A força dos evangélicos na eleição
Comentário de Julio Severo: A notícia a
seguir é do serviço noticioso alemão Deutsche Welle. Não estou publicando esta
matéria porque concordo com tudo, mas para destacar o que está sendo amplamente
visto internacionalmente: os evangélicos do Brasil, mais do que ninguém, estão
exercendo papel conservador decisivo na política brasileira. Esse fato já foi
notado e noticiado pela imprensa dos Estados Unidos, conforme mostra minha
matéria “Evangélicos
poderão colocar um candidato de direita na presidência do Brasil.” Enquanto muitos grupos brasileiros,
inclusive maçônicos e ocultistas, buscam para si a glória da onda conservadora no
Brasil, a glória realmente pertence a Deus, que está usando os evangélicos e
suas orações. Confira agora a reportagem completa da Deutsche Welle:
Na política
brasileira, eles ainda estão sub-representados. Mas agora podem ser decisivos
para a escolha do mais alto cargo do Estado. E podem tornar o Brasil ainda mais
conservador.
O outrora
"país mais católico do mundo" sempre teve presidentes católicos – com
exceção do evangélico Ernesto Geisel. A eleição do dia 7 de outubro terá dois
candidatos à Presidência com perfil evangélico: Marina Silva e Jair Bolsonaro.
A primeira é evangélica convertida do catolicismo, e o segundo, católico, se
deixou batizar em 2016 por um pastor evangélico no rio Jordão.
As igrejas
evangélicas estão há décadas ganhando cada vez mais fiéis. No censo de 2010, 42
milhões de brasileiros (22%) se declararam "evangélicos", enquanto
123 milhões eram católicos (64%). Atualmente, a parcela de evangélicos é de
cerca de 30%, segundo estimativas de especialistas.
Mas
politicamente eles ainda estão sub-representados. Atualmente, dos 513 deputados
da Câmara dos Deputados, apenas cerca de 90 pertencem à Frente Parlamentar
Evangélica, fundada em 2003. No Senado, cinco dos 81 senadores são evangélicos,
sendo que dois estão licenciados.
Nas próximas
eleições, é esperado que a bancada evangélica cresça pelo menos 10% devido ao
desempenho de Bolsonaro, na opinião do cientista político Ricardo Ismael, da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ): "A novidade é
que os evangélicos começam a ser competitivos em eleições para o Poder
Executivo".
Uma prova
disso é a eleição em 2016, do bispo da Igreja Universal do Reino de Deus
Marcelo Crivella para prefeito do Rio de Janeiro. Para isso, ele contou com o
poder da Igreja Universal, fundada por seu tio Edir Macedo, junto com o império
de TV Rede Record. Pastores teriam pedido votos para Crivella, segundo
reportagens da mídia. Não se sabe com quanto dinheiro a Igreja Universal
contribuiu para a dispendiosa campanha eleitoral.
Nem todos os
candidatos evangélicos têm o apoio de Igrejas tão grandes, influentes e
poderosas financeiramente. Mas eles ganham eleitores da nova classe média
baixa, onde a Igreja Católica vem perdendo influência desde os anos 70.
"A
população de baixa renda e de classe média baixa brasileira se afastou da
chamada teologia da libertação, defendida pela Igreja Católica progressista, e
aderiu ao que ficou conhecido como 'teologia da prosperidade', propagada pelas
igrejas evangélicas neopentecostais", ressalta Ismael.
Para o
sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da
PUC-SP, a ascensão dos evangélicos é resultado do êxodo rural na segunda metade
do século 20. A devota população rural encontrou nas cidades grandes uma
sociedade católica secularizada e liberal e foi buscar refúgio nas
Igrejas Pentecostais — moralmente mais severas, conservadoras e puristas -,
com suas promessas de prosperidade.
"Para
uma população massacrada por condições de vida extremamente difíceis,
escandalizada pela perda dos valores tradicionais, solitária nas grandes
cidades, essa mensagem era muito atraente", afirma Ribeiro Neto.
Ela conseguiu
ascender economicamente nas últimas décadas para uma nova classe média – e vota
tendencialmente na direita conservadora. A pesquisa Ibope de 18 de setembro,
por exemplo, aponta que os eleitores evangélicos votam menos na esquerda (6%)
do que os católicos (21%). "O discurso católico tem mirado mais a questão
social, dos direitos dos mais pobres", sublinha o sociólogo.
"Enquanto o discurso evangélico — particularmente entre os neopentecostais
— está mais centrado na questão dos valores morais."
Diferentemente
das classes mais pobres, que tendem a votar na esquerda, que são mais dependentes
da ajuda estatal, a população da ascendente classe baixa média não depende mais
de ajudas diretas do Estado.
"Já os
neopentecostais são hegemônicos nessas novas classes médias, e se preocupam
muito com os valores morais, o combate à insegurança urbana e o fim do Estado
assistencialista – que não atende mais às suas necessidades", comenta o
especialista.
A grande
maioria dos políticos evangélicos também é contra uma agenda a favor das
minorias, segundo Ismael. "A bancada evangélica tem se colocado contra uma
agenda de esquerda, que quer mudanças na questão dos direitos das minorias, na
possibilidade de novos formatos de famílias, nas discussões sobre gênero e no
sistema educacional. É cedo para dizer que ela terá êxito em impedir tais
avanços. Mas tem força para provocar muitos embates e negociações."
Será que o
próximo presidente será evangélico? Jair Bolsonaro lidera as pesquisas de
intenção de voto (27%, segundo a CNI/Ibope
de quarta-feira), enquanto Marina Silva perde força (6%). Ela não restringe seu
discurso a temas evangélicos, mas abraça tanto a política social quanto o
ambientalismo, segundo Ismael.
"O
candidato Jair Bolsonaro tem um discurso que reproduz os valores da pregação
evangélica, se colocando contra a agenda da esquerda na área de costumes. Dai
vem sua expressiva votação entre os evangélicos", analisa.
Enquanto
Marina Silva, declaradamente evangélica, possui um perfil com características
mais católicas, o católico Bolsonaro discursa como um evangélico, na avaliação
de Ribeiro Neto.
"Curiosamente,
Marina é a candidata católica por excelência, vivendo essa cisão entre as
questões sociais – onde tem um perfil de esquerda — e as morais — onde se
aproxima da direita", afirma.
Já Bolsonaro,
de acordo com o especialista, é totalmente identificado com as aspirações da
nova classe média. "Tanto para um evangélico quanto para um católico
ultraconservador, Bolsonaro representa a alternativa populista de um líder
capaz de usar a força para resolver os problemas que não estão sendo resolvidos
pelo diálogo democrático", frisa o sociólogo.
Fonte: Deutsche
Welle
Divulgação: www.juliosevero.com
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