Steve Bannon, expulso por Trump por vazamento de informações e autopromoção, será o convidado especial de Jair Bolsonaro na véspera da reunião do presidente brasileiro com o Presidente Trump na Casa Branca
Julio
Severo
Steve Bannon, ex-assessor da Casa Branca que foi
expulso pelo Presidente Donald Trump por vazar informações confidenciais e
autopromoção, será o convidado especial de Jair Bolsonaro para um jantar
oficial na segunda-feira, na véspera da reunião do presidente brasileiro com
Trump na Casa Branca.
Bolsonaro estará em Washington na próxima semana, onde
se encontrará com Trump no Salão Oval. Suas discussões incluirão comércio,
crime transnacional e a restauração da democracia na Venezuela.
Bolsonaro não fez segredo de seu desejo de estabelecer
laços estreitos com os Estados Unidos. O conselheiro de segurança nacional da
Casa Branca, John Bolton, e outros funcionários de Trump levantaram a
possibilidade de um acordo de livre comércio entre as duas nações.
Steve Bannon não tem nada a ver comigo ou com minha
presidência. Quando foi demitido, ele não só perdeu o emprego, ele perdeu
também a cabeça…
Steve teve muito pouco a ver com nossa vitória
histórica… Steve não representa minha base, ele só está nisso para se autopromover.
Steve finge estar em guerra com a mídia, que ele chama
de partido de oposição, mas ele passava seu tempo na Casa Branca vazando
informações falsas para a mídia para se fazer parecer mais importante do que
ele era. Essa é a única coisa que ele faz bem. Steve raramente estava em uma
reunião frente a frente comigo e só finge ter tido influência para enganar
algumas pessoas sem acesso e que não entendem, pessoas a quem ele ajudou a
escrever livros fajutos.
Bannon, como convidado especial de Bolsonaro na
embaixada brasileira em Washington, provocou a manchete da revista Veja “Jantar
de Bolsonaro com Bannon nos EUA é bofetada no governo de Trump,” em uma
reportagem que disse “A inclusão de Bannon entre os convivas do jantar na
embaixada é uma quebra de protocolo com o país anfitrião.”
Bolsonaro deveria se colocar no lugar de Trump. Será
que ele acharia respeitoso se Trump, em uma viagem oficial ao Brasil para se
encontrar com ele, se encontrasse primeiro com um homem demitido por Bolsonaro
por vazar informações confidenciais e autopromoção?
De acordo com a Veja, o evento exclusivo de Bolsonaro
para Bannon acontecerá sob a influência do astrólogo Olavo de Carvalho, que há
15 anos é um imigrante autoexilado nos EUA, e Eduardo Bolsonaro.
Bannon
e Carvalho tiveram dois encontros em janeiro passado.
Ambos têm o mesmo histórico: Eles foram inspirados por René Guénon, um
ocultista islâmico que fundou a Escola Tradicionalista para promover o
conservadorismo esotérico e combater o marxismo. Bannon, Carvalho e Guénon
vieram do mesmo histórico católico.
Depois de ser demitido por Trump, Bannon criou um
movimento para influenciar direitistas na Europa e na América Latina. Ele teve
seu primeiro encontro público com Eduardo Bolsonaro em agosto de 2018. Quando
perguntado pela imprensa internacional, Jair Bolsonaro negou qualquer vínculo
com Bannon.
No final de novembro, os dois se encontraram
novamente: Eduardo Bolsonaro participou da festa de aniversário de Bannon.
E em janeiro passado, Bannon escolheu Eduardo como
diretor de seu movimento no Brasil e na América Latina. “O Movimento tem a
honra de receber Eduardo Bolsonaro como um parceiro ilustre e o Brasil como um
aliado-chave na América do Sul,” disse Bannon.
Como parte de seu esforço para expandir seu movimento
e estabelecer uma base estratégica para a visita de Bolsonaro aos EUA, Bannon
está impulsionando Carvalho convidando oficialmente as pessoas para um hotel em
Washington DC, em 16 de março, para a exibição do filme de Carvalho, que tem
várias características da Nova Era. Seu
filme foi lançado oficialmente nos Estados Unidos em 2017, mas não houve
público americano disposto a assisti-lo.
O encontro de Bolsonaro com Bannon não é apenas
incômodo para Trump, que teve problemas e conflitos com Bannon. É também
incômodo para os evangélicos brasileiros, que tiveram grande influência na
vitória de Bolsonaro, mas agora eles têm apenas de observar Bolsonaro dando
oportunidades e espaço para Carvalho e suas “indicações” — às custas dos
evangélicos. Agora eles terão de observar Bannon obtendo também espaço para
tais privilégios — novamente, às custas dos evangélicos?
Menos espaço para os evangélicos significa apenas uma
coisa: mais espaço para a influência de Carvalho e Bannon.
Resta ver o que Trump e os líderes evangélicos vão
pensar sobre Carvalho e Bannon, dois adeptos de um ocultista islâmico, obtendo
exclusividade de Bolsonaro.
Versão
em inglês deste artigo: Steve Bannon, expelled by Trump for
leaking information and self-promotion, will be the special guest of Jair
Bolsonaro on the eve of the Brazilian president’s meeting with President Trump
at the White House
Leitura recomendada:
Os
tentáculos da doutrinação ideológica de Olavo de Carvalho sobre 57 milhões de
crianças e jovens nas escolas do Brasil
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