Ditador assassino de massas se torna amigo dos EUA
William
Murray
O presidente Omar al-Bashir do Sudão foi indiciado
pelo Tribunal Criminal Internacional (TCI) como criminoso de guerra, e existe
um mandado internacional de prisão para ele. O planejamento dos atentados a
bomba em 1998 das embaixadas americanas no Quênia e Tanzânia foi feito no Sudão
sob a vigilância desse assassino de massas, que há muito tempo comete
genocídio.
Esse mesmo Omar al-Bashir é agora ao que tudo indica um
bom sujeito aos olhos do presidente Donald Trump e seus novos amigos, os
neocons. Eles recentemente removeram as sanções que haviam sido impostas no
Sudão, ainda que o assassinato de cristãos continue nas Montanhas Nuba sob o
regime de al-Bashir.
O mandado de prisão do TCI por crimes de assassinato
em massa em Darfur e a condição do Sudão como “país que patrocina o terrorismo”
foram reconhecidos e apoiados pelos Estados Unidos até maio de 2017 sob o governo
Trump.
Entretanto, o que é curioso é que enquanto al-Bashir,
que continua a não se arrepender de nada, está sendo recompensado pelos EUA com
a cessação das sanções, há um coro uivante de ameaças contra o presidente
iraniano Hassan Rouhani, muito respeitado líder iraniano moderado que está
desesperadamente tentando liberalizar o Irã e integrá-lo, por meio do comércio
e outros meios, com o restante das nações do mundo.
O desejo do presidente Trump é isolar o Irã
diplomaticamente e economicamente assim destruindo as esperanças do presidente Rouhani.
Os mulás linhas-duras do Irã que têm feito resistência a toda medida para
avançar a liberalização estão quietos — pois eles estão esperando que Trump tenha
êxito! O fracasso de Rouhani significará mais poder para os linhas-duras e
menos para o povo.
Historicamente, as sanções, embargos e isolamento das
nações, usados pelos EUA como meio de “deter a agressão delas,” têm em todos os
casos realmente aumentado o poder dos déspotas que foram os alvos! Como um
exemplo, Cuba tem sido o alvo de embargos e sanções dos EUA por mais de seis
décadas. Longe de remover os irmãos Castro do poder, as sanções e isolamento
lhes deram condições de controlar melhor a população de Cuba por causa da falta
de contato e influência externa.
A história do fracasso dessas táticas é longa.
Começando em 1939, o presidente Roosevelt agiu para deter a agressão japonesa
mirando o comércio japonês, enquanto ao mesmo tempo dava assistência financeira
e equipamento militar para a China. Essas sanções e embargos foram aumentados
em 1940 e 1941, e assessores militares (Tigres Voadores) foram enviados para a
China. Todo comércio com o Japão foi cessado e cargas de petróleo foram
cortadas em 1941. A agressão militar do Japão contra seus vizinhos
aparentemente não foi contida por essas medidas, pois Pearl Harbor sofreu um
bombardeio em 7 de dezembro de 1941.
O cenário de sanções foi repetido com o Vietnã do
Norte e continua com a Coreia do Norte hoje. Os lançamentos de mísseis e testes
de bombas nucleares do regime de Kim indicam que as sanções e embargos dos EUA
estão funcionando muito bem com a Coreia do Norte.
Enquanto isso, as sanções americanas contra a Rússia
estão prejudicando a economia europeia e realmente forçaram algumas empresas
europeias a demitir grande número de funcionários. Ao mesmo tempo, a Rússia e a
China construíram oleodutos e gasodutos entre seus dois países de modo que a
China possa comprar vastas quantidades de petróleo da Rússia, assim
beneficiando a economia russa. O comércio da Rússia com outras nações que não
honram a política de sanções dos EUA também aumentou. Outro “sucesso” das
sanções dos EUA: a Rússia agora exporta mais trigo do que os Estados Unidos.
Esse longo histórico de “sucesso” das sanções
americanas tem levado o presidente Trump a aceitar o conselho dos neocons, e
das agências de espionagem da Arábia Saudita e de Israel, e promover mais
sanções e embargos para “mudar a conduta” do Irã.
Se essas sanções vão funcionar bem contra o Irã e
contra os mulás, por que é que essa política de contenção não é mais necessária
para lidar com um assassino de massas como al-Bashir do Sudão?
(Em total transparência, já tive almoço no lar de
al-Bashir no Sudão a convite de um ex-parlamentar que mais tarde foi indiciado
por violar as sanções impostas no Sudão. O propósito da minha visita foi uma
missão de apuração de fatos para determinar a condição das minorias religiosas
no Sudão.)
Uma das experiências mais estranhas da minha vida foi
apertar a mão do presidente al-Bashir e sentir que o que ele mais gostaria de
fazer era me matar em alguma data posterior. Em sua presença dava para sentir o
poder e a confiança de um assassino, enquanto ele fazia piadas e ria com a
equipe de apuração de fatos que estava comigo, tranquilamente nos assegurando
que a liberdade religiosa não existente de sua nação realmente existia.
Ao que tudo indica, o presidente Trump viu alguma
coisa boa nesse ditador assassino de massas que eu não consegui ver, pois ele
está agora na lista de mocinhos dos EUA — apesar do fato de que ele faz Kim
Jong-um da Coreia do Norte parecer um verdadeiro compassivo em comparação. Ou talvez
isso foi um passo compreensível para o governo de Trump, já que os Estados Unidos
são aliados da Arábia Saudita, e o Sudão está dando apoio militar dos sauditas
em sua guerra sangrenta contra o povo do Iêmen. Os embargos e bloqueios da
Arábia Saudita contra o Iêmen têm causado dezenas de milhares de mortes por
doença e fome desde 2015. A Arábia Saudita tem usado bombas americanas para
aniquilar hospitais e escolas — e tem até disparado mísseis americanos em multidões
reunidas em casamentos e funerais. Tudo isso sem uma única palavra de condenação
do presidente Obama e do presidente Trump.
Desde o encontro do presidente americano Dwight D.
Eisenhower com o rei Saud em 1957 e a Doutrina Eisenhower, os EUA assumiram o
compromisso de serem conduzidos numa correia de cachorro pelos corruptos reis
sauditas em troca de dólares americanos sendo a moeda de referência no comércio
do petróleo. Se os reis sauditas abandonarem o petrodólar, o valor de um dólar
seria o que custa para a Reserva Federal (o banco central dos EUA) imprimi-lo.
Os Estados Unidos seriam forçados a pagar integralmente a dívida que devem aos
chineses com moeda real (ouro), causando inflação enorme.
Tudo o que as nações que querem sair da “lista de
bandidos” dos EUA precisam fazer é se tornar amigas dos governantes corruptos e
assassinos da Arábia Saudita.
A correia de cachorro que une os Estados Unidos à
Arábia Saudita precisa ser quebrada. Os EUA, que são ricos em energia e uma
superpotência militar, não precisam da mancha vergonhosa da família real
saudita corrupta e assassina em sua estrutura nacional.
Traduzido
por Julio Severo do original em inglês do WND (WorldNetDaily): Mass-murdering
dictator becomes America’s buddy
Fonte:
www.juliosevero.com
Leitura
recomendada sobre os neocons:
Leitura
recomendada sobre a Arábia Saudita:
Artigos
de William Murray:
Um comentário :
Enquanto existirem os petrodólares da arabia maldita vai ser esse sofrimento,mesmo porque os eua não são mais uma nação cristã e sim um balcão de negócios.
Postar um comentário