Ela teve de se submeter, para obter a entrevista, a
uma imposição de Carvalho: ler 10 livros e livretos dele, disponíveis apenas em
português. Quando jornalistas dos EUA, inclusive do Washington Post,
solicitaram uma entrevista com ele, ele os submeteu à mesma imposição, mas eles
não mostraram nenhum interesse porque ele não tem 10 livros publicados em
inglês, e abandonaram a ideia de uma entrevista. E mesmo que ele tivesse 10
livros em inglês, isso o protegeria de escrutínio e críticas? Carvalho odeia
qualquer crítica de seus escritos.
O único interesse dos jornalistas dos EUA não está nos
livros de Carvalho, mas em como ele atraiu um presidente brasileiro. Eles não
estão interessados em ver o que ele quer mostrar em seus livros mais
apresentáveis. Eles estão mais interessados no que ele procura esconder, no que
ele não mostra em seus livros atuais, ainda que seus livros mais antigos, que
ele esconde do público, mostrem muito de seu histórico ocultista. Seus segredos
sombrios imploram para ser investigados jornalisticamente e, por acaso, ele
escolheu para seu auto-exílio uma nação onde os jornalistas adoram investigar
tudo. Se o pouparem, será um sinal de forças das trevas que o protegem?
Letícia foi mais persistente e leu os livros, embora,
obviamente, Carvalho tenha listado, para leitura recomendada, apenas os livros
políticos mais recentes escritos por ele, omitindo todos os livros que escreveu
na década de 1980 promovendo astrologia, alquimia e outras formas de ocultismo.
Ela percebeu que no escritório de Carvalho “mais de cem
cachimbos estavam enfileirados em uma prateleira,” mas não mencionou que
Carvalho é um ávido defensor do fumo, negando seus efeitos negativos. Ainda que
ele e o presidente dos EUA, Donald Trump, tenham a mesma idade, a aparência de
Carvalho é mais velha e obviamente doente.
A menção à defesa que Carvalho faz do cigarro seria
relevante, considerando que recentemente Trump
aprovou uma lei que eleva a idade legal para fumar de 18 para 21 anos, tanto
para cigarros normais quanto para cigarros eletrônicos, para proteger os jovens
dos males do fumo.
Presumo que a jornalista brasileira é de esquerda,
porque em sua longa entrevista ela nunca falou sobre o papel de Carvalho como o
mais proeminente negador e defensor brasileiro da Inquisição.
Ele nega que a Inquisição tenha torturado e matado multidões de judeus e
protestantes, acrescentando que foi uma ficção criada por evangélicos dos EUA.
E ele defende que a Inquisição foi promotora de direitos humanos.
Carvalho diz que no passado ele era comunista. Suponho
que, como comunista, ele negava que o comunismo torturava e matava multidões de
pessoas, acrescentando que era uma ficção criada pelos americanos. E
provavelmente ele defendia que o comunismo era promotor de direitos humanos.
Portanto, ele não mudou em suas negações e defesa. Ele apenas adaptou seu
discurso para se ajustar às suas novas ideologias.
Antes, ele era comunista e astrólogo. Agora, ele é um
direitista que “prevê” infalivelmente. Então, se um astrólogo é um homem que
prevê e a principal característica de Carvalho são previsões, como desconectá-lo
da astrologia quando seu ativismo político é marcado por predições? Ele apenas
adaptou, novamente.
Como Letícia Duarte foi contratada pela The Atlantic
para dar ao público dos EUA uma visão de Carvalho que só um brasileiro pode
ter, apenas preencherei as lacunas com mais informações e correções, citando as
passagens necessárias.
A jornalista já havia entrevistado Carvalho em 2018, e
ele ficou muito descontente, com a jornalista registrando a reação dele agora:
“Você é muito maliciosa, perversa, mentirosa — você
está me difamando!” ele gritou.
“Você é uma vagabunda,” ele continuou, abanando o
dedo. “Você vem à minha casa com esse sorriso cínico… Você não vale nada,
mulher!”
No entanto, ninguém pode acusar que Carvalho xinga
apenas esquerdistas e jornalistas. Ele critica conservadores e evangélicos,
inclusive Lutero e Calvino. Inclusive também a mim, contra quem ele usou todo
tipo de linguagem suja desde que eu o expus por suas mentiras sobre a
Inquisição.
Carvalho admitiu que sua boca suja foi inspirada pelo
revolucionário comunista russo Vladimir Lenin, que tinha boca suja. Portanto,
ninguém na suposta direita brasileira segue mais Lênin do que Carvalho. Sua
lógica é que, se a língua suja era um sucesso para Lênin, também poderia se
tornar um sucesso para ele.
Ela tolerou os xingamentos dele por amor à entrevista.
Ela disse:
Adorado pela direita e ridicularizado como um
extremista pela esquerda, Olavo e suas convicções são discutidos quase
diariamente no Brasil, desde tópicos no Twitter até longos artigos de revistas.
Ele é poderoso por outro motivo. Esse homem de 72 anos é o arquiteto da visão
de extrema direita do presidente Jair Bolsonaro. Filósofo autodidata que nunca
concluiu o ensino médio, Olavo formou uma nova geração de líderes conservadores
no Brasil por meio de um curso de filosofia on-line que ministra há 10 anos.
Ele estima que cerca de 5.000 estudantes estejam atualmente matriculados em seu
programa e 20.000 pessoas assistiram a suas aulas, inclusive ministros de
Bolsonaro.
Carvalho tem o mesmo número de seguidores no Facebook
que Walter Mercado, o famoso astrólogo porto-riquenho já falecido. A diferença
é que, enquanto Mercado conquistou muitos corações fracos através de seu
programa de TV astrológico, apenas Carvalho conseguiu o feito de atrair os
corações do presidente brasileiro e de seus filhos. Tal feito foi visto antes
apenas com Rasputin, que atraiu o czar russo e sua família.
É muito natural que Carvalho esteja no centro das
atenções diariamente, porque Bolsonaro e seus filhos simplesmente não conseguem
parar de promover ou falar sobre ele, assim como o czar russo não conseguiu
escapar do encantamento de Rasputin.
Como Bolsonaro escolheu ligar sua dependência e fama a
Carvalho, assim como o czar russo escolheu ligar sua dependência e fama a
Rasputin, não seria surpresa se Carvalho recebesse a mesma atenção que Rasputin
recebeu. Livros e filmes foram feitos sobre Rasputin e sua influência no czar
russo. Serão igualmente feitos livros e filmes de Carvalho e sua influência em
Bolsonaro? Provavelmente sim.
Por causa da ligação, o nome de Rasputin tornou-se tão
famoso quanto o nome do czar. O caso brasileiro terá o mesmo destino?
Letícia disse:
Seria fácil compará-lo a outro ideólogo de direita
mais conhecido, que oferecia orientação a um vencedor presidencial
surpreendente. No entanto, Olavo se irrita quando o comparam a Steve Bannon, ou
pelo menos ele costumava se irritar. Quando conheci Olavo, há um ano, Bolsonaro
havia sido eleito, mas não tomado posse, e Olavo ainda não conhecia Bannon
pessoalmente. Ele me disse na época que não levava Bannon a sério. Muito mudou
desde então. Duas semanas depois da posse de Bolsonaro em janeiro, Bannon se
encontrou com Olavo em sua casa em Petersburgo e, alguns meses depois, Olavo
foi o convidado de honra em um evento realizado por Bannon no Trump Hotel em
Washington, onde o ex-estrategista-chefe da Casa Branca apresentou-o a um grupo
seleto de cerca de 100 convidados conservadores. “Olavo é um dos grandes
intelectuais conservadores do mundo,” disse Bannon.
Preenchendo as lacunas, hoje
Carvalho e Bannon são amigos íntimos. Talvez Bannon
tenha feito seu evento no Trump Hotel, aberto a qualquer evento por ser um
edifício comercial, para chamar a atenção de Trump: “Ei, Trump! Consegui
influenciar o governo brasileiro através de Carvalho. Você pode me contratar de
novo?” Não funcionou. Embora Bannon gastasse muito dinheiro para alugar uma
sala no Trump Hotel, Trump não o contratou novamente. A propósito, antes de
Trump expulsá-lo da Casa Branca, Bannon era rotulado como “Rasputin de Trump.” Mas
Trump conseguiu expulsar essa má influência de sua presidência.
Quanto à atitude de Carvalho que Letícia notou, com
ele não respeitando Bannon antes, e depois do encontro deles, mudando-o para um
homem muito respeitando Bannon, Carvalho é o tipo de homem que elogia quem o
elogia. Então ele pode mudar constantemente.
Letícia disse:
No dia depois que Bannon festejou Olavo, foi a vez de
Bolsonaro. Durante uma visita a Washington — a primeira viagem internacional do
líder brasileiro como chefe de Estado — Bolsonaro realizou um jantar formal na
residência do embaixador brasileiro. Olavo estava sentado à direita de
Bolsonaro, Bannon à esquerda. Bolsonaro disse em um discurso que sonhava há
muito tempo em libertar o Brasil da nefasta ideologia esquerdista. Depois,
olhou para Olavo e disse: “A revolução que estamos vivendo, devemos em grande
parte a ele.”
Mais uma vez preenchendo as lacunas, quando Bolsonaro
escolheu ter Carvalho e Bannon no lado direito e esquerdo, ele escolheu dois
adeptos do ocultista islâmico René Guénon. Tanto Carvalho quanto Bannon foram
inspirados por Guénon, que é mais conhecido por seu discípulo mais proeminente,
Julius Evola, que se tornou um guru de Benito Mussolini, o ditador fascista
italiano. Evola era um “filósofo” e autor de ideias de direita e ocultismo que
inspiraram o nazismo na Alemanha.
Em 2014, em uma conferência no Vaticano, Bannon louvou
Guénon e Evola. Carvalho costumava louvar muito Guénon, mas depois que comecei
a criticar essas conexões sombrias, ele tentou estrategicamente manter
distância do ocultista islâmico que formou seu ativismo político.
Os adeptos de Guénon, inclusive Evola, Bannon e
Carvalho, têm a mesma ambição política de dominar tudo e todos. Outro adepto de
Guénon, Alexander Dugin (ou Aleksander Dugin), tem a mesma ambição em relação à
Rússia. Ele elogia Evola da mesma maneira que Bannon o elogiou. Da mesma
maneira que Carvalho se irritava quando o comparavam a Bannon, ele se irrita
quando o comparam a Dugin, embora ambos tenham a mesma fonte de inspiração
política, esotérica e ocultista. Embora se irritem uns com os outros e aleguem
que são diferentes, nas ambições espirituais e políticas são iguais. Eles têm a
mesma alma.
Apesar
de suas ambições, Bannon foi expulso do governo dos EUA pelo próprio
Trump
e Dugin foi demitido de uma universidade governamental em Moscou em 2014.
Somente no Brasil um dos iguais foi tratado de maneira diferente: Carvalho recebeu de Bolsonaro a maior condecoração do
governo brasileiro.
Nem Bannon nem Dugin chegaram a receber tal condecoração e admiração excessiva
de um presidente.
O fato é que, por se tratar de uma teia ocultista
interconectada, os adeptos têm a mesma fonte, elogios e interesses. Por
exemplo, em dezembro de 2019, a
polícia brasileira identificou um suspeito católico em um atentado a cineastas
do Jesus gay da Netflix. Em sua casa, policiais apreenderam livros de
Carvalho e René Guénon, interpretados como livros islâmicos, porque Guénon
elogiava o islamismo. O suspeito acabou fugindo para Moscou, supostamente para
procurar ajuda dos adeptos de Dugin.
Quanto a Bolsonaro dizendo que a revolução que os
brasileiros estão vivendo, eles devem em grande parte a Carvalho, é um triste
sinal da dependência excessiva dele para com Carvalho. No entanto, antes da
eleição, Bolsonaro disse várias vezes que sem os evangélicos ele não conseguiria
ser eleito presidente. Ele disse ao televangelista Silas Malafaia várias vezes
que se a maioria dos evangélicos votasse nele, ele venceria. A maioria dos
evangélicos votou nele, e o resto é história.
Além disso, em sua entrevista à CBN, o famoso canal de
TV evangélica nos EUA, Bolsonaro reconheceu que os evangélicos foram
fundamentais para sua vitória.
Ele quis dizer que os evangélicos foram fundamentais
para ele avançar uma revolução inspirada e controlada por Carvalho? Parece que
sim, ainda que ele não tenha dito nada sobre Carvalho na CBN.
Bolsonaro está fundando um novo partido populista e
para registrar membros, ele não está pedindo a ajuda de Carvalho, que não tem
os milhares e milhares de membros que as igrejas têm. Ele está pedindo às
igrejas evangélicas, que esperam que, se elas lhe derem membros suficientes,
ele dê a elas um ou dois cargos ministeriais. Enquanto isso, Bolsonaro vem
empregando, para altos cargos no governo, cada vez mais adeptos de Carvalho. E
eles adoram promover o ocultismo. Por exemplo, o
ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, tem um documento
diplomático louvando Guénon, Evola, Carvalho e Bannon.
Portanto, não é de admirar que a conclusão de Letícia
tenha sido: “Bolsonaro e os ministros mais importantes são seguidores do
Olavo.” E eles realmente são. No governo Bolsonaro, todos devem prestar culto a
Carvalho. Se o criticarem, são demitidos.
Talvez no futuro sejam escritos livros sobre como os
evangélicos no Brasil foram enganados e usados para avançar a revolução de um
adepto de Guénon.
Letícia também disse:
Não foi a primeira vez que Bolsonaro honrou Olavo
publicamente. Em seu primeiro discurso à nação depois de sua eleição, o
ex-capitão do exército colocou quatro livros em sua mesa: a Bíblia, a constituição
do Brasil, as Memórias da Segunda Guerra Mundial de Winston Churchill e um
livro de Olavo — O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Saber para Não Ser um
Idiota. “O que eu mais quero é seguir os ensinamentos de Deus ao lado da
constituição brasileira,” disse ele. “Eu também quero ser inspirado por grandes
líderes, dando bons conselhos.”
O público brasileiro vê Bolsonaro raramente citando
Churchill. Às vezes ele cita a Bíblia. Mas o tempo todo ele menciona Carvalho,
ou compartilhando artigos, através de suas contas na mídia social ou contas de
seus filhos, de Carvalho e seus adeptos. Então, no governo Bolsonaro, Carvalho
está em primeiro lugar, a Bíblia em segundo, etc. A dependência é tão grande
que muitas vezes o lema populista de Bolsonaro “Brasil acima de todos, Deus
acima de tudo” é entendido como “Olavo acima de todos, Olavo acima tudo.”
Letícia disse:
Olavo chegou aos Estados Unidos pela primeira vez em
2005, para trabalhar como correspondente em Washington do Diário do Comércio,
então um jornal econômico impresso. Ele me disse que, embora anteriormente
estivesse em contato próximo com políticos e jornalistas americanos, ele logo
“perdeu o interesse” porque “eles são um bando de pessoas chatas.”
Entendo por que Carvalho logo “perdeu o interesse” pelos
politicos e jornalistas americanos. Vários conservadores americanos
proeminentes, católicos e evangélicos, o conhecem pessoalmente, mas não se
atrevem a recomendá-lo. Eles provavelmente suspeitam de coisas estranhas nele.
Ele tem um histórico tão problemático e nebuloso, envolvendo desde ocultismo,
islamismo até estelionato, que os críticos, mesmo os mais maliciosos, não
precisam inventar nenhuma acusação fraudulenta contra ele. Seu histórico está
cheio de acusações contra si mesmo.
Para Letícia, Carvalho disse que foi para os Estados
Unidos para trabalhar como correspondente. Há duas razões para o auto-exílio de
Carvalho. Em entrevista à revista New American em 2010, sobre a primeira razão,
ele disse que saiu do Brasil porque estava cansado de
receber ameaças semanais de morte de maníacos esquerdistas. Mas como o Brasil
hoje tem um presidente que é capitão do Exército e que o adora, haveria
proteção de sobra para Olavo visitar o Brasil para pelo menos receber a
condecoração.
Sua relutância de voltar ao Brasil seria na verdade o
temor de enfrentar processos de ex-alunos que se sentiram ludibriados por seus
cursos de astrologia e ocultismo? Seria o temor de enfrentar processos de
ex-parceiros e parceiras?
A
segunda razão que ele usou como explicação foi que ganhou emprego no jornal
Diário do Comércio para ser correspondente nos EUA, embora não esteja claro
como esse jornal, que é não de grande porte, conseguiria dar ao Olavo um
salário elevado compatível que pudesse garantir um visto de correspondente nos EUA.
Como
é que o Diário do Comércio, um jornal de pequena tiragem (apenas
25 mil exemplares),
pôde sustentar o visto de correspondente de Olavo nos EUA durante anos é um
mistério. Esse jornal cessou sua edição impressa em 2014.
Esquemas
para obter vistos americanos também foram detectados no
Instituto Inter-Americano, criado por John Haskins, mas cuja criação Olavo atribui para si
mesmo.
Letícia descreve supostas “táticas” ou características
pessoais de Carvalho, dizendo que ele
geralmente usa linguagem sexualmente carregada para
chamar a atenção — em nosso encontro inicial, Olavo descreveu a eleição de
Bolsonaro como uma “ejaculação precoce.” Ele argumenta que os dissidentes devem
ser intimidados e, em um vídeo postado por um apoiador no YouTube, instrui os
espectadores sobre como usar ataques pessoais para intimidar “comunistas.” Seus
seguidores devem, diz ele, usar “todos os palavrões da língua portuguesa”
contra os críticos. “Não se trata de destruir ideias,” continua Olavo, “mas de
destruir as carreiras e o poder das pessoas. Você precisa ser direto e sem
respeito — isso é muito importante.”
Esclarecendo: Carvalho prega intimidações e ataques
não apenas contra “comunistas,” ainda que ele tenha ficado praticamente calado
quando Bolsonaro
visitou a China na comemoração de 70 anos da revolução comunista.
Ele ataca qualquer um que desafie sua “intelectualidade.” Em 2013, ele iniciou
uma campanha implacável de difamações diárias, semanais, mensais e anuais
contra um escritor evangélico conservador que desafiou sua ideia de que a
Inquisição não torturava e matava judeus e protestantes, mas promovia direitos
humanos. Eu posso falar sobre esse caso, que envolveu todo tipo de linguagem
suja dele contra o esritor evangélico, porque a vítima foi eu. Bons
conservadores me dizem que no meu lugar eles o processariam, mas em meu lugar
eles não teriam condições de pagar um advogado americano para se defenderem.
Talvez o momento mais revelador e importante da
entrevista com Carvalho boca suja tenha sido quando Letícia Duarte captou, bem
no final, a essência das ambições dele. Ela terminou a entrevista dizendo:
Olavo me disse com orgulho que através de seus
ensinamentos ele criou uma “fábrica de gênios” online. “Minha influência na
cultura brasileira é infinitamente maior do que qualquer coisa que o governo
esteja fazendo,” disse ele. “Estou mudando a história cultural do Brasil. Os
governos vão embora; a cultura permanece.”
Rasputin conseguiu ser tão famoso quanto o czar russo.
Mas Carvalho tem ambições maiores: ele quer que sua fama seja infinitamente
maior do que o governo Bolsonaro. A intenção de Carvalho é superar o Rasputin
“normal” para se tornar um grande Rasputin na história brasileira. No que depender
de Bolsonaro, ele terá seus desejos atendidos.
A única força que pode resistir a essa revolução
maligna é a mesma força que elegeu Bolsonaro: os evangélicos e suas orações.
Espero que os evangélicos possam reagir, porque se não
o fizerem, os livros de história dirão que os evangélicos foram responsáveis
pela revolução ocultista que varreu o governo Bolsonaro com as bênçãos plenas
de Bolsonaro e seus filhos.
Não posso evitar o pensamento de que evangélicos e
católicos na Alemanha, para derrotar a ameaça comunista, elegeram a revolução
nazista, inspirada também por Julius Evola, um ocultista direitista elogiado
por Bannon e pelo mais elevado ministro do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo,
que tem também louvado e se encontrado regularmente com Bannon e Carvalho. Eles
têm em mente sua própria revolução, independentemente do que pensam os
eleitores evangélicos.
Para onde essa revolução levará o Brasil?
Versão em inglês deste artigo: The
Atlantic Introduces the Intellectual and Spiritual Founder of Brazil’s Esoteric
Far Right
Leitura
recomendada:
Os
tentáculos da doutrinação ideológica de Olavo de Carvalho sobre 57 milhões de
crianças e jovens nas escolas do Brasil
Evangélicos
do Brasil dizem que candidato presidencial de extrema direita é resposta às
suas orações
Leitura
recomendada sobre a Inquisição:
6 comentários :
Com relação a nefasta dependência ideológica de Bolsonaro à Olavo a máxima que diz, Diga-me Com quem andas que eu te direi quem és, nunca soou tão verdadeira.
Deus está no comando e conta com bons combatentes. O soberbo Olavo haverá de ser punido, mais cedo ou mais tarde.
Julio na sua opinião essa aqui tensão entre os EUA e Irã atende as interesses neocons ? Certamente irá afetar a vida de cristões que vivem lá
Uma pergunta dum ateu? Vocês acham que um branco, machista e homofóbico, ia, mesmo por azar, ser evangélico, como os pobres negros e pardos, ser integracinal?
Pardos, negros e assim assim evangelicos.
Nós catolicos ou assim.
Tá a ver Bolsonaro evangélico?
Kkk
Para onde essa revolução levará o Brasil? Para as densas trevas.
Concordamos Alexandre!!
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