Política externa brasileira: do marxismo ao ocultismo
Como entender o novo ministro das Relações Exteriores do Brasil Ernesto Araújo, sua fé guenoniana e sua má interpretação sobre as influências espirituais em Trump
Julio Severo
“Para tentar entender Trump, convém ler o mestre
tradicionalista René Guénon, importante influência de Steve Bannon, ex‑estrategista‑chefe
da Casa Branca e ainda central no movimento que levou Trump à presidência.” — Ernesto Araújo, novo ministro das Relações
Exteriores do Brasil.
Depois
de anos de socialismo na política externa brasileira, finalmente um diplomata
brasileiro veio para atender às expectativas dos direitistas de reformá-la. Ele
é Ernesto Henrique Fraga Araújo, de 51 anos, que, segundo a revista Bloomberg,
é um “forte diplomata anticomunista e pró-cristão.”
Olavo de Carvalho e Ernesto Araújo |
Entretanto,
uma olhada mais atenta revela que a nomeação dele não foi resposta às orações,
e ele não está ligado à onda conservadora evangélica. O fato é que ele está
ligado a um movimento ocultista que, usando um discurso tradicionalista e
anticomunista, vem penetrando e parasitando a Igreja Católica.
Se
não foi a enorme onda evangélica conservadora que levou Araújo ao Ministério
das Relações Exteriores, quem o fez?
A
pergunta importante agora é quais são as influências espirituais no homem que
influenciará e mudará a política externa brasileira.
Uma
manchete de 14 de novembro de 2018 no jornal Folha de S. Paulo diz: “Novo chanceler Ernesto Araújo foi indicado por
Olavo de Carvalho.”
Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon |
Há
três meses, Eduardo Bolsonaro se encontrou com Steve Bannon em Nova Iorque, dizendo em sua conta no Twitter que
Bannon é “um entusiasta da campanha de Bolsonaro e estamos certamente em
contato para unir força,” acrescentando que "temos a mesma cosmovisão.”
Bannon é um adepto do ocultista islâmico René Guénon. Carvalho é, há décadas no Brasil, promotor de
Guénon. Não surpreendentemente, Araújo, escrevendo em uma revista diplomática,
“louvou” Trump louvando o que ele chama de “mestre” René Guénon. Em seu artigo
intitulado “Trump e o Ocidente,” publicado na revista Cadernos de Política
Exterior do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, Araújo disse:
Para tentar entender Trump… convém ler… o mestre
tradicionalista René Guénon (importante influência de Steve Bannon, ex‑estrategista‑chefe
da Casa Branca e ainda central no movimento que levou Trump à presidência). Guénon,
escrevendo nos anos 1920, acredita que o Ocidente moderno havia‑se distanciado
completamente da “tradição” (o núcleo espiritual de todas as civilizações e que
se manifesta diferentemente, mas de forma coerente em cada uma delas), tornando‑se
um poço de materialismo e ignorância, cujo único princípio é a negação de
qualquer espiritualidade.
Francês convertido ao islamismo e vivendo no Egito,
Guénon acreditava, entretanto, que somente o cristianismo, e especificamente o
catolicismo, poderia talvez recuperar um mínimo de espiritualidade no Ocidente
e salvá‑lo da completa aniquilação numa profunda idade das trevas, pois somente
a Igreja Católica, segundo ele, preservava – embora latentes e incompreendidos
por ela própria – os elementos da grande tradição. Diz Guénon:
É impossível não ouvir ecos guenonianos em Trump.
Eu
só conheço Guénon por causa da propaganda que Carvalho vem fazendo por ele há
anos no Brasil. Sem essa propaganda, Araújo e eu nunca teríamos ouvido falar do
desconhecido ocultista islâmico. Mesmo assim, não ouvi nenhum “eco guenoniano”
em Trump. Como Araújo conseguiu ouvi-los?
Se
os católicos da Teologia da Libertação conseguem ouvir ecos marxistas até mesmo
em Jesus Cristo e em Seu Evangelho, efetivamente sequestrando Sua mensagem,
como outros oportunistas não poderiam fazer o mesmo com Jesus Cristo, Trump e
outros? É impossível não ver o mesmo oportunismo nos guenonianos.
A
primeira pergunta é: o que um diplomata está fazendo introduzindo um ocultista
islâmico em uma revista diplomática publicada pelo Itamaraty, o Ministério das
Relações Exteriores do Brasil?
Outras
questões também aparecem. Araújo disse que Guénon é “uma importante influência
de Steve Bannon, ex‑estrategista‑chefe da Casa Branca e ainda central no movimento que
levou Trump à presidência.”
Ele
está certo em dizer que Guénon é uma grande influência em Bannon — como ele é
uma grande influência em Araújo e seu mestre Carvalho. Mas ele está obviamente
mal informado quando diz que Bannon é central no movimento que levou Trump à
presidência dos EUA. Aliás, Bannon foi demitido exatamente porque ele tentou
fazer parecer que ele foi central para a vitória de Trump! Em sua mensagem pública sobre Bannon, Trump disse:
Steve
Bannon não tem nada a ver comigo ou com minha presidência. Quando foi demitido,
ele não só perdeu o emprego, ele perdeu também a cabeça. Steve era um
funcionário que trabalhava para mim depois de eu já ter ganhado a indicação ao
derrotar dezessete candidatos…
Agora
que ele está sozinho, Steve está aprendendo que ganhar não é tão fácil quanto
eu faço parecer. Steve teve muito pouco a ver com nossa vitória histórica…
Steve não representa minha base, ele só está nisso para se autopromover.
Steve
finge estar em guerra com a mídia, que ele chama de partido de oposição, mas
ele passava seu tempo na Casa Branca vazando informações falsas para a mídia
para se fazer parecer mais importante do que ele era. Essa é a única coisa que
ele faz bem. Steve raramente estava em uma reunião frente a frente comigo e só
finge ter tido influência para enganar algumas pessoas sem acesso e que não
entendem, pessoas a quem ele ajudou a escrever livros fajutos.
Ao
contrário da conclusão imaginária de Araújo, Trump deixou bem claro que Bannon
não foi central para sua vitória. Houve um movimento enorme que levou Trump à
presidência dos EUA, mas não era ocultista. Era evangélico. Os evangélicos foram a base principal de Trump. Os evangélicos, não Bannon ou Guénon, foram centrais
para a vitória de Trump. Araújo deixou de fora essa informação importante. E, a
propósito, os evangélicos também foram centrais para a vitória de
Bolsonaro no Brasil, mas os adeptos de Guénon — desde Carvalho até Araújo
— negam essa realidade e, assim como Bannon, eles se retratam como centrais
para a vitória de Bolsonaro.
Araújo
vê Guénon guiando Trump e suas ideias, embora Trump seja um evangélico e nunca
tenha louvado Guénon. Como não ver Guénon guiando Araújo e suas ideias, quando
ele claramente exalta Guénon como um “mestre” e fala sobre o tradicionalismo
como fazem os seguidores de Guénon?
A
bibliografia de “Trump e o Ocidente” tem Guénon e Júlio Evola como a base
principal da defesa que Araújo faz do “tradicionalismo” e do Ocidente. Ele
menciona ostensivamente “A Crise do Mundo Moderno” (“The Crisis of the Modern
World,” Nova Iorque: Sophia Perennis, 2001), de René Guénon, e “Metafísica da
Guerra” (“Metaphysics of War,” Londres: Arktos, 2001), de Júlio Evola.
Joshua
Green, autor do livro “Barganha do Diabo: Steve Bannon, Donald Trump e a
Invasão da Presidência” (“Devil’s Bargain: Steve Bannon, Donald Trump, and the
Storming of the Presidency,” Penguin Publishing Group, 2017), disse que “O
sentido antimodernista da filosofia de Guénon atraiu vários seguidores
notáveis” e “O mais notório deles foi Júlio Evola,” que “aliara-se a Benito
Mussolini, e suas ideias se tornaram a base da teoria racial fascista; mais
tarde… as ideias de Evola ganharam força na Alemanha nazista.”
De
acordo com Green:
“Os temas comuns do colapso da civilização ocidental e
a perda do espírito transcendente em livros como ‘A crise do Mundo Moderno’ de
Guénon (1927) e ‘A Revolta contra o Mundo Moderno’ (1934) de Evola atraíram o
interesse de Bannon para o tradicionalismo (embora ele também foi muito atraído
pelos seus aspectos espirituais, citando o livro de Guénon de 1925, ‘O Homem e
Sua Transformação Conforme a Vedanta’, como ‘uma descoberta que mudou minha
vida.’) Bannon… trouxe ao tradicionalismo de Guénon uma forte dose de
pensamento social católico.”
Se
Araújo queria falar sobre Trump e espiritualidade, ele foi irresponsável ao
mencionar o que não tem nada a ver com Trump — Guénon e suas ideias ocultistas
malucas — e ao não mencionar o que tem tudo a ver com Trump — o
evangelicalismo.
Há
excelentes livros sobre o conservadorismo de Trump (o qual Araújo trata como
“tradicionalismo”), inclusive “Deus e Donald Trump” (God and Donald Trump), de
Stephen Strang, e “A Fé de Donald J. Trump: Uma Biografia Espiritual” (The
Faith of Donald J. Trump: A Spiritual Biography), de David Brody. Ambos os livros
mostram as conexões evangélicas de Trump e que o alegado “tradicionalismo” de
Trump é essencialmente evangélico — um fato negligenciado por Araújo, que
escolheu usar dois ocultistas fascistas como suas principais fontes
bibliográficas.
Seguindo
Guénon, Araújo acredita que “somente o cristianismo, e especificamente o
catolicismo, poderia talvez recuperar um mínimo de espiritualidade no Ocidente
e salvá‑lo
da completa aniquilação.” Araújo aprendeu isso de Guénon através de Carvalho,
que sempre menciona isso.
Os
ocultistas louvam a Igreja Católica como “salvadora” porque sabem que podem
parasitá-la e usá-la. Os adeptos de Guénon parasitam indivíduos e instituições.
Trump não é adepto de Guénon, mas os adeptos de Guénon o estão usando como
símbolo do tradicionalismo guenoniano. A Igreja Católica não é guenoniana, mas
seus adeptos a usam para encobrir suas operações.
Parece
tática de esquerda. Aliás, em seu artigo intitulado “Sequestrar e Perverter” em
seu blog pessoal Metapolítica, Araújo disse:
“A tática da esquerda consiste essencialmente no
seguinte: sequestrar causas legítimas e conceitos nobres e pervertê-los para
servir ao seu projeto político de dominação total.”
Guenonianos
sequestram tudo e todos para sua revolução ocultista. Nos EUA, eles sob Bannon
tentaram sequestrar Trump. “Barganha do Diabo” disse: “No verão de 2016, Bannon
descreveu Trump como um ‘instrumento bruto para nós.’”
Mas
Trump acabou acordando para a realidade. Bannon, que tem por Guénon a mesma
simpatia que Ernesto tem, foi expulso da Casa Branca com toda a sua bagagem de
tradicionalismo ocultista.
No
Brasil, os guenonianos tentam sequestrar a onda conservadora, predominantemente
evangélica, dizendo que seu criador é o guenoniano Olavo de Carvalho.
Araújo
disse: “Ocidente de Trump é o patrimônio simbólico mais profundo das nações que
o compõem. Nesse quadro, Deus mesmo não deixa de ser um símbolo, o supersímbolo.”
Ele mencionou símbolos várias vezes em seu artigo. Ele está apenas seguindo seu
antigo professor, Carvalho, que escreveu vários livros ocultistas, inclusive:
*
Questões de Simbolismo Astrológico. São Paulo: Speculum. (1983)
*
Astros e Símbolos. São Paulo: Nova Stella. (1985)
Araújo
disse: “Quem não tem símbolos não pensa e não sente.” Sua imersão no curso de
Carvalho deu-lhe uma fixação pelos símbolos.
Em
sua mentalidade de símbolos ocultistas, Araújo disse: “Somente Trump pode ainda
salvar o Ocidente.”
Mas
não é qualquer Trump. Ele quer dizer o Trump que Bannon, Carvalho e ele
escolheram como “símbolo” da revolução guenoniana. Claro, Trump não tem nada a
ver com Guénon, Carvalho, Araújo e a paixão deles por Guénon. Contudo, eles o sequestraram
para ser usado como um símbolo guenoniano.
Araújo
criou um Trump de acordo com a imagem e semelhança de Guénon e agora ele usa
esse Trump imaginário como um modelo tradicionalista, quando o modelo real, em
sua mente e vida, é Guénon e Carvalho. Aliás, Araújo é autor de três romances
de ficção. Ao usar sua experiência com ficção e ocultismo, o que ele vai fazer
com a diplomacia brasileira?
Na
verdade, o que ele vê não é um Trump moldado pelo próprio Trump. Ele vê um
Trump que foi profundamente moldado por Bannon, um Trump que sem Bannon não
seria o que ele é hoje. Ele vê Bannon e Guénon em Trump. Como Trump reagiria a
isso?
Ele
projeta todo o seu idealismo guenoniano em Trump. Ele não tem escolha. Não há
um bom exemplo de influências guenonianas sobre um presidente, e a mais
poderosa influência guenoniana no passado foi Júlio Evola sobre Benito
Mussolini. Mas isso é fascismo com o ocultismo. Mesmo que direitistas tivessem
vergonha de se associar a algo fascista, Araújo não se envergonhou de
apresentar o conceito de tradicionalismo baseado no próprio Evola.
Araújo
não achou útil usar diretamente Mussolini como exemplo de líder nacional
influenciado por um conselheiro guenoniano, mas usou Trump, que acabou
expulsando seu próprio conselheiro guenoniano. Assim, o único bom exemplo
envolvendo Trump e o tradicionalismo guenoniano é que Trump expulsou seu
conselheiro guenoniano. Esse é um bom exemplo que Jair Bolsonaro no Brasil
deveria imitar.
Mas
Araújo vê Trump como eternamente dependente da influência guenoniana de Bannon.
Seu “Trump e o Ocidente” usa Trump como um instrumento bruto a serviço da
ideologia guenoniana.
Araújo
poderia ter usado o próprio Carvalho como um exemplo do suposto “sucesso” do
tradicionalismo e antimarxismo guenoniano, especialmente porque Carvalho foi
uma grande influência em seu pensamento. Mas o histórico perturbado e
complicado de Carvalho não o tornaria um bom exemplo.
Mesmo
assim, é muito preocupante que ele tenha usado como base bibliográfica Evola,
cujas ideias tradicionalistas influenciaram Mussolini e a Alemanha nazista.
Assim
como os socialistas usam um discurso de assistência aos pobres para promover
sua agenda ocultista, os guenonianos usam um discurso tradicionalista e
antimarxista para promover sua agenda ocultista.
Araújo
defende um catolicismo parasitado por ocultistas como a força predominante na
política ocidental.
Há
uma diferença entre Steve Bannon e Olavo de Carvalho. Enquanto Bannon passou
anos lendo Guénon e outros ocultistas, Carvalho fez muito mais: passou anos
lendo e praticando Guénon. Por anos ele deu aulas de astrologia no Brasil. Ele
adquiriu proeminência nacional no Brasil por ter fundado a primeira organização
da astrologia e a Escola Júpiter, a primeira escola de astrólogos do Brasil no
final da década de 1970.
Na
sua posição de astrólogo chefe, ele foi entrevistado pela revista Veja, em 9 de
abril de 1980, e pela TV Manchete, no início da década de 1980, para abordar
questões de astrologia. Ambas as entrevistas o catapultaram para a fama
nacional no Brasil.
Em
1981 ele traduziu para o português “A Metafísica Oriental,” de René Guénon,
publicado pela sua Escola Júpiter. Carvalho herdou seu “antimarxismo” de
Guénon, que era antimarxista.
Em
1989, ele fundou a Sociedade Brasileira de Astrocaracterologia para promover ideias
astrológicas.
Araújo
disse: “Os americanos são o último povo tradicionalista no Ocidente.” Essa é
obviamente uma contradição em seu sequestro, porque se o pensamento guenoniano
é que a Igreja Católica é a única salvadora do Ocidente, então uma conclusão
honesta seria que o Brasil, a maior nação católica do mundo, seria a última
nação tradicionalista no Ocidente.
Se
os “americanos são o último povo tradicionalista no Ocidente,” então uma mente
inteligente questionaria: qual é a tradição mais importante deles? Durante o
nascimento da República deles, os americanos não eram guenonianos. Eles eram
98% protestantes. Eles eram esmagadoramente e apaixonadamente protestantes.
Mas
protestante e evangélico são palavras não valorizadas no artigo de Araújo que
supostamente elogia as tradições americanas. Ele simplesmente sequestrou Trump,
os Estados Unidos e suas tradições protestantes para ser uma plataforma para as
ideias guenonianas, embora a tradição evangélica dos EUA nunca tenha valorizado
Guénon. Quando fala sobre os EUA e Trump, Araújo menciona muitas vezes mais o
Guénon espirita do que o protestantismo bíblico. Como ele poderia estar em
contato com a realidade espiritual americana?
Portanto,
o Brasil agora tem um proselitista de Guénon ou Carvalho atuando como ministro
das Relações Exteriores. Nessa posição, ele ensinará ao mundo, ainda que não
diretamente, que a resposta espiritual não é o verdadeiro Evangelho e Jesus
Cristo, mas uma Igreja Católica parasitada por seguidores de Guénon.
Os
discursos de Araújo podem enganar cristãos ingênuos. O GospelPrime, o maior site
evangélico do Brasil, disse: “Em vários textos assinados pelo novo chanceler em
seu site pessoal, o Metapolítica, ele mostra ser um cristão praticante.”
Religiosamente,
isso é uma contradição, porque em seu artigo “Em
1717, três pescadores” em Metapolítica Araujo louva “Aparecida,” o mais
proeminente ídolo adorado pelos católicos no Brasil. Os evangélicos brasileiros
geralmente veem os adoradores desse ídolo como “idólatras praticantes.” Mas,
estranhamente, o GospelPrime o identifica como um “cristão praticante.” Se isso
é verdade, por que muitos evangélicos brasileiros originalmente deixaram a
Igreja Católica, Aparecida e outros ídolos? Eles pararam de ser “cristãos
praticantes” quando deixaram seus ídolos do passado?
Talvez
o GospelPrime tenha pensado que, pelo fato de que Araújo é um “anticomunista
convicto,” isso o torna um “cristão praticante.” Então, pelo fato de que Guénon
e seus seguidores ocultistas e esotéricos são “anticomunistas convictos,” todos
eles são “cristãos praticantes”?
A
definição de ser um “cristão praticante” mudou de um indivíduo que vive uma fé
bíblica em Jesus para um indivíduo que vive uma vida “anticomunista convicta”?
Isso mudaria radicalmente o Cristianismo de uma fé bíblica para uma fé
ideológica espiritualista. Por causa do guenonianismo, até mesmo os evangélicos
brasileiros parecem estar sofrendo uma mudança em suas atitudes.
Essa
não é a primeira vez que o GospelPrime cede diante de adeptos de Guénon. O GospelPrime vem promovendo Bernardo Kuster, que produziu vídeos “anticomunistas convictos.” Ele
era evangélico e trabalhava em uma igreja evangélica, mas depois que ele
começou a estudar “filosofia” sob Carvalho, ele se tornou católico guenoniano,
e agora, estranhamente, o GospelPrime tem mais artigos sobre ele do que sobre o
próprio Lutero!
Assim,
o caso de Araújo é semelhante a muitos outros casos de católicos que caíram sob
o feitiço do tradicionalismo guenoniano e se tornaram proselitistas entusiastas
dessa fé política esotérica.
Na
revista diplomática, Araújo apela ao catolicismo, dizendo sobre a definição do
Brasil:
“Vivemos na Ilha da Vera Cruz, na terra da Santa Cruz,
mas não nos interessamos em saber o que esse nome original significa, em
conhecer o destino a que esse nome convoca… Por que o destino nos deu
primeiramente esse nome, ilha da cruz verdadeira, terra da cruz sagrada? Por
que tão cedo o ocultou e o trocou pelo nome de uma árvore?… árvore da vida da
cabala hebraica, que na cabala cristã se transforma também na cruz de Cristo.”
Ele
apela ao mesmo tempo para o catolicismo e a cabala judaica, que significa “tradição,”
mas que é definida pela Enciclopédia Popular da Apologética como “uma forma altamente
desenvolvida do misticismo judaico… no nível do praticante supersticioso que se
mete com ocultismo, a cabala recebe a mais forte condenação da própria Torá que
pretende honrar: ‘Não pratique adivinhação ou feitiçaria’ (Levítico 19:26).”
Assim,
na mente de Araújo, a essência católica do Brasil é semelhante à cabala, que
não é aceita pela Bíblia e pela Igreja Cristã, mas é aceita pelos adeptos de
Guénon.
O
marxismo dominou politicamente o Brasil, a maior nação católica do mundo,
porque a Igreja Católica já estava dominada pela Teologia da Libertação. Agora,
uma minoria de católicos guenonianos, que sequestraram a enorme onda evangélica
conservadora, quer que o governo brasileiro seja dominado pelo ocultismo de
direita.
Araújo
disse que “o Ocidente não está baseado em valores, não está baseado em
tolerância nem em democracia, está baseado em Platão e Aristóteles.”
Então
ele pensa que o Ocidente, especialmente os Estados Unidos, não é baseado em
valores judaico-cristãos, mas em Platão e Aristóteles. Coincidência ou não,
Carvalho, que era professor de Araújo, disse que, com a Bíblia, Platão e
Aristóteles eram a literatura mais fundamental no início da República americana,
embora o historiador americano Bill Federer tenha dito que os três livros mais
fundamentais do início dos EUA eram a Bíblia, O Peregrino e o Livro dos
Mártires de Fox (que expõe a Inquisição, defendida por Carvalho). Segundo a
escritora conservadora Nancy Pearcey, os seguidores de Guénon têm uma fixação
em Platão.
Conclusão:
O artigo de Araújo “Trump e o Ocidente” é espiritual, mais especificamente
espiritualista. É um artigo altamente religioso para uma revista diplomática.
Trump é apenas um expediente para Araújo abordar confortavelmente Guénon e seu
tradicionalismo e antimarxismo ocultista. Um artigo que realmente abordasse
Trump e espiritualidade teria mencionado o evangelicalismo tantas vezes quantas
Araújo mencionou Guénon e o tradicionalismo. Sem saber, Trump foi usado por um
guenoniano.
Essa
não é a primeira vez que Trump é usado por católicos guenonianos. No ano
passado, um deles escreveu que, assim como Trump é difamado e atacado por suas posturas
conservadoras, assim também a Inquisição e seu suposto papel bom em favor da
justiça são difamados e atacados. Eles rejeitam totalmente as versões históricas que
retratam a Inquisição como uma máquina de tortura e morte contra judeus e
protestantes. E Carvalho é o rejeitador brasileiro mais proeminente.
É
impossível entender Trump sem reconhecer a enorme influência evangélica em sua
vitória. Da mesma forma, é impossível entender Araújo sem reconhecer a
influência enorme de Carvalho e Guénon em sua vida.
Como um católico guenoniano (o sincretismo católico é
muito comum no Brasil), Ernesto Araújo pode aceitar Guénon e seu
tradicionalismo ocultista e rejeitar o marxismo. Como de costume entre os
guenonianos, ele não reconhece o papel maciço da onda evangélica conservadora
que colocou Trump na presidência dos EUA e Bolsonaro na presidência brasileira.
Ao contrário de Araújo, que disse que para entender Trump
você deveria ler seu mestre tradicionalista René Guénon, eu recomendaria que
para entender Trump você deveria ler os livros dos líderes evangélicos que
aconselham Trump.
O grande problema nos EUA são os neoconservadores e
outros fomentadores de guerra sequestrando causas conservadoras e atraindo
cristãos conservadores para apoiar guerras. O grande problema no Brasil são
guenonianos e outros ocultistas e católicos sincréticos sequestrando causas
conservadoras e atraindo cristãos conservadores para apoiar seu falso
conservadorismo. Neoconservadores, guenonianos e outros ocultistas são tão
perigosos quanto os marxistas.
Como um
conservador evangélico, rejeito o neoconservadorismo e a utopia e sofisma
tradicionalista guenoniana. E como membro da mesma onda conservadora evangélica
que colocou Trump na presidência dos EUA e Bolsonaro na presidência brasileira,
reconheço o papel maciço dessa onda e rejeito tanto o marxismo quanto o
ocultismo. Para mim, ambos são lados diferentes da mesma moeda.
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4 comentários :
Eu não sei, mas vou dizer logo, posso tá errado, Bolsonaro não é perfeito e pode fazer escolhas estranhas, mas eu sei que Deus quer abencoar nosso país, então digo, Deus pode usar o que ele quer pra nós abençoar, quando Deus manda até o diabo obedece, um abraço, e a paz de Deus.
Então parece que realmente teremos (se Deus não intervir) um governo olavete
Precisamos continuar orando pelo Brasil. O inimigo se veste de anjo de luz e tem enganado a muitos evangélicos. Não adianta fazer alianças profanas para derrubar inimigos comuns. Mais do que nunca o povo de Deus precisa aprender a reconhecer o mal em todas as suas formas.
Julio, assista aos 7 últimos minutos da entrevista de 2 horas que o Olavo deu à Folha de São Paulo (o vídeo se encontra no canal dele). Olavo contradisse toda a negação da astrologia que vinha fazendo em anos recentes e não apenas já a trata feito ciência, como também chegou ao cúmulo de indicar uma astróloga ao seu público.
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