A máquina de guerra e destruição de Hillary Clinton
Julio
Severo
Não há dúvida de que Hillary Clinton foi, na eleição
presidencial dos EUA em 2016, a candidata de Wall Street, que é a espinhal
dorsal do sistema financeiro americano. Ela foi também a candidata predileta das
maiores empresas capitalistas do EUA, inclusive Microsoft, Apple, Google, HP,
etc. Ainda mais perigoso, porém, é que ela foi a candidata do complexo
industrial militar dos EUA. A ideia de que ela era ruim para as empresas, mas
boa para a segurança nacional dos EUA, não tem base. A experiência de política
externa dela tem sido apoiar guerras e mais guerras, conforme as orientações
das elites de segurança nacional dos EUA.
Contudo, as conexões de Hillary com o complexo
industrial militar dos EUA são mais assustadoras. Muitos acreditam que só os
republicanos americanos são neocons e que os democratas só buscam deter a sede
de guerra dos republicanos. Isso não é verdade. Tanto
o Partido Republicano quanto o Partido Democrata têm membros neocons belicistas.
Mas eles também têm uma minoria de membros realistas cautelosos que não querem
os EUA envolvidos em guerras intermináveis. Hillary é uma neocon inflexível
cujo histórico de favorecer aventuras militares americanas explica muitas das
crises militares hoje que ameaçam a segurança dos EUA.
Assim como a presidência de Bill Clinton preparou o
terreno para crises financeiras que beneficiaram seus empresários apoiadores,
assim também preparou o terreno para guerras intermináveis. Em 31 de outubro de
1998 o presidente Clinton sancionou a Lei de Libertação do Iraque que tornava
política oficial dos EUA apoiar “mudança de regime” (um termo bonito com um
significado nefasto: derrubar um governo) no Iraque.
Desde Clinton, já era meta do governo dos EUA remover
Saddam Hussein e implantar um governo “democrático,” como se fosse possível
democratizar um país islâmico. A Arábia Saudita, que é o maior aliado islâmico
dos EUA, nunca foi democrática. Mesmo assim, os EUA nunca se preocuparam em
invadi-la para democratizá-la.
O caso da Arábia Saudita é grave: enquanto no Iraque a
Bíblia era permitida, havia igrejas cristãs e Saddam protegia os cristãos, na
Arábia Saudita a Bíblia é proibida, não há nenhuma igreja cristã e os sauditas
matam cristãos.
Parece que a única razão para a invasão do Iraque foi
que esse país não era aliado dos EUA, mas da Rússia.
Muitos acham que a atitude do Presidente George W.
Bush invadir o Iraque foi uma iniciativa e decisão só dele. Não. Muito tempo
antes de Bush invadir o Iraque em 2003, com a desculpa de que o Iraque estava
por trás do atentado terrorista de 2001 contra Nova Iorque, Bush já estava sob
as ordens da lei de Bill Clinton de derrubar Saddam.
Hoje, se sabe claramente que quem estava por trás
desse atentado era a Arábia Saudita. Mesmo assim, os EUA nunca quiseram
invadi-la, nem por vingança nem para democratizá-la. Os ditadores sauditas
sempre gozaram amizade íntima de presidentes republicanos e democratas dos EUA.
Hoje, o
maior amigo e aliado da ditadura islâmica saudita é Donald Trump.
Em 2003, Hillary era senadora e uma apoiadora
implacável da Guerra do Iraque, que custou trilhões de dólares, milhares de
vidas e essencialmente criou o ISIS.
Antes da invasão americana, o Iraque tinha uma
comunidade cristã de mais de 2 milhões de pessoas. Hoje, é menos de 400 mil e
continua diminuindo.
Depois da Lei de Libertação do Iraque, ocorreu em 1999
a Guerra do Kosovo, na qual Bill Clinton usou a OTAN para bombardear Belgrado,
capital da Sérvia, um país cristão ortodoxo aliado da Rússia, criando assim o
Kosovo, um enclave muçulmano que hoje serve de importante posto de contrabando
islâmico de armas e seres humanos na Europa. Hillary confessou para a
jornalista Lucinda Frank que foi ela quem tinha exortado seu marido Bill a
fazer bombardeios nos cristãos sérvios.
O histórico de Hillary como secretária de Estado está
entre os mais militaristas e desastrosos da história americana moderna. Ela é
uma defensora implacável do poderoso complexo industrial militar dos EUA,
ajudando a criar desastres militares em vários países, inclusive Líbia e Síria.
Hillary é muito criticada pelas mortes de diplomatas
americanos em Benghazi, mas as ações incansáveis dela para derrubar Muammar
Kaddafi mediante bombardeios da OTAN foram de longe o maior desastre. Hillary
usou a OTAN para derrubar o governo da Líbia, em violação das leis
internacionais, apenas para atender aos desejos da Arábia Saudita. Depois dos
bombardeios da OTAN, a Líbia entrou em guerra civil e grupos terroristas
islâmicos, inclusive a al-Qaida, se espalharam na Líbia e daí para o Norte da
África, chegando à Síria. A derrubada de Kaddafi também deixou a Líbia livre
para a passagens de milhões de muçulmanos africanos invadirem a Europa. O
desastre líbio provocou guerra no Mali, forneceu armas para o grupo islâmico
Boko Haram, que tem estuprado e matado milhares de cristãos na Nigéria, e
fortaleceu o ISIS na Síria e no Iraque.
Depois, Hillary mirou na Síria. Com o apoio da CIA,
que fornecia armas e treinamento para rebeldes islâmicos, Hillary queria
derrubar o presidente sírio Bashir al-Assad e disse que isso seria uma ação
rápida, econômica e bem-sucedida. Em agosto de 2011, Hillary levou os EUA ao
desastre com sua declaração de que Assad “tem de sair,” com o apoio de
operações secretas da CIA.
Sete anos depois, nenhum país neste mundo está tão
devastado por guerra infindável quanto a Síria, com centenas de milhares de
mortos, inclusive cristãos. Mais de 10 milhões de sírios foram desalojados, e
os refugiados estão se afogando no Mar Mediterrâneo ou minando a estabilidade
política da Europa. Os que não fogem se tornam vítimas do ISIS ou dos grupos
rebeldes islâmicos sustentados pelos EUA. No caos criado pelas operações da CIA
e da Arábia Saudita para derrubar Assad, o ISIS preencheu o vácuo, usando o
território sírio como base para atentados terroristas islâmicos no mundo
inteiro.
A lista de manipulações e provocações de guerras de
Hillary não tem fim. Ela sempre apoiou a expansão da OTAN, inclusive na Ucrânia
e Geórgia, desafiando todo bom senso. Ela violou acordos pós-Guerra Fria
assinados na Europa em 1991, levando a reações defensivas violentas da Rússia
na Geórgia e Ucrânia. Como senadora em 2008, Hilary foi uma das patrocinadoras
da Lei 2008-SR439, que pede a inclusão da
Ucrânia e Geórgia na OTAN. Como secretária de Estado, ela então presidiu o
recomeço da Guerra Fria com a Rússia.
Ela
quis se tornar presidente dos EUA para dar continuidade ao seu projeto de
guerras e mais guerras. O maior financiador individual da campanha presidencial
dela foi o bilionário esquerdista americano George Soros, o
“pai” da revolução ucraniana.
Os
republicanos neocons não são contra as guerras que Bill e Hillary Clinton
provocaram. Eles dizem que se fosse eles, eles fariam exatamente as mesmas
guerras, mas sem os desastres que apareceram. Será?
Mas
hoje, tanto do lado republicano quanto democrata, há sedentos e provocadores de
guerras. Por isso, na eleição americana passada, republicanos proeminentes
disseram que preferiam votar em Hillary, por ver nela uma neocon legítima. Para
eles, era inconcebível um candidato republicano anti-guerras.
O
atual presidente americano Donald Trump surpreendeu, pois acabou não cumprindo
suas promessas contrárias ao belicismo de Hillary.
Durante
a eleição, Trump mostrou uma linha política anti-neocon, contrária a intervenções militares americanas
desnecessárias em outros países. Ele também se opôs à expansão da OTAN.
Hoje,
em matéria de política externa, ele imita a política neocon e quer o
fortalecimento da OTAN. Ele está fazendo exatamente o que Hillary faria.
Hillary
e os neocons queriam uma aliança do terrorismo islâmico contra a Rússia. Por
isso, na sua campanha eleitoral Trump disse que quem fundou o ISIS foi Obama e a cofundadora, segundo as próprias palavras de
Trump, foi a “vigarista Hillary Clinton.” O ISIS, que foi fundado por Obama e
Hillary com ajuda da Arábia Saudita, é a maior máquina de genocídio de cristãos
hoje.
O
discurso de campanha de Trump claramente queria uma aliança com a Rússia, que é
o maior país cristão ortodoxo do mundo, contra o terrorismo islâmico mundial,
que é patrocinado pela Arábia Saudita.
Contudo,
Trump não conseguiu se conduzir à altura de seu discurso. Ele acabou assinando com a Arábia Saudita o maior
acordo militar da história dos EUA, vendendo aos sauditas de uma vez só 110 bilhões em
armas.
No
final, Trump acabou se tornando um grande aliado da Arábia Saudita, superando Obama
e Hillary, que eram comprados pelos sauditas.
A
mudança de Trump para Hillary 2 foi possível porque cada vez que Trump tentou
se aproximar da Rússia para uma aliança contra o terrorismo islâmico,
vazamentos criminosos debilitaram seu governo, até que todos os assessores pró-Rússia de Trump foram derrubados e
Trump teve de escolher assessores anti-Rússia para agradar aos neocons.
A
única diferença marcante hoje entre Hillary e Trump é que Trump tem uma
política interna relativamente pró-família. Mas em política externa, ele segue
o padrão dos presidentes anteriores. Assim foi com Bush, que também teve uma
política interna relativamente pró-família. Mas em política externa, ele seguiu
o padrão dos presidentes anteriores…
Durante
sua campanha, Trump claramente condenou Hillary por suas intervenções na Síria, inclusive apoiando os
rebeldes islâmicos. Hoje, como presidente, Trump dá o mesmo apoio aos rebeldes islâmicos de
Hillary e Obama.
Ninguém
fez mais para provocar a Guerra Fria com a Rússia do que Hillary, com sua
aliança íntima com os sauditas terroristas. Trump, que parecia ter mais
condições de destruir a aliança dos EUA com os sauditas e formar uma aliança
inédita com a Rússia contra o terrorismo islâmico, acabou se tornando, em
política externa, uma mera Hillary 2 ou Bush 2.
A
máquina de guerra e destruição de Hillary é a mesma máquina conduzida no
passado por Bush e outros. E hoje, infelizmente, conduzida por Trump.
Todos
exploram os sentimentos do povo americano, inclusive o povo evangélico, que foi
treinado a confundir patriotismo com agressivas
intervenções militares no exterior. Patriotismo nos EUA reflete hoje muitas
vezes meros sentimentos neocons.
Não
importa, pois, se um republicano direitista ou um democrata esquerdista se
torne presidente dos EUA. Não importa se é Hillary, Bush ou Trump. No final,
quem ganha, em política externa, são os neocons e o complexo industrial militar
dos EUA. Quem ganha também é a Arábia Saudita, criadora do ISIS e a maior
patrocinadora do terrorismo islâmico mundial.
Quem
perde, como sempre, são as vítimas cristãs, que sofrem no rastro das
intervenções militares americanas e intervenções islâmicas sauditas. Esse é o preço da política externa neocon dos EUA.
Estou
feliz que Hillary não se tornou presidente dos EUA. Mas não estou contente que
Trump esteja imitando a política externa dela a serviço do militarismo neocon.
Fonte:
www.juliosevero.com
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