Televangelista Silas Malafaia diz que é simplesmente ridículo descartar os evangélicos para creditar a vitória de Bolsonaro ao astrólogo Olavo de Carvalho
Julio
Severo
Quando Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair
Bolsonaro, disse que “sem Olavo, não haveria a eleição de Jair Bolsonaro,” seu
comentário me chocou, e publiquei o seguinte artigo: Eduardo
Bolsonaro diz que “sem Olavo, não haveria a eleição de Jair Bolsonaro”.
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Silas Malafaia apoiando Jair Bolsonaro durante a eleição |
Em um tuíte de 18 de março de 2019, o Pr. Silas
Malafaia, um televangelista pentecostal que é conhecido em todo o Brasil e
outras nações, afirmou que Bolsonaro pessoalmente lhe disse várias vezes que se
80% dos evangélicos o apoiassem, ele seria eleito presidente. Segundo o jornal Folha
de S. Paulo,
Bolsonaro conseguiu no mínimo 70% dos votos evangélicos, e foi eleito.
Malafaia, que é um peso-pesado evangélico conservador
no Brasil, acrescentou:
“Vem
agora seu filho, aprendiz de político, dizer que Olavo de Carvalho é o maior
responsável pela vitória do pai. SIMPLESMENTE RIDÍCULO!”
A intervenção de Malafaia no Twitter dissipou a
FakeNews anti-evangélica de que Olavo de Carvalho, que tem histórico de ocultismo
islâmico e astrologia, foi o homem responsável pela eleição de Bolsonaro.
Diferente de Carvalho, que tem mais fama à custa de
Bolsonaro como presidente, Malafaia já era internacionalmente famoso muito
antes de Bolsonaro e Carvalho.
Em 2011, o jornal americano New York Times entrevistou
Malafaia em uma reportagem intitulada “Líder
evangélico ergue-se nas guerras culturais do Brasil.” Assim, a fama internacional de Malafaia nas guerras
culturais contra o aborto e a agenda gay não é algo novo. E é por méritos
próprios.
Durante a eleição presidencial, o New
York Times mostrou o papel decisivo de Malafaia para eleger Bolsonaro.
Obviamente, os evangélicos, que foram ambiciosamente
cobiçados por Bolsonaro durante a eleição, estão tendo muito pouco espaço agora
que o poder governamental está firmemente nas mãos dele.
Por alguma razão, depois da eleição, Bolsonaro parou
de valorizar seus apoiadores evangélicos e começou a glorificar o astrólogo Olavo,
que vive como imigrante auto-exilado nos EUA há 15 anos, mas nunca conseguiu alcançar
fama por seus próprios méritos.
Talvez agora, com Bolsonaro fazendo propaganda
gratuita para ele, ele possa alcançar alguma fama. Além disso, Steve
Bannon, que havia sido expulso por Trump por vazar informações secretas, prometeu tornar Carvalho famoso nos EUA. Bannon está
agora próximo de Bolsonaro, por causa de Carvalho e Eduardo.
Depois de ser demitido por Trump, Bannon criou um
movimento para influenciar direitistas na Europa e na América Latina.
Bannon
e Carvalho tiveram dois encontros em janeiro passado. Ambos têm o mesmo histórico: Eles foram inspirados
por René Guénon, um ocultista islâmico que fundou a Escola Tradicionalista para
promover o conservadorismo esotérico e combater o marxismo. Bannon, Carvalho e
Guénon vieram do mesmo histórico católico.
Bannon, Carvalho e Eduardo estão fazendo todo o
possível para expandir o movimento guenoniano de Bannon — às custas dos
evangélicos que elegeram Bolsonaro.
O grande problema deles é que o astrólogo a quem eles
atribuem à vitória de Bolsonaro não tem milhões de seguidores. Em contraste, os
evangélicos representam milhões de eleitores no Brasil.
A fanpage de Facebook do astrólogo Olavo tem mais de
500 mil seguidores, praticamente o mesmo número de fãs de Walter Mercado,
astrólogo porto-riquenho que ficou famoso na TV brasileira com seu bordão
“Ligue Djá!” na década de 1990.
Assim, dizer que um astrólogo brasileiro foi responsável
pela eleição do presidente brasileiro é a mesma coisa que dizer que um
astrólogo porto-riquenho foi responsável pela eleição do presidente dos EUA.
Somente pessoas sob um poderoso feitiço veem a
realidade de maneira invertida. Rasputin
mantinha o czar russo sob tal feitiço. É por isso que chamo Carvalho de
Rasputin de Bolsonaro.
Outros o chamam de “guru de Bolsonaro.” Carvalho rejeita e chama esses nomes de
FakeNews.
Agora Carvalho está na situação difícil de acusar o governo
Trump de produzir FakeNews depois que a Voz da América (VOA) informou que
Bolsonaro estava no domingo na embaixada brasileira em Washington com:
“Bannon
e o escritor brasileiro Olavo de Carvalho, que vive nos EUA, considerado o guru
ideológico de Bolsonaro.”
VOA, a maior emissora internacional dos EUA, chamou oficialmente Carvalho de “guru ideológico de
Bolsonaro.” VOA pertence ao governo dos EUA e transmite as opiniões do governo
dos EUA. Então a maior emissora do governo dos EUA transmitiu para o mundo
inteiro que Bolsonaro encontra-se dependente de um guru.
Bolsonaro não pode se queixar de que ele foi retratado
internacionalmente pelo governo dos EUA como dependente de um guru. Sua decisão
de ter Bannon
em um jantar exclusivo na embaixada brasileira na véspera de seu encontro com
Trump foi uma bofetada na cara de Trump.
E dizer que um astrólogo, não milhões de evangélicos,
foi o homem responsável pela eleição de Bolsonaro foi uma bofetada na cara dos
evangélicos.
Bannon foi expulso por Trump por oportunismo. Trump
disse:
“Steve
finge estar em guerra com a mídia, que ele chama de partido de oposição, mas
ele passava seu tempo na Casa Branca vazando informações falsas para a mídia
para se fazer parecer mais importante do que ele era. Essa é a única coisa que
ele faz bem.”
Tal oportunismo é uma descrição perfeita de Carvalho e
de como ele e seus adeptos estão tirando vantagem dos evangélicos brasileiros
“vazando informações falsas para a mídia” (“sem Olavo, não haveria a eleição de
Jair Bolsonaro”) para se fazerem parecer muito mais importantes do que eles
são.
Trump fez muito bem ao demitir um oportunista
guenoniano: Bannon. Mas Bolsonaro está semeando problemas para si mesmo
tornando-se dependente de dois oportunistas guenonianos: Bannon e Carvalho.
Versão em inglês deste artigo: Brazilian
televangelist Silas Malafaia says that it is just ridiculous to discard
evangelicals to credit Bolsonaro’s victory to astrologer Olavo de Carvalho
Leitura recomendada:
Astrólogo Olavo de Carvalho apela para que
Polícia Federal investigue Julio Severo sob a alegação de que denúncias contra
ele envolvendo Inquisição e ocultismo são conluios pagos pelo governo russo que
ameaçam segurança nacional
Os
tentáculos da doutrinação ideológica de Olavo de Carvalho sobre 57 milhões de
crianças e jovens nas escolas do Brasil
8 comentários :
O Bolsonaro parece querer afastar-se das grandes igrejas evangélicas. Isto tem alguma lógica pelas ligações que elas têm com a lavagem de dinheiro e muitas ligações perigosas ao narcotráfico.
Os milhões gerados e levados para fora do Brasil escondem negócios muito próximos com organizações mafiosas como os narcotraficantes.
Bolsonaro não se quer ver envolvido com este tipo de escândalos.
Parece-me só isso.
Há muitas investigações internacionais sobre lavagem de dinheiro, rapto de crianças e narco tráfego pelas grandes igrejas evangélicas. É inevitável que acabem por serem investigadas e os responsáveis presos.
Uma coisa é ser eleito com o voto evangélico outra muito diferente é ver-se envolvido com os dirigentes.
Penso mesmo que o juiz Moro o terá avisado dos riscos que corre com a bancada evangélica.
Bolsonaro está realmente embruxado. Ele está dando toda mordomia e visibilidade possível para este astrólogo. Infelizmente ele está bem distante do seu verdadeiro eleitorado, que Deus tenha misericórdia dessa nação.
Verdade. Não consigo entender o que levou o Bolsonaro a agir de forma totalmente indiferente para com os evangélicos, o grupo conservador que o elegeu. Sinceramente, eu desconfiava que Bolsonaro cederia em muitas questões por conta da oposição que ele teria tanto na mídia como na rede de televisão e ele antigamente não se importava com as críticas,porém o mesmo agora vive sob um código de percepção de eleitorado em que mede seu desempenho presidencial conforme vão falando dele, e so falam mal.
Que maluquice é essa?!
Fazendo apenas uma correção na fala do Malafaia, o filho do Bolsonaro não é aprendiz de político e sim de feiticeiro, Já o próprio Bolsonaro se afastar das igrejas com medo de lavagem de dinheiro e associação com o narcotráfico é uma afirmação totalmente ridícula, Pois se fosse realmente esse o caso ele nunca tinha entrado na política, afinal em qual profissão se encontra mais corruptos por metro quadrado?
Ao que tudo indica, nós evangélicos ficamos "chupando dedo" , carregamos o cara nas costas e o mérito ficou para os olavetes neoconbr . Espero que na próxima eleição os cristãos PAREM de bajular políticos.
Esse Bannon me parece ser pouco confiável. Não acho bom se envolver com esses caras.
O problema com as igrejas evangélicas são as ligações perigosas com os narcos.
Uma coisa é o apoio dos evangélicos como massa que vota outra são as lideranças.
Os brasileiros evangélicos são gente boa. Pagam o dízimo e são gente honesta
Os dirigentes são mafiosos perigosos.
Fazer algum trato com os líderes evangélicos é perigoso.
A bancada evangélica é uma máfia perigosa.
Silas, Macedo & companhia são criminosos empedernidos capazes de tudo.
O juiz Moro deve saber de muita coisa. Bolsonaro se quer alguma credibilidade tem de se afastar destas máfias.
Até porque qualquer concessão a essa gente vai custar-lhe muito caro.
É como negociar com o Pablo Escobar.
Pode render de imediato mas é vender a alma ao diabo.
Não se é desonesto por pagar o dízimo ou trizimo.
Quem recebe e investe nos EUA ou na Suíça é que é perigoso.
Eu, francamente, não me envolvia com líderes evangélicos ou narcos.
Podia ganhar muito no imediato mas vem sempre o futuro.
E é gente sem escrúpulos e moral ..
O Bolsonaro está a proteger-se.
Os brasileiros são evangélicos venham os votos.
Fazer tráfico de drogas ou lavar dinheiro dos cartéis com os dirigentes.... Isso não.
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