Acordo de armas com a Arábia Saudita trará um milhão de empregos para os
EUA, diz Trump, enquanto ele infla os benefícios das vendas em meio a
crescentes pedidos de seus próprios senadores para cancelá-las
Emily Goodin, jornalista nos
EUA para assuntos políticos do DailyMail
O presidente
Donald Trump vem inflando o número de empregos que ele alega que a venda de
armas americanas para a Arábia Saudita trará para os Estados Unidos.
Seus números
inflados surgem enquanto alguns membros de seu próprio partido estão pedindo a
suspensão das vendas, como consequência do assassinato do jornalista Jamal
Khashoggi.
Originalmente
oferecendo um número de empregos de cinco dígitos, o presidente, nos últimos
cinco meses, vem aumentando esse número — e o número está ficando mais alto
quanto mais detalhes saem sobre o destino de Khashoggi.
Em 20 de
março, quando o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman estava visitando a Casa
Branca, Trump fez um acordo de armas que geraria “mais de 40.000 empregos nos
Estados Unidos,” observou Axios.
Agora, com um
acordo de US$ 110 bilhões de armas em jogo, Trump e outras autoridades dos EUA
estão detestando culpar o reino saudita e o príncipe herdeiro por estarem por
trás da morte de Khashoggi.
Na segunda-feira,
Trump reiterou novamente sua preocupação com o acordo e as perdas de emprego
que ele afirma que ocorrerão.
Mas o senador
republicano Rand Paul disse no domingo que as vendas militares não equivalem a
empregos.
“Não acredito
que as armas devam ser vistas como um programa de geração de empregos,” disse
ele no programa de TV “Fox News Sunday.”
E, ele disse,
por causa disso as vendas de armas deveriam terminar e sanções deveriam ser
postas em prática contra a Arábia Saudita.
No fim, ele
pediu que o príncipe herdeiro fosse substituído.
“Tenho
certeza de que o príncipe herdeiro estava envolvido e ele orientou isso e é por
isso que acho que não podemos continuar a ter relações com ele. Acho que vai
ter de ser substituído, francamente. Mas acho que as sanções não vão longe o
suficiente. Acho que precisamos dar uma olhada na venda de armas,” disse ele.
Contudo,
Trump não concordou com isso.
“Concordo com
Rand em muitas coisas. Não quero perder um milhão de empregos, não quero perder
US$ 110 bilhões. Mas são realmente US$ 450 bilhões se você incluir outras
compras que não sejam militares. Então isso é muito importante,” disse o
presidente na segunda-feira.
O milhão de
empregos é o mais recente — e mais alto — número que o presidente está
divulgando.
No último
sábado — antes da Arábia Saudita anunciar que Khashoggi estava morto e ainda
estava afirmando que ele havia deixado o consulado vivo — Trump disse aos
repórteres que não quer prejudicar empregos e negócios para os americanos ao
punir a Arábia Saudita, se fosse responsável, com sanções que afetam a compra
de armas.
E ele
aumentou seu número de empregos aos milhares para 450.000 empregos.
“São 110
bilhões de dólares. Acredito que é a maior encomenda já feita. São 450.000
empregos. É o melhor equipamento militar do mundo. Mas se eles não comprarem de
nós, eles vão comprar da Rússia ou comprarão da China, ou vão comprar de outros
países,” disse ele.
Na
quarta-feira, Trump aumentou o número novamente, dizendo à Fox Business Stuart
Varney que era meio milhão de empregos.
“São 500 mil
empregos. Em última análise, será de US$ 110 bilhões. É a maior encomenda na
história do nosso país de uma força militar externa. E eu disse: ‘Vamos recusar
isso? Por que faríamos isso?’ Então, esperamos que esteja dando certo. Nós
vamos descobrir. Nós vamos descer ao fundo disso. Espero que o rei e o príncipe
herdeiro não soubessem disso. Esse é o grande fator em meus olhos, e espero que
não tenham sabido de nada,” disse ele.
Na
sexta-feira, o número subiu novamente — desta vez para 600.000.
“600.000
empregos, talvez mais do que isso, e seria muito doloroso para este país se
disséssemos, oh, não vamos vender estas armas para vocês,” disse Trump no
Arizona em uma assinatura do memorando de direitos da água.
Mais tarde na
sexta-feira, depois que o governo da Arábia Saudita admitiu que Khashoggi
estava morto, o número subiu para um total de “um milhão.”
“Acho que se
você somar a coisa toda, porque apenas para as indústrias militares americanas
foi de 600.000 postos de trabalho. Então, agora, se você está falando — foi de
US$ 110 bilhões — você sabe, você está falando de mais de um milhão de
empregos. Você sabe, eu prefiro manter o milhão de empregos, e eu prefiro
encontrar outra solução,” disse Trump em um evento na Base Aérea de Luke, no
Arizona.
Na
segunda-feira, Trump ficou com o número de seu milhão de empregos.
“Não quero
perder um milhão de empregos, não quero perder US$ 110 milhões,” disse ele para
repórteres na Casa Branca.
Uma checagem
de fatos feita pelo jornal Washington Post sobre a afirmação de empregos do
presidente constatou que: “O presidente está exagerando o número de empregos
que seriam criados mesmo que todos os US$ 110 bilhões em vendas fossem
realmente feitos — e ele está enganando sobre onde esses empregos seriam
criados. Muitos desses empregos acabariam sendo criados na
Arábia Saudita.”
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