Steve Bannon e Olavo de Carvalho juntos: dois ocultistas promovendo um “conservadorismo” ocultista
Julio
Severo
Quinta-feira passada, Steve Bannon visitou Olavo de
Carvalho em sua casa. Os adeptos de Carvalho no Brasil comemoraram essa visita
como evidência de que ele está se aproximando da Casa Branca, porque eles acham
que Bannon está muito próximo de Trump.
Olavo de Carvalho visitindo Steve Bannon |
Steve Bannon visitindo Olavo de Carvalho |
Carvalho está realmente se aproximando de Trump ao se
aproximar de Bannon? O que Trump tem a ver com Bannon? De acordo com o próprio
Trump, nada. Trump disse:
Steve
Bannon não tem nada a ver comigo ou com minha presidência. Quando foi demitido,
ele não só perdeu o emprego, ele perdeu também a cabeça. Steve era um
funcionário que trabalhava para mim depois de eu já ter ganhado a indicação ao
derrotar dezessete candidatos…
Agora
que ele está sozinho, Steve está aprendendo que ganhar não é tão fácil quanto
eu faço parecer. Steve teve muito pouco a ver com nossa vitória histórica…
Steve não representa minha base, ele só está nisso para se autopromover.
Steve
finge estar em guerra com a mídia, que ele chama de partido de oposição, mas
ele passava seu tempo na Casa Branca vazando informações falsas para a mídia
para se fazer parecer mais importante do que ele era. Essa é a única coisa que
ele faz bem. Steve raramente estava em uma reunião frente a frente comigo e só
finge ter tido influência para enganar algumas pessoas sem acesso e que não
entendem, pessoas a quem ele ajudou a escrever livros fajutos.
Essa é a carta
oficial de Trump sobre Bannon publicada no ano passado. Em resumo, com sua
experiência, Trump definiu Bannon como um oportunista traiçoeiro.
Com a minha experiência, posso fazer o que Trump fez e
também definir Carvalho como um oportunista traiçoeiro. Não há outra definição
adequada para Bannon e Carvalho. Não há outra definição adequada para os
guenonianos e outros ocultistas.
Embora Carvalho e Bannon se retratem como “católicos,”
suas atividades e ideias traem suas aparências católicas. Mas não traem sua
natureza guenoniana.
Quando Carvalho visitou Bannon em sua casa, o jantar
começou com a tradicional oração cristã “Pai Nosso.” As fotos das reuniões
foram feitas por Josias Teófilo, que em sua conta no Twitter disse:
“Grande
momento do jantar na Breitbart Embassy foi quando Steve Bannon (que é católico)
pediu para Olavo de Carvalho fazer uma prece antes da refeição, e Olavo começou
a rezar um Pai Nosso, ao que foi seguido por todos. Fiz essa foto abaixo nesse
momento.”
Teófilo é tão alienado quanto os outros adeptos de
Carvalho, os quais acham que Bannon está próximo de Trump. Teófilo acha que a
casa de Bannon ainda é sede da Breitbart, a qual realmente era no passado. Mas
depois que Trump expulsou Bannon, o Breitbart também se livrou dele.
A oração “Pai Nosso” é evidência de que Bannon e
Carvalho são cristãos? A oração “Pai Nosso” é sinal de que aqueles que a rezam
são cristãos? Não no Brasil. O Brasil é a maior nação católica do mundo e seu
catolicismo é sincrético. Em seu sincretismo, os católicos brasileiros vão à
missa católica no domingo e vão a rituais abertamente e não tão abertamente
satânicos em outros dias.
O médium espírita brasileiro “João de Deus” também
rezava frequentemente o “Pai Nosso,” como confirmado por uma de suas vítimas
sexuais no jornal brasileiro Metropoles em uma reportagem
intitulada “João de Deus rezava o Pai Nosso cheio de más intenções.” Anos atrás
ele
foi louvado por Oprah Winfrey e agora ele se tornou um caso de polícia enquanto
mais de 500 mulheres, até o momento, relatam que foram vítimas de seus abusos
sexuais.
Ele fazia suas operações espíritas e abusos sexuais
nas dependências de sua organização, chamada “Casa Dom Inácio de Loyola,” um
nome distintamente católico, assim como “João de Deus” é um nome católico.
Assim, em um Brasil católico sincrético, onde um médium espírita estupra
centenas de mulheres, nomes católicos e o “Pai Nosso” não são evidência de
Cristianismo real. Pelo contrário, são evidências de que os ocultistas sabem
usar nomes e práticas católicas para enganar os ingênuos.
“João de Deus,” que foi louvado por dois presidentes
brasileiros e muitas celebridades brasileiras, sabia rezar o “Pai Nosso” e
abusar de meninas e mulheres ao mesmo tempo.
Os presidentes brasileiros, que são tradicionalmente
católicos, e as celebridades brasileiras tradicionalmente valorizam os
ocultistas. Todos eles têm seu ocultista “católico” favorito.
Vulnerabilidade ao sincretismo é parte da cultura
católica brasileira. Aliás, é impossível entender o catolicismo brasileiro sem
entender o sincretismo. O próprio Josias Teófilo é um adepto da teosofia, que é
uma mistura de filosofia e ocultismo. Ele produziu o filme “O
Jardim das Aflições,” cuja estreia em Nova Iorque em 2017 não atraiu a presença
do público americano. O filme é um esforço para oferecer um culto
cinematográfico à personalidade de Carvalho.
Então, quando Teófilo disse que o jantar de Bannon com
Carvalho “é a Nova Era,” ele disse exatamente o que ele queria dizer. Teosofia
e todo tipo de filosofia ocultista são parte integrante do movimento ocultista
que veio a ser conhecido como Nova Era.
Bannon não é o único adepto de Guénon nos EUA em
contato com Carvalho. Wolfgang Smith é outro contato. Todos eles têm em comum
uma aparência “católica” e são adeptos de Guénon, que também havia sido
católico, mas se converteu ao esoterismo islâmico.
Portanto, ninguém mais qualificado para definir suas
reuniões como Nova Era do que Teófilo.
A Nova Era, com sua capa de tradicionalismo, está
hipnotizando líderes católicos e sequestrando movimentos conservadores e
nacionalistas em todo o mundo.
Jair Bolsonaro, o novo presidente brasileiro, é um
exemplo. Segundo a imprensa americana, brasileira e israelense, sua vitória foi
especialmente graças aos evangélicos — um fenômeno
que também aconteceu na eleição de Trump.
Mas Bolsonaro está hipnotizado. Ele e seus filhos propagandeiam Carvalho como
vital para sua eleição, como só os adeptos de uma seita estranha poderiam
fazer, embora alguns adeptos de Carvalho tenham admitido publicamente que a
atual onda conservadora no Brasil é evangélica.
“O
fato puro, simples e sem enfeites, é o seguinte: os evangelicos são hoje a
maior força anti-esquerda do Brasil. São mais fortes, mais numerosos e mais
ativos que as três Forças Armadas juntas. Nunca houve isso. A esquerda não tem
a menor ideia de como ganhar essa parada.”
Guzzo é admirador de Carvalho. Mas nos casos em que a
admiração é superada pela adesão cega, tudo o que os adeptos podem ver é
Carvalho como “o homem que salvou o Brasil”. Isso poderia também ter acontecido
nos EUA com Bannon, mas Trump foi capaz de ver na hora que Bannon era um
oportunista traiçoeiro. O que está impedindo que Bolsonaro alcance o nível de
discernimento de Trump?
Enquanto Bolsonaro e muitos outros católicos são
incapazes de ver os oportunistas traiçoeiros que estão sequestrando movimentos
conservadores e nacionalistas em todo o mundo, vamos comparar algumas
características que tornam os adeptos de Guénon tão traiçoeiros e oportunistas.
Especificamente, vamos comparar Bannon, chamado por Trump de oportunista
traiçoeiro, com Carvalho, para ver se eles são diferentes.
O livro “Barganha do Diabo: Steve Bannon, Donald Trump
e a Invasão da Presidência” (Penguin Publishing Group, 2017), do escritor
Joshua Green, pode nos dar algumas dicas.
“Barganha do Diabo” disse sobre Bannon: “Embora mal
seja um conservador social moralizador, ele se opôs amargamente ao liberalismo
secular invadindo a cultura.”
Não diferente de Carvalho, conhecido por sua boca
suja, que argumenta que a homossexualidade é natural. Sua “oposição” à agenda
homossexual é uma ideia estranha de que, assim como a homossexualidade não pode
ser imposta, o sexo masculino/feminino também não pode ser imposto.
“Barganha do Diabo” disse: “Bannon… trouxe ao
tradicionalismo de Guénon uma forte dose de pensamento social católico.”
Não diferente de Carvalho, que tem misturado sua
experiência com o tradicionalismo de Guénon com uma forte dose de pensamento
católico.
“Barganha do Diabo” disse que Bannon lançou “um
esforço para apoiar os tradicionalistas católicos marginalizados pelo novo
papa.”
Não diferente de Carvalho, que tem tido sucesso em
atrair para o seu movimento católicos tradicionalistas marginalizados pelo Papa
Francisco.
“Barganha do Diabo” disse: “Expondo essa visão em uma
conferência de 2014 no Vaticano, Bannon uniu Guénon, Evola.”
Não diferente de Carvalho, que tem unido as ideias de
Guénon e outros ocultistas tradicionalistas entre os católicos tradicionais.
“Barganha do Diabo” disse: “No verão de 2016, Bannon
descreveu Trump como um ‘instrumento bruto para nós.’”
Não diferente de Carvalho, que tem usado Bolsonaro e
seus filhos como um instrumento bruto para seu próprio movimento.
“Barganha do Diabo” disse: “Trump também revelou seu
próprio apelido para a ideologia nacionalista (e de extrema direita) de Bannon:
‘esquerda alternativa,’ um refrão sobre o termo ‘direita alternativa.’”
Se Trump comparou a ideologia de Bannon como
esquerdista, não é diferente do caso de Carvalho. Janaína Paschoal, um membro
proeminente do partido de Bolsonaro, expressou preocupação com extremistas
entre os seguidores de Bolsonaro, dizendo:
“Não se ganha a eleição com pensamento único. E não se governa uma nação com
pensamento único.” Ela já havia identificado esses extremistas quando disse:
“Olavetes são tão imbecis coletivos como petistas, marxistas e outros istas.
Acordem!”
“Barganha do Diabo” disse: “Bannon representava sua
própria marca de catolicismo conservador.”
Não diferente de Carvalho, que também representa sua
própria marca de catolicismo conservador.
“Barganha do Diabo” disse: “A resposta de Bannon ao
surgimento da modernidade foi estabelecer um nacionalismo populista de direita
contra ela.”
Não diferente de Carvalho, que lançou seu próprio
nacionalismo populista de direita.
“Barganha do Diabo” disse: “Bannon prosperou no caos
que criava e fazia tudo o que podia para espalhar esse caos.”
Não diferente de Carvalho, que tem prosperado no caos
que cria e faz tudo o que pode para espalhar esse caos.
“Barganha do Diabo” disse sobre o fascínio de Bannon
por Guénon: “Guénon desenvolveu uma filosofia muitas vezes mencionada como
‘tradicionalismo,’ uma forma de antimodernismo com conotações precisas. Guénon
era um tradicionalista ‘primitivo,’ um crente na ideia de que certas religiões
antigas, inclusive a Vedanta Hindu, o Sufismo e o Catolicismo medieval, eram
repositórios de verdades espirituais comuns, reveladas nas primeiras eras do
mundo, que estavam sendo destruídas com o surgimento da modernidade secular no
Ocidente.”
Não diferente de Carvalho, que tem fascínio semelhante
por Guénon e é um ávido defensor do catolicismo medieval. Aliás, ele é o mais
proeminente defensor brasileiro do revisionismo da Inquisição, uma marca inconfundível
do catolicismo medieval. Nesse sentido, como pode Bolsonaro conciliar um
governo pró-Israel, para agradar à massa de seus eleitores evangélicos, se a
postura pró-Inquisição de seu Rasputin é profundamente perturbadora, desonesta
e maliciosa para os israelenses?
Enquanto Carvalho
defende obscenamente a Inquisição argumentando
que “Os condenados (menos de dez por ano em duas dúzias de países) morriam
sufocados em poucos minutos, antes que as chamas os atingissem,” o pai do
primeiro-ministro israelense Netanyahu tem um enorme livro de 1.500 páginas
provando que milhares de vítimas judias inocentes morriam uma morte excruciante
nas mesmas chamas. Israel concorda com Netanyahu. Como Israel poderia concordar
com um lunático brasileiro?
“Barganha do Diabo” disse sobre Bannon que ele era “um
autodidata voraz” e “embarcou no que descreveu como ‘um estudo sistemático das
religiões mundiais,’” acrescentando: “Começando pela história da Igreja
Católica Romana… ele avançou para o misticismo cristão e daí para a metafísica
oriental… A leitura de Bannon acabou levando-o à obra de René Guénon, um
ocultista e metafísico francês do início do século XX que foi criado como católico
romano, praticou a maçonaria e mais tarde se tornou um muçulmano sufi.”
Não diferente de Carvalho, que teve as mesmas
experiências.
A diferença flagrante é que, embora Bannon tenha
passado boa parte de sua vida ganhando dinheiro em Wall Street e Hollywood,
Carvalho passou boa parte de sua vida ganhando dinheiro com aulas de
astrologia. Com grande experiência em escrever livros ocultistas e dar aulas
ocultistas, ele passou seus últimos anos dando aulas não credenciadas de
“filosofia” — onde seus adeptos têm estudado por 2, 3, 7, 10 e mais anos,
sempre pagando a mensalidade, mas sem esperança de um diploma oficial. Eles são
mantidos mistificados por um curso interminável, que é na verdade um culto de
adoração à mente de seu criador.
Enquanto
Bannon estava na Casa Branca, a manchete de um jornal dos EUA disse: “A era
Trump está se transformando em uma era de ouro para intelectuais fascistas
esotéricos.” Essa profecia nunca se cumpriu porque Trump expulsou Bannon da
Casa Branca.
Lema do fascismo italiano: Mussolini sempre tem razão |
Nunca vi Trump com uma camiseta dizendo “Steve Bannon
Tem Razão.” Mas lamentavelmente já vi Bolsonaro com uma camiseta dizendo “Olavo
Tem Razão.” Um adepto de Guénon tem em Bolsonaro uma influência que ele não tem
em Trump.
Em seu artigo intitulado “Steve Bannon Nunca Foi Muito
Esperto,” Bill Scher perguntou: “Como alguém tão politicamente imprudente
poderia ter uma reputação de gênio político? Bannon conseguira criar essa
imagem graças a este truque simples: impressionar os repórteres com o fato de
ler muitos livros.”
Essa é a mesma realidade em relação a Carvalho.
O jornal Daily Beast disse: “Bannon não se identifica
como libertário; ele se auto-identifica como um ‘nacionalista’ de direita e
anti-globalista, e libertários amplamente detestam Bannon. Mas Bannon já se
chamou de ‘leninista,’ em estilo, se não substância ou ideologia.”
Não diferente de Carvalho, no que se refere a Lênin,
que disse: “Lênin já sabia que, na política, quem xinga mais sempre leva vantagem.”
Carvalho usa Lênin para justificar que seus comentários sujos diários e boca
suja são apenas uma “estratégia” de Lênin.
Existem muitas contradições aparentes em Bannon: ele
diz que é católico, mas tem um profundo fascínio pelo misticismo e pela metafísica
oriental. Ele diz que é contra a invasão islâmica, mas admira muito René
Guénon, um ocultista islâmico. Embora já tenha trabalhado no Goldman Sachs — um
poderoso banco capitalista —, ele também se descreveu como um “leninista” que
queria “destruir o Estado.” “Por um lado, ele critica o capitalismo com um
fervor quase marxista; por outro lado, ele é conselheiro de um amigo magnata
capitalista imobiliário,” disse Jake Romm, da Forward.
Não diferente de Carvalho, que tem contradições
semelhantes, mas não no estilo alta classe de Bannon.
Ao mesmo tempo que Bannon elogia Guénon e outros
ocultistas, ele diz que rejeita algumas de suas ideias extremas.
Não diferente de Carvalho, que ao mesmo tempo que
elogia Guénon e outros ocultistas, ele diz que rejeita algumas de suas ideias
extremistas.
Em seu artigo na revista National Review intitulado
“Quem era Steve Bannon?” o autor Kevin D. Williamson disse que Trump disse que
“A contribuição de Steve Bannon para sua ascensão e seu sucesso foi
grosseiramente exagerada. Bannon posava de tantas coisas — magnata da mídia,
agente político astuto e manipulador de olhos frios para o Trump playboy
indisciplinado — mas o que ele realmente é é um amador rico com um talento para
convencer outros amadores ricos de que ele é um visionário de pensamento
profundo. Um desses ricos amadores foi Donald Trump.”
Carvalho tem as mesmas contradições, embora Bannon
tivesse uma formação acadêmica real, enquanto Carvalho é autodidata.
No que se refere a conexões tradicionalistas
ocultistas, Bolsonaro não está longe de Bannon. Ele tem sido propagandista do
astrólogo brasileiro Olavo de Carvalho, que tem como fonte de “tradicionalismo”
e “conservadorismo” Guénon,
que aliás também é fonte de Bannon. Apesar de sua
inspiração e envolvimento guenianos, Bannon e Carvalho igualmente se apresentam
como “católicos tradicionalistas.” Dá para dizer que Carvalho é uma espécie de
Bannon do terceiro mundo sem sofisticação.
Embora o católico Bolsonaro recebeu apoio em massa de evangélicos,
que decidiram sua eleição, ele não tem conseguido se desligar do
tradicionalismo guenoniano de Carvalho, enquanto Trump se desligou
completamente do tradicionalismo guenoniano de Bannon.
Uma comparação entre Bannon e Carvalho é apropriada
não apenas porque eles são espiritualisticamente semelhantes, mas também porque
ambos têm algumas conexões com Bolsonaro. Carvalho tem sido amplamente
recomendado por Bolsonaro. E Bannon
está em contato com Eduardo Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro.
Eduardo Bolsonaro Steve Bannon |
O
encontro entre Bannon e Carvalho pode catapultar Carvalho à fama nacional, nos
EUA, entre grupos tradicionalistas e ocultistas, mas não entre grupos
conservadores cristãos.
Os adeptos de Guénon veem o “evangelicalismo americano
conservador como uma aberração do catolicismo histórico.” Apesar de Bannon
nunca ter expressado abertamente tal desdém pelo conservadorismo americano
conservador, Carvalho expressou uma série de comentários desdenhosos contra os
evangélicos, inclusive seu
comentário mais recente dizendo: “As igrejas
evangélicas fizeram mais mal ao Brasil do que a esquerda inteira.”
O medo de Carvalho é justificado: onde o
evangelicalismo é forte, o guenonianismo é fraco. A
forte influência evangélica sobre Trump foi decisiva para expulsar o
guenonianismo da Casa Branca.
Com Trump, um guenoniano quase conseguiu um enorme
poder político, mas com o Bolsonaro, um guenoniano está conseguindo isso. A
última vez que um tradicionalista (outro termo para um guenoniano) chegou tão
perto do poder político, diz o autor Mark Sedgwick, “foi Evola com Mussolini.”
O melhor tratamento para os guenonianos veio
exatamente através da carta de Trump para Bannon. Vamos examiná-la.
Trump disse: “Steve Bannon não tem nada a ver comigo
ou com minha presidência. Quando foi demitido, ele não só perdeu o emprego, ele
perdeu também a cabeça. Steve era um funcionário que trabalhava para mim depois
de eu já ter ganhado a indicação ao derrotar dezessete candidatos…”
Os guenonianos adoram se exaltar, mas Trump colocou
Bannon em seu devido lugar: ele tinha sido apenas um funcionário. E para
aqueles, especialmente os adeptos de Carvalho, que adoram dizer que a vitória
de Trump foi graças a Bannon, as palavras de Trump são claras: “Steve Bannon
não tem nada a ver comigo ou com minha presidência.” E Trump percebeu o óbvio
sobre Bannon: “ele perdeu também a cabeça.”
Tenho pena de qualquer presidente, especialmente de
Bolsonaro, que se comporta ao contrário de Trump propagandeando guenonianos
insinuando que eles têm tudo com ele e sua presidência. Guenonianos têm cabeças
perdidas.
Trump disse sobre Bannon: “Agora que ele está sozinho,
Steve está aprendendo que ganhar não é tão fácil quanto eu faço parecer. Steve
teve muito pouco a ver com nossa vitória histórica… Steve não representa minha
base, ele só está nisso para se autopromover.”
Trump tem razão. Agora que Bannon está sozinho, ele
não está conseguindo nenhum progresso ou vitória política para si mesmo. Talvez
ele esteja esperando que ligando-se a Carvalho ele possa fazer exatamente como
Carvalho fez: surfar em Carvalho assim como Carvalho vem surfando na enorme
onda evangélica conservadora no Brasil. Trump viu um guenoniano como um
oportunista — um surfista que tira vantagem da influência dos outros.
Bolsonaro, como um católico sincrético, tem tido muita dificuldade em discernir
o seu próprio guenoniano, parecendo adorar deixar um oportunista surfar em sua
fama.
Trump disse: “Steve finge estar em guerra com a mídia,
que ele chama de partido de oposição, mas ele passava seu tempo na Casa Branca
vazando informações falsas para a mídia para se fazer parecer mais importante
do que ele era. Essa é a única coisa que ele faz bem. Steve raramente estava em
uma reunião frente a frente comigo e só finge ter tido influência para enganar
algumas pessoas sem acesso e que não entendem, pessoas a quem ele ajudou a
escrever livros fajutos.”
Aqui, muito claramente, Trump descreve o guenoniano
Bannon como um homem que finge estar em guerra com a mídia — assim como
Carvalho faz ao atacar a mídia esquerdista, mas o tempo todo sendo entrevistado
e promovido por ela. Eu poderia dizer que Carvalho segue o método de Bannon,
mas isso não é verdade. Ambos seguem o método de Guenon de caos, contradições e
subversão.
Trump disse que Bannon “passava seu tempo na Casa
Branca vazando informações falsas para a mídia para se fazer parecer mais
importante do que ele era. Essa é a única coisa que ele faz bem.” Enquanto os adeptos
de Carvalho retratam Bannon como uma celebridade importante no movimento de
direita, Trump retratou Bannon como produtor de notícias falsas para se
exaltar. Os guenonianos fazem qualquer coisa para parecerem mais importantes do
que são.
Trump disse que Bannon “só finge ter tido influência
para enganar algumas pessoas sem acesso e que não entendem.” Ele descreveu
perfeitamente os guenonianos.
Então, enquanto os adeptos de Carvalho no Brasil estão
elogiando-o como se o seu encontro com Bannon fosse um grande evento conservador
porque eles foram enganados e levados a acreditar que Trump se tornou
presidente graças a Bannon, Trump mostrou exatamente quem é Bannon.
Trump tem tido muitas palavras amáveis para os
evangélicos, reconhecido por ele como representando sua base real que lhe deu a
vitória. E Trump deixou bem claro: “Steve não representa minha base.”
O que eu vejo? Bannon, em suas ideias e caráter
guenonianos, é muito parecido com Carvalho.
Sobre as fotos em que Carvalho posa arrogantemente com
Bannon, apenas um oportunista traiçoeiro poderia ter um prazer arrogante de
estar com outro oportunista traiçoeiro, especialmente porque Bannon não foi
apenas demitido da Casa Branca, mas ele foi descrito, pelo próprio presidente
dos EUA, como um oportunista traiçoeiro. Eu teria um grande prazer em posar em
uma foto com Trump, mas não com Bannon.
Eu gostaria que Bolsonaro fosse parecido com Trump —
sem as pressões neocons sobre ele — para identificar e expulsar guenonianos.
Contudo, Bolsonaro do Brasil é muito diferente de Trump
porque enquanto Bolsonaro é hipnotizado por um guenoniano, Trump não é. Talvez
Trump pudesse convidar Bolsonaro e dar-lhe alguns conselhos sobre como
identificar um oportunista guenoniano — uma redundância, é claro, mas não
desnecessária, considerando como os guenonianos são capazes de enganar tantos
católicos no Brasil, inclusive Bolsonaro e seus filhos.
Versão
em inglês deste artigo: Steve Bannon and Olavo de Carvalho Together: Two
Occultists Promoting an Occult “Conservatism”
Leitura
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Como
a poderosa união de Trump com evangélicos salvou os EUA de Steve Bannon e seu
plano ocultista de um governo “tradicionalista”
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