Aborto, Inquisição e revisionismo na Enciclopédia Britânica
Um século de contrastes.
Enquanto o marxismo cultural é predominante na moderna Enciclopédia Britânica,
o conservadorismo era predominante na Enciclopédia Britânica de 1911
Julio Severo
A
Enciclopédia Britânica tem sido uma fonte de informação favorita no movimento
de educação escolar em casa (homeschooling) nos Estados Unidos. Aliás, por mais
de um século, as longas fileiras imponentes de volumes da Enciclopédia
Britânica têm sido uma presença importante nas prateleiras de muitos homens e
mulheres instruídos.
Entretanto, o
movimento de educação escolar em casa e cristãos conservadores nos Estados
Unidos não usam qualquer Enciclopédia Britânica. Eles usam sua melhor edição: a
11ª edição, publicada em 1911. É altamente apreciada pelo seu valor conservador.
Edições
modernas da Enciclopédia Britânica não são conservadoras. Por exemplo, a Enciclopédia
Britânica de 2015 diz, em seu verbete “Aborto”:
Abortos induzidos podem ser realizados por razões que
se enquadram em quatro categorias gerais: para preservar a vida ou o bem-estar
físico ou mental da mãe; para impedir a conclusão de uma gravidez resultante de
estupro ou incesto; para impedir o nascimento de uma criança com deformidade
grave, deficiência mental ou anormalidade genética; ou para evitar um parto por
razões sociais ou econômicas (como a extrema juventude da mulher grávida ou os
recursos dolorosamente escassos da unidade familiar). Por algumas definições,
abortos realizados para preservar o bem-estar da mulher ou em casos de estupro
ou incesto são abortos terapêuticos ou justificáveis.
Existem numerosas técnicas médicas para realizar
abortos. Durante o primeiro trimestre (até cerca de 12 semanas após a
concepção), a aspiração, a sucção ou a curetagem do endométrio pode ser usada
para remover o conteúdo do útero. Na aspiração endometrial, um tubo fino e
flexível é introduzido no canal cervical (o colo do útero) e depois suga o
revestimento do útero (o endométrio) por meio de uma bomba elétrica.
No procedimento relacionado, porém ligeiramente mais difícil,
conhecido como dilatação e evacuação (também chamado de curetagem por aspiração
ou curetagem a vácuo), o canal cervical é alargado por meio da inserção de uma
série de dilatadores de metal enquanto a paciente está sob anestesia. Em
seguida, um tubo rígido de sucção é inserido no útero para evacuar o seu
conteúdo. Quando, no lugar da sucção, uma ferramenta metálica fina chamada
cureta é usada para raspar (em vez de aspirar) o conteúdo do útero, o
procedimento é chamado de dilatação e curetagem. Quando combinado com a
dilatação, tanto a evacuação quanto a curetagem podem ser usadas até a 16ª
semana de gestação.
Entre 12 e 19 semanas, a injeção de uma solução salina
pode ser usada para desencadear contrações uterinas; alternativamente, a
administração de injeções e supositórios de prostaglandinas ou outro método
pode ser usada para induzir contrações, mas essas substâncias podem causar
efeitos colaterais graves. A histerectomia, a remoção cirúrgica do conteúdo
uterino, pode ser usada durante o segundo trimestre ou depois. Em geral, quanto
mais avançada a gravidez, maior o risco para a mulher de mortalidade ou
complicações graves após um aborto.
No final do século 20 foi descoberto um novo método de
aborto induzido que usa a droga RU 486 (mifepristona), um esteroide artificial
que está intimamente relacionado ao hormônio anticoncepcional norethnidrone. A
RU 486 funciona bloqueando a ação do hormônio progesterona, que é necessário
para sustentar o desenvolvimento de um óvulo fertilizado. Quando ingerido
dentro de semanas da concepção, a RU 486 efetivamente ativa o ciclo menstrual e
expulsa o óvulo fertilizado do útero.
Em essência,
a Enciclopédia Britânica de 2015 é pró-aborto. Essa é a razão pela qual, em
questões éticas e morais, o movimento de educação escolar em casa a evita.
Em contraste,
a Enciclopédia Britânica de 1911, amada por educadores e alunos de
homeschooling, diz em seu verbete "Aborto":
Entre as raças selvagens primitivas, o aborto é
praticado em muito menor extensão do que o infanticídio, que oferece uma
maneira mais simples de se livrar de filhos inconveniente. Mas é comum entre os
índios americanos, assim como na China, no Camboja e na Índia.
Em todos os países da Europa, provocar aborto é agora
punível com penas de prisão mais ou menos longas.
É agora legalmente crime em todos os estados dos
Estados Unidos.
Em essência,
a Enciclopédia Britânica de 1911 não é pró-aborto. Essa é a razão pela qual, em
questões éticas e morais, o movimento de educação escolar em casa a adora.
Objetividade,
razão e ética na Enciclopédia Britânica de 1911 foram derrotadas pelas edições
modernas e politicamente corretas da Enciclopédia Britânica. O revisionismo
pró-aborto prevaleceu.
Em um artigo
intitulado “Wikipedia Ou Enciclopédia Britânica: Qual Tem Mais Tendenciosidade?”
publicado pela revista Forbes, o autor Michael Blanding reconhece que tópicos
da moderna Enciclopédia Britânica “podem ser bastante subjetivos ou até mesmo
controversos.”
“Se você ler
100 palavras de um artigo da Wikipédia e 100 palavras de um [artigo] da Enciclopédia
Britânica, você não encontrará diferença significativa na tendenciosidade,” diz
o artigo. Ou seja, na ideologia de esquerda a Enciclopédia Britânica e Wikipédia
são essencialmente iguais.
No artigo
intitulado “Corrupção de uma Venerável Marca,” publicado pela revista National
Review, o autor Matthew J. Franck diz que “a Enciclopédia Britânica se rebaixa”
e que “A este ritmo, os editores da Enciclopédia Britânica parecem determinados
a fazer com que a Wikipédia pareça boa. É uma triste ‘declension’ [decadência].”
Declension, de acordo com o Dicionário Oxford de Inglês, é um termo inglês arcaico
que significa “uma condição de declínio ou deterioração moral.”
Tratar o
aborto como um sério problema legal digno de ser proibido e criminalizado
(conforme apresentado pela Enciclopédia Britânica de 1911) para uma questão
médica legalmente permitida por praticamente qualquer motivo (como apresentado
pela Enciclopédia Britânica de 2015) é pura ‘declension’ ou decadência.
Mas a
deterioração moral na Enciclopédia Britânica não é evidente apenas no aborto. A
Inquisição é outro exemplo.
A
Enciclopédia Britânica de 2015 diz, em seu verbete “Inquisição”:
Todas as inquisições institucionais funcionavam em
sigilo, exceto por aparições públicas rigorosamente regulamentadas. Seu sigilo
permitiu que aqueles que se opunham a elas especulassem e frequentemente inventassem
ficções dramáticas de suas atividades secretas, produzindo muitos dos mitos
sobre inquisições que são encontrados na literatura europeia do século XVI até
o presente.
Enquanto as
edições passadas da Enciclopédia Britânica abordavam “A Inquisição,” a Enciclopédia
Britânica de 2015 fala sobre “inquisições,” como de costume na perspectiva
revisionista. Aliás, um dos principais autores do artigo sobre “inquisições” na
Enciclopédia Britânica de 2015 é o notório escritor revisionista Edward Peters.
Se a moderna Enciclopédia Britânica pode ser revisionista sobre o aborto, por
que não também sobre a Inquisição?
O
revisionismo é um conceito essencialmente socialista. O Dicionário Oxford de
Inglês, em seu verbete “Revisionismo,” diz:
“s. [substantivo] frequentemente DEPRECIATIVO é uma
política de revisão ou modificação, especialmente do marxismo sobre princípios
evolucionistas socialistas (ao invés de revolucionários) ou pluralistas. A teoria
ou prática de revisar.”
Antes da
tendência revisionista politicamente correta, o que a Enciclopédia Britânica de
1911 dizia sobre a Inquisição? O historiador Toby Green definiu a Inquisição no
próprio título de seu livro, “Inquisição: O Reinado do Medo” (Editora Objetiva,
2012). E a Enciclopédia Britânica de 1911 definiu-a como “reinado de terror,”
dizendo sobre a cruzada contra os albigenses, criada por inquisidores: “Essas
execuções em massa certamente criaram um precedente definitivo para a repressão
violenta.”
A Enciclopédia
Britânica a definiu:
A INQUISIÇÃO (Lat. Inquisitio, investigação), o nome
dado à jurisdição eclesiástica que tratava tanto na Idade Média quanto nos
tempos modernos da detecção e punição de hereges e de todas as pessoas culpadas
de qualquer ofensa à ortodoxia católica.
Trechos
aleatórios da Enciclopédia Britânica de 1911 mostram:
A punição de morte por fogo era muito mais empregada
pelos espanhóis do que pela inquisição medieval; cerca de 2.000 pessoas foram
queimadas na época de Torquemada.
[Nos anos de 1700], um grande número de [judeus] foi
denunciado, enviado às galés, ou queimado por terem retornado à sua religião
ancestral, com a mais frágil evidência, tal como… abster-se de carne de porco.
Durante os séculos XVI e XVII, a Inquisição na Espanha
foi dirigida contra o protestantismo. O inquisidor-geral Fernando de Valdés,
arcebispo de Sevilha, pediu ao papa que condenasse os luteranos a serem
queimados, mesmo que não fossem apóstatas ou desejassem se reconciliar [com a
Igreja Católica], enquanto em 1560 três protestantes estrangeiros, dois
ingleses e um francês, foram queimados em desacato a todas as leis
internacionais. Mas a Reforma nunca teve adeptos suficientes na Espanha para
ocupar a atenção da Inquisição por muito tempo.
Um número incontável de… homens e mulheres, clérigos e
leigos… pereceram nas fogueiras ou nas masmorras da Inquisição.
Mateo Pascual, professor de teologia em Alcala, que em
uma palestra pública expressou dúvida quanto ao purgatório, sofreu prisão e
confisco de seus bens.
Em 1521, a Inquisição assumiu a responsabilidade de
examinar livros suspeitos de heresia luterana.
Em 1558, a pena de morte e o confisco de propriedade
foram decretados contra qualquer livreiro ou indivíduo que mantivesse em sua
posse livros condenados. A censura dos livros acabou sendo abolida em 1812.
os inquisidores… faziam o papel de ditadores
absolutos, queimando pessoas na fogueira, atacando tanto os vivos quanto os
mortos, confiscando suas propriedades e terras, e cercando os habitantes das
cidades e do país em uma rede de suspeitas e denúncias.
Já em 1210 massacres de judeus ocorriam sob a
inspiração de Arnold de Narbonne, o representante papal.
Em 1278 [o papa] Nicolau IV ordenou ao general dos
dominicanos que enviasse frades a todas as partes do reino [da Espanha] para
trabalhar para converter os judeus e elaborasse listas dos que se recusassem a
ser batizados.
No século XIV, os massacres aumentaram, e durante o
ano de 1391 cidades inteiras foram destruídas por fogo e espada, enquanto em
Valência onze mil batismos forçados aconteceram.
No século XV, a perseguição continuou da mesma
maneira; só se pode dizer que os anos de 1449, 1462, 1470, 1473 foram marcados
pelo maior derramamento de sangue.
O imperador Frederico II definiu sua jurisprudência
mais claramente: de 1220 a 1239, apoiado pelo papa Honório III e, acima de
tudo, pelo [papa] Gregório IX, ele estabeleceu contra os hereges do Império em
geral uma legislação em que a pena de morte, o banimento e o confisco de
propriedade foram formulados de maneira tão clara que, a partir de então, seria
incontestável.
O papa não mais hesitou no princípio ou no grau de
repressão.
Mulheres, crianças ou escravos podiam ser testemunhas
da acusação, mas não da defesa, e há casos em que as testemunhas tinham apenas
dez anos de idade.
Nenhuma testemunha podia se recusar a fornecer
evidências [contra os indivíduos acusados], sob pena de ser considerada culpada
de heresia.
O próximo passo era a tortura de testemunhas, uma
prática que era deixada a critério dos inquisidores.
Além disso, todas as confissões ou depoimentos
extorquidos na câmara de tortura tinham de ser posteriormente confirmados “por
livre vontade.” A confissão era sempre considerada voluntária. O procedimento
obviamente não era litigioso; qualquer advogado que defendesse o acusado teria
sido considerado culpado de heresia.
Na prática, passar [o acusado] para as autoridades
seculares era equivalente a uma sentença de morte e de morte por fogo. O
dominicano Jacob Sprenger, superior de sua ordem na Alemanha (1494) e
inquisidor, não hesita em falar das vítimas ‘quas incinerari fecimus’ (“a quem
nós [inquisidores] queimamos até virar cinzas”).
A Inquisição preferia extrair sua fonte de renda da
heresia.
Logo o papado conseguiu ganhar uma parte dos saques,
mesmo fora dos estados da Igreja [Católica], como é mostrado pelas bulas ‘ad
extirpanda’ do [papa] Inocêncio IV e [o papa] Alexandre IV, e daí em diante os
inquisidores tiveram, em proporções variadas, um interesse direto nesses saques.
Na Espanha essa divisão só se aplicava à propriedade
do clero e vassalos da Igreja [Católica], mas na França, Itália e Alemanha, a
propriedade de todos os condenados por heresia era repartida entre as
autoridades seculares e eclesiásticas.
No começo eles tentaram uma concessão; as infelizes
vítimas tinham de pagar o dobro, ao papa e à Inquisição. Mas o pagamento ao
papa era realizado pela Inquisição para reduzir muito a sua própria parte da
propriedade confiscada, e a luta continuou ao longo da primeira metade do
século 16, a Cúria finalmente triunfando, graças à energia do [papa] Paulo III.
Além disso, esse sistema de confiscos em grande escala
podia levar, em um único dia, uma família à total miséria, de modo que todas as
transações estavam sujeitas a riscos assombrosos.
Mas é inegável que [a Inquisição] frequentemente
tendia a constituir um estado dentro do estado. Na época de seu maior poder, os
inquisidores não pagavam impostos e não davam conta dos confiscos que
efetuavam; eles reivindicavam para si e para seus agentes o direito de portar
armas, e é bem sabido que seus adversários declarados, ou mesmo aqueles que os
culpavam em alguns aspectos, eram, sem falta, processados por heresia.
A [Inquisição] permitia ao acusado um advogado
escolhido dentre os membros ou familiares do Santo Ofício; esse privilégio era
obviamente ilusório, pois o advogado era escolhido e pago pelo tribunal e só
podia entrevistar o acusado na presença de um inquisidor e de um secretário.
Napoleão, em sua entrada em Madri (dezembro de 1808),
imediatamente suprimiu a Inquisição.
Em 1816, o papa aboliu a tortura em todos os tribunais
da Inquisição.
A Igreja [Católica] era originalmente contrária à
tortura, e a lei canônica não admitia confissões extorquidas por esse meio; mas
pela bula ‘Ad extirpanda’ (1252) [o papa] Inocêncio IV aprovou seu uso para descobrir
heresias, e [o papa] Urbano IV confirmou esse uso, que teve sua origem na
legislação secular (cf. o Código Veronese de 1228, e a Constituição Siciliana
de Frederico II em 1231).
São João Crisóstomo considerava que um herege deveria
ser privado da liberdade de expressão e que as assembleias organizadas por
hereges deveriam ser dissolvidas, mas declarou que “condenar um herege à morte
seria introduzir na terra um crime inexpiável.”
Um esforço
para sanear a Inquisição seria semelhante a um esforço para sanear o aborto
legal. Isso é exatamente o que a moderna Enciclopédia Britânica fez!
Por que um
site pró-vida defende o revisionismo da Inquisição? Cristãos que defendem a
Inquisição são como cristãos que defendem o aborto e cristãos que defendem o
aborto são como cristãos que defendem a Inquisição.
No entanto, é
exatamente isso o que LifeSiteNews, o maior site católico pró-vida do mundo,
vem fazendo.
LifeSiteNews
publicou um artigo intitulado “Desmentindo os mitos anticristãos sobre a
Inquisição Espanhola,” de Joseph Pearce. Esse título é malicioso porque as
crueldades, torturas e execuções da Inquisição nunca foram ‘mitos,” e é
completamente anticristão tratar a Inquisição como um “mito,” assim como é anticristão
tratar o Holocausto nazista contra os judeus como “mito.” A propósito, tanto a
Inquisição quanto o Holocausto preferencialmente torturaram e mataram judeus.
Portanto, se
LifeSiteNews trata a Inquisição como um “mito,” isso não é diferente do que os
muçulmanos fazem com seu próprio genocídio contra os cristãos. O site islâmico
Islamicity tem um artigo intitulado “Desvendando a verdade do mito do ‘genocídio
armênio’” que diz:
“A controvérsia em torno do chamado genocídio armênio
foi mais uma vez provocada por um indivíduo não menos importante do que o
próprio papa católico Francisco quando o chamou de ‘o primeiro genocídio do
século 20.’ O ministro das Relações Exteriores turco Mevlut Cavusoglu criticou
veementemente o comentário do papa. ‘Não dá para aceitar a declaração do papa,
que está longe da realidade legal e histórica,’ ele tuitou.”
Assim como os
muçulmanos não aceitam o que eles fizeram com os cristãos, LifeSiteNews não
aceita o que a Inquisição católica fez com os judeus e protestantes.
É
significativo que na Espanha os judeus, que frequentemente eram perseguidos
pela Inquisição, eram chamados de “marranos” — termo espanhol que significa
porco.
O artigo de LifeSiteNews
mencionou a referência do Presidente Obama à Inquisição no Café da Manhã de
Oração Nacional em Washington DC em 2016, explorando-a em favor do revisionismo
histórico, que é geralmente amado e usado pela esquerda.
Em resposta,
cito Franklin Graham, conselheiro conservador de Trump que disse:
“Hoje, no Café da Manhã de Oração Nacional, o presidente
insinuou que o que o ISIS está fazendo é equivalente ao que aconteceu há mais
de mil anos durante as Cruzadas e a Inquisição. Sr. Presidente, muitas pessoas
na história usaram o nome de Jesus Cristo para fazer coisas más para realizar
seus próprios desejos. Mas Jesus ensinou paz, amor e perdão. Ele veio para dar Sua
vida pelos pecados da humanidade, não para tirar a vida. Maomé, ao contrário,
era um guerreiro e matou muitas pessoas inocentes. Os verdadeiros seguidores de
Cristo imitam a Cristo — os verdadeiros seguidores de Maomé imitam Maomé.”
Defesa do
revisionismo histórico da Inquisição é compatível com a mentalidade esquerdista,
mas incompatível com princípios pró-vida. Concordo com Graham: a Inquisição
imitou Maomé e seu espírito violento.
Em outro
artigo, intitulado “Refutando falsidades anticatólicas,” LifeSiteNews disse:
“A Inquisição Espanhola, por exemplo, sofreu
literalmente com uma publicidade muito ruim. Entre as primeiras obras
produzidas pelas primeiras gráficas da Holanda protestante e da Inglaterra protestante
estavam centenas de relatos falsos da Inquisição matando dezenas de milhares de
judeus, mouros e protestantes. Historiadores ruins desde então inflaram a
contagem de mortos…”
Se a
Inquisição “sofreu” — a visão lunática é sempre que o opressor, não suas
vítimas, “sofreu” — “publicidade muito ruim,” e quanto ao aborto na Enciclopédia
Britânica de 1911? E quanto ao socialismo e ao nazismo? Eles também sofreram “publicidade
muito ruim”? Na perspectiva de ativistas pró-aborto, socialistas e nazistas, o
aborto, o socialismo e o nazismo sofreram “publicidade muito ruim.”
LifeSiteNews
faz parecer que a Holanda protestante e a Inglaterra protestante foram
exclusivamente responsáveis por “relatos falsos da Inquisição matando dezenas
de milhares de judeus, mouros e protestantes.” LifeSiteNews exclui o fato de
que, mesmo que não houvesse protestantes no mundo, há séculos há escritores e
historiadores judeus independentes registrando a tortura e morte de milhares de
judeus sob a Inquisição.
O pai do
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tem uma enorme obra de 1.500
páginas intitulada “As Origens da Inquisição,” publicada em 1995 nos EUA. LifeSiteNews
acha que o livro de Netanyahu é “má publicidade” para fazer a Inquisição
sofrer? Se eu queimar esse livro, isso reduzirá o “sofrimento” da Inquisição e
seus defensores e revisionistas? LifeSiteNews acha que o livro de Netanyahu foi
influenciado pelos “relatos falsos” da Inquisição feitos pela Holanda
protestante e a Inglaterra protestante, em vez de relatos históricos judaicos
independentes?
Se LifeSiteNews
alega que “historiadores ruins inflaram a contagem de mortos,” Netanyahu é um “historiador
ruim” que inflou a contagem de mortes de vítimas judias? Os historiadores que
denunciam o aborto, o socialismo e o nazismo são também “historiadores ruins” que
inflaram a contagem de mortes de suas vítimas?
Para ajudar a
Inquisição a não “sofrer,” devemos lhe dar apenas boa publicidade? Além disso,
para ajudar os ativistas pró-aborto, os socialistas e os nazistas a não
“sofrerem,” deveríamos dar apenas boa publicidade ao aborto, ao socialismo e ao
nazismo?
A coleta de
dados há 100 anos não era tão boa quanto é hoje. Turcos muçulmanos usam isso para
dizer que o genocídio armênio, cometido por eles contra cerca de 1.500.000
cristãos há 100 anos, não foi genocídio e que os números eram muito pequenos. Católicos
radicais usam a mesma conveniência e o tempo de 500 anos é realmente uma conveniência
muito favorável a eles. Eles dizem a mesma coisa sobre a Inquisição, embora os
registros históricos de judeus independentes mostrem que o que LifeSiteNews e
outros católicos chamam de “mito” e “má publicidade” era na verdade um fato
histórico.
Do ponto de
vista turco muçulmano, falar de genocídio armênio é apenas “má publicidade”
contra o islamismo ou a Turquia. Para eles, essa “má publicidade” faz a Turquia
e o islamismo “sofrerem.” Assim, os católicos radicais não estão sozinhos em
suas queixas de “má publicidade.”
Uma Igreja
Católica pró-Inquisição não tem moral para denunciar o aborto. Mas a atual
Igreja Católica não tem defendido a Inquisição. Apenas alguns de seus membros
mais recalcitrantes fazem isso.
Como podem
tais católicos recalcitrantes denunciar o aborto legal e sua tortura e morte de
bebês inocentes se eles desculpam, minimizam e até mesmo defendem a mesma
realidade na Inquisição?
Como evangélico
pró-vida conservador, farei o que os educadores e alunos de homeschooling e
outros conservadores dos EUA estão fazendo. Usarei a Enciclopédia Britânica de
1911 para defender uma postura conservadora em relação ao aborto e à
Inquisição. Rejeito totalmente a moderna Enciclopédia Britânica e seu
revisionismo do aborto e da Inquisição.
Mas como LifeSiteNews
é pró-vida, deveria ser coerente. Se quiser a conservadora Enciclopédia
Britânica de 1911 e sua postura pró-vida sobre o aborto, deveria aceitar sua postura
conservadora sobre a Inquisição. Se prefere a moderna liberal Enciclopédia
Britânica e seu revisionismo da Inquisição, deveria também aceitar sua posição
revisionista em relação ao aborto. Basicamente, a moderna Enciclopédia
Britânica vê a tortura e a morte do aborto e da Inquisição como igualmente “mitos.”
A Enciclopédia
Britânica de 1911 é coerente em suas posturas conservadoras contra o aborto e a
Inquisição.
A moderna Enciclopédia
Britânica é coerente em suas posturas revisionistas, defendendo igualmente o
aborto e a Inquisição.
LifeSiteNews
não tem sido coerente; aceita o revisionismo da moderna Enciclopédia Britânica sobre
a Inquisição, mas não sobre o aborto.
LifeSiteNews
e a minoria de católicos recalcitrantes deveriam escolher a coerência que preferem:
conservadora ou revisionista e liberal.
Ativistas
pró-aborto usam milhões de explicações, estudos e pesquisas medíocres para
desculpar, minimizar e defender o aborto. Católicos recalcitrantes deveriam
parar de usar menos de uma dúzia de explicações, estudos e pesquisas revisionistas
medíocres para desculpar, minimizar e defender a Inquisição.
Em temas éticos
tão sérios como o aborto e a Inquisição, que envolvem os direitos humanos de um
número incontável de vítimas inocentes que sofreram tortura e morte, a Enciclopédia
Britânica de 1911, que está mergulhada no conservadorismo, é um guia muito
melhor do que a moderna Enciclopédia Britânica, infectada pelo marxismo
cultural e seu revisionismo.
Leitura
recomendada
sobre a Inquisição: