Israel recusa reconhecer genocídio de cristãos armênios
Julio
Severo
Uma notícia muito importante sobre reconhecimento de
perseguição e genocídio de cristãos passou praticamente despercebida nos
grandes meios de comunicação: O Knesset (o Parlamento israelense) rejeitou em
fevereiro um projeto de lei que teria reconhecido o Genocídio Armênio.
Manifestantes em Jerusalém reivindicam que Israel reconheça o Genocídio Armênio |
“Os líderes israelenses se rebaixam ao tratar de forma
tão transparente a memória do genocídio como uma mercadoria a ser barganhada
com [o presidente turco Recep Tayyip] Erdogan,” disse Aram Hamparian, diretor
executivo do Comitê Nacional Armênio dos EUA, com relação à votação.
O Knesset tem discutido o Genocídio Armênio várias
vezes no passado, mas o governo israelense tem bloqueado todos os esforços para
reconhecê-lo.
Ainda que Israel tenha hoje a coalizão governamental mais direitista da história
israelense sob Benjamin Netanyahu,
como é que o governo israelense poderá reconhecer o Genocídio Armênio se não
tem conseguido nem reconhecer que o
aborto, que é legal e totalmente disponível em Israel, é genocídio?
Como evangélico sionista, apoio Israel e, em minha
opinião, todas as nações precisam reconhecer o Holocausto, o imenso sofrimento
e morte que vítimas judias passaram nas mãos de criminosos nazistas.
Então, pelo fato de que os judeus sofreram tanto e
sabem o que é o genocídio, Israel deveria ser a primeira nação a reconhecer o
Genocídio Armênio, principalmente porque exatamente como existe uma negação do
Holocausto, assim também há uma negação do Genocídio Armênio.
Tenho combatido o revisionismo e a negação do
Holocausto e da Inquisição, pois ambos esforços trazem desonra para as vítimas
judias do Holocausto e da Inquisição.
Do mesmo jeito, o revisionismo e a negação do
Genocídio Armênio trazem desonra para as vítimas armênias cristãs do Genocídio
Armênio.
Israel tem evitado rotular de genocídio a matança em
massa de armênios cristãos porque a Turquia islâmica não gosta de ser lembrada
de seus crimes.
Israel não é a única nação buscando não enfurecer a
Turquia.
No ano passado, o presidente americano Donald Trump
marcou o massacre de 1,5 milhão de armênios, cometidos por turcos otomanos um
século atrás, mas não quis classifica-lo como genocídio.
“Hoje, nos lembramos e honramos a memória dos que
sofreram durante o Meds Yeghern, uma das piores atrocidades em massa do século
XX,” Trump disse numa declaração. “Eu me junto à comunidade armênia nos EUA e
no mundo inteiro para lamentar a perda de vidas inocentes e o sofrimento que
muitos passaram.”
Tal declaração, ainda que evitando o termo “genocídio”
e recusando mencionar que os assassinos eram muçulmanos e as vítimas eram
cristãs, enfureceu a Turquia, único membro islâmico da OTAN e aliada dos EUA,
cuja cooperação Trump busca contra o governo sírio.
“Consideramos que a desinformação e definições falsas
contidas na declaração de 24 de abril de 2017 do presidente americano Trump com
relação aos eventos de 1915 têm como fonte a poluição de informações criadas
durante os anos por alguns círculos armênios nos EUA por meio de métodos de
propaganda,” disse numa declaração o Ministério das Relações Exteriores da
Turquia.
Presidentes americanos passados, inclusive o
presidente Barack Obama, também recusaram chamar as matanças em massa de
genocídio. Os presidentes George W. Bush e Bill Clinton evitaram o termo
“genocídio,” ainda que tivessem prometido durante suas campanhas que o
reconheceriam como tal.
Na mesma semana em que Trump evitou o termo
“genocídio,” ele fez contato com o presidente turco Recep Erdogan para discutir
esforços conjuntos entre EUA e Turquia para combater o terrorismo. Isso é muito
estranho, pois como uma nação islâmica, a Turquia não combate o terrorismo,
especialmente do ISIS. De acordo com uma reportagem do WND (WorldNetDaily) de
2014: “Turquia
apoia ISIS para eliminar Assad.”
Israel tem também
apoiado terroristas islâmicos contra Assad.
O ISIS tem cometido genocídio contra os cristãos na
Síria e Iraque. De acordo com Trump,
Obama fundou o ISIS.
E Obama trabalhava bem próximo da Turquia. Então se Trump recusa o termo
“genocídio” para agradar a Turquia e tem essa nação islâmica como aliada contra
o ISIS, ele não está ajudando o genocídio do ISIS contra os cristãos? Ter a
Turquia islâmica como aliada contra o terrorismo islâmico é tão insano quanto
ter a Alemanha nazista como aliada contra o nazismo ou ter a União Soviética
como aliada contra o marxismo soviético.
A Armênia
foi a primeira nação oficialmente cristã do mundo. A Armênia, como nação ortodoxa cristã, é aliada da
Rússia, a maior nação ortodoxa cristã do mundo.
Pelo fato de que os Estados Unidos são a maior nação
protestante do mundo, Trump poderia ter uma aliança com a Armênia e a Rússia contra
o terrorismo islâmico, e essa era a intenção dele em 2016, mas agora ele está
privilegiando uma aliança insana com a Turquia islâmica e a Arábia Saudita para
combater o terrorismo islâmico criado e apoiado por muçulmanos sauditas e
turcos.
Se Trump e Israel não conseguem reconhecer como
genocídio as matanças de cristãos cometidas por muçulmanos 100 anos atrás, como
é que eles conseguirão reconhecer os genocídios atuais contra os cristãos? Como
é que eles conseguirão reconhecer que o islamismo foi e é uma máquina de
genocídio contra os cristãos?
Até agora reconheceram o genocídio armênio apenas 23
países, entre os quais França, Alemanha, Itália, Canadá, Grécia, Rússia,
Uruguai, Brasil, Argentina, Venezuela, Chile e Bolívia.
Em 2015 o presidente russo Vladimir Putin foi o único
presidente de uma grande potência a comparecer às comemorações de 100 anos do
Genocídio Armênio em 1915. As comemorações foram realizadas no Memorial do
Genocídio Armênio no Monte Tsitsernakaberd, em Yerevan, capital da Armênia, para
prestar tributo às vítimas do genocídio.
Na ocasião, o presidente turco Tayyip Erdogan se
enfureceu com Putin por chamar de genocídio as matanças em massa de armênios
cristãos cometidos por muçulmanos turcos. Ele disse: “Não é a primeira vez que
a Rússia usou a palavra genocídio em referência a essa questão. Estou
pessoalmente triste que Putin tomou tal passo.”
No Genocídio Armênio 100 anos atrás, um número
estimado de 1,5 milhão de armênios em 66 cidades e 2.500 vilas foram
massacrados; 2.350 igrejas e monastérios foram saqueados e 1.500 escolas e
colégios foram destruídos.
Contudo, os muçulmanos na Turquia e outras nações
atenuam os números e negam que os cristãos armênios sofreram um genocídio,
exatamente como grupos neonazistas atenuam os números e negam o Holocausto
contra os judeus e católicos ultrarradicais atenuam os números e negam a
Inquisição contra judeus e protestantes.
Israel
sabe o que a negação e revisionismo têm feito para minimizar o Holocausto e a
Inquisição e suas vítimas. Por que então Israel tem recusado reconhecer o
Genocídio Armênio?
Por
que Israel busca agradar ao criminoso (Turquia islâmica) e não fica do lado da
sua vítima (cristãos armênios)?
A
resposta vem dos próprios armênios. O jornal armênio Asbarez, numa reportagem intitulada
“Políticos Israelenses Precisam Parar de Usar o Genocídio Armênio como
Estratégia para Tirar Vantagem,” disse:
“Toda vez que o governo turco faz algo que enfurece Israel,
os políticos e membros do Parlamento do Estado judeu ameaçam o governo turco
com o reconhecimento do Genocídio Armênio, intensificando sua covardia como uma
nação que se levantou das cinzas do Holocausto.”
“Para um país que nunca perde uma oportunidade de
lembrar ao mundo acerca dos horrores do Holocausto, Israel tem tido muita dificuldade
de reconciliar seu respeito por direitos humanos e as perdas sofridas pelos
judeus com o fato do Genocídio Armênio.”
“Israel precisa reconhecer o Genocídio Armênio não
porque é politicamente vantajoso, mas porque é um fato histórico. Ao não reconhecê-lo,
Israel continua a aumentar sua própria hipocrisia se tornando cúmplice em sua
negação.”
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