Trump está cedendo na questão da Síria?
Patrick J. Buchanan
Comentário de Julio Severo: Patrick J.
Buchanan, que é católico conservador pró-vida e foi assessor do presidente
Ronald Reagan, fala sobre a grave situação em que Trump descuidadamente ameaçou
bombardear a Síria e zombou da Rússia. Ele fala com muita experiência. Por
isso, apoio suas palavras. Contudo, há um pequeno trecho em que ele comete um
deslize. Ele disse: “Por que arriscar guerra com a Rússia na Síria, quando,
pela própria falta de ação americana nessa guerra civil de sete anos, os EUA mostraram
que não têm nenhum interesse vital ali?” Na verdade, o que mais houve na Síria
foram ações americanas: Obama enviou tropas para a Síria, as quais continuam até
hoje lá, ilegalmente. A CIA, desde a época de Obama, vem armando os grupos
terroristas sírios para derrubar o governo sírio. Esse é um detalhe
importantíssimo para entender que os EUA estão de forma ativa e negativa
envolvidos na guerra
civil síria, que foi provocada por Hillary Clinton, que resultou numa das
maiores carnificinas de cristãos da história moderna. Só houve um tipo de falta
de ação: Não houve nenhuma ação dos EUA para resgatar os milhares de cristãos sírio
que foram colocados diretamente em perigo do ISIS em consequência das
intervenções de Obama e Hillary para derrubar o governo sírio. Os EUA foram 100
por cento omissos com os cristãos sírios. Mas tristemente as
palavras e ações de Trump seguem as loucuras dos neocons. Leia então o
artigo de Buchanan:
Quarta-feira
de manhã, o Presidente Trump chocou os EUA com um tuíte que continha tanto uma
ameaça quanto uma zombaria:
“A Rússia
prometeu derrubar todo e qualquer míssil disparado contra a Síria. Prepare-se,
Rússia, pois eles estão vindo, bacanas, novos e ‘inteligentes!’ Vocês não
deveriam ser parceiros do Animal Assassino a Gás que mata pessoas e adora isso!”
Trump estava
respondendo a um aviso da Rússia de que abateria mísseis americanos disparados
contra seus aliados sírios, e a Rússia se reservou o direito de disparar em
navios e bases americanos dos quais tais mísseis fossem lançados.
O “Animal
Assassino a Gás” era o presidente sírio Bashar Assad.
Naquela
tarde, o ministro da Defesa James Mattis reduziu o impacto disso. “Ele havia
visto evidência suficiente para condenar Assad de um ataque de gás venenoso na
cidade síria de Douma?” perguntaram a Mattis. Sua resposta: “Ainda estamos
avaliando as informações secretas… Ainda estamos trabalhando nisso.”
Na
quinta-feira de manhã, Trump pareceu retroceder em sua ameaça: “Eu nunca disse
quando o ataque contra a Síria ocorreria. Pode ser muito logo ou não tão logo!”
Trump está
planejando um ataque maior e está silenciosamente ajuntando os aliados? Ele
está dando sinal de que um ataque dos EUA contra a Síria pode não estar vindo?
Qualquer que
seja o caso, o alívio com a aparente batida em retirada dele foi evidente.
Contudo, o
intervalo deveria causar algumas reconsiderações sóbrias.
Por que
arriscar guerra com a Rússia na Síria, quando, pela própria falta de ação
americana nessa guerra civil de sete anos, os EUA mostraram que não têm nenhum
interesse vital ali? E, certamente, os EUA não têm nenhum interesse na Síria
tão crucial a ponto de justificar uma guerra com uma Rússia armada com armas
nucleares.
Trump
permitiu que sua revolta com as fotos horrorosas de crianças mortas,
alegadamente a gás, o impelisse a ameaçar ação militar que com quase certeza
trará como consequência a morte de mais crianças.
As emoções
não deveriam ter espaço para governar o que o presidente pensa e expressa
muitas vezes: Embora o resultado da guerra civil da Síria possa significar tudo
para Assad, e muito para a Rússia, Turquia, Arábia Saudita, Irã e Israel,
significa comparativamente pouco para os EUA que estão a quase dez mil
quilômetros de distância.
Os EUA não
podem eternamente brigar nas guerras de outros povos sem acabar no mesmo
entulho da história como outras potências antes dos EUA.
E por que não
conversar diretamente com os adversários dos EUA ali?
Se Trump pode
conversar com Kim Jong-um, que usou um canhão antiaéreo para executar seu tio e
ordenou o assassinato de seu meio-irmão num aeroporto da Malásia com arma
química, por que os EUA não podem conversar com Bashar Assad?
Em 1974, o
presidente republicano americano Richard Nixon voou para Damasco, capital da Síria,
para estabelecer relações com o pai de Assad, o futuro “Açougueiro de Hama.” George
H.W. Bush recrutou Hafez al-Assad e 4.000 tropas sírias em sua Guerra do Golfo
para libertar o Kuwait.
Quais são os
interesses limitados dos EUA na Síria em 2018?
Os interesses
são: Conter a al-Qaida, exterminar o califado do ISIS e efetuar o melhor acordo
com os curdos que têm sido leais e cruciais para a campanha dos EUA contra o
ISIS. Os governos da Síria, Rússia e Irã não estão lutando contra os EUA nessas
frentes de batalha, pelo motivo que a al-Qaida e o ISIS também são inimigos
deles.
Quanto ao
futuro político da Síria, não é vital para os EUA e não cabe aos EUA decidirem
isso. E os esforços de outros para envolver os EUA nas guerras deles, embora
seja compreensível, precisam ser resistidos.
Na capital
dos EUA e em todo o Oriente Médio, há pessoas que desejam recrutar as riquezas
e o poder dos EUA para avançar suas metas e realizar suas visões. Tendo
permitido que eles conseguissem o que queriam reduziu os EUA como superpotência
do que os EUA eram no final da Guerra Fria.
Isso tem de
parar, e os EUA sabem disso.
Entre os
motivos por que o Partido Democrático nomeou Barack Obama e os EUA o elegeram
foi que seus oponentes, Hillary Clinton e John McCain, apoiaram a Guerra do
Iraque, à qual Obama se opôs.
Entre as
razões por que o Partido Republicano nomeou Trump e os EUA o elegeram foi que
ele havia prometido tirar os EUA de guerras e manter os EUA fora de guerras como
essa guerra civil síria.
Não é irônico
que hoje os neocons, que detestavam Trump e rejeitaram sua candidatura, estão o
incitando e aplaudindo para avançar e se aprofundar mais e mais no atoleiro
sírio?
Pat Buchanan é colunista do
WND e foi assessor do presidente Ronald Reagan. Ele é católico tradicionalista
pró-vida e já foi candidato republicano à presidência dos EUA.
Traduzido por Julio Severo do original em inglês do
WND (WorldNetDaily): Is Trump
standing down in Syria?
Fonte: www.juliosevero.com
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3 comentários :
Pelo visto Trump não passa de mais uma marionete nas mãos dos neocons.
Isso ai é só uma versão maior daquele ataque do ano passado - joga uns misseis em uns alvos militares e pronto. Trump não quer guerra nenhuma, isso ai é pra agradar os neocons e ao mesmo parecer firme e afastar as mentiras de que ele é uma marionete do Putin.
Basta ver os tweets dele, ele faz o que todo vendedor faz, joga o preço lá no alto, mas deixa negociação em aberto.
Bombardeou ontem.
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