Marcos Botelho no Dois Dedos de Teologia: Um arrependimento sem arrependimento diante da questão do “casamento” gay
Julio
Severo
Em participação recente do programa Dois Dedos de
Teologia, Marcos Botelho, respondendo a Yago Martins sobre o que mais lhe causava
arrependimento no ministério pastoral virtual, confessou: foi um artigo dele
publicado na revista Ultimato em 2011, embora erroneamente ele dissesse 2010.
Imagem de apresentação do programa Dois Dedos de Teologia. Marcos Botelho está no canto à direita, de óculos. |
Botelho, que é pastor da Igreja Presbiteriana do
Brasil (IPB) e ligado ao grupo Jovens da Verdade, disse:
“Esse texto não era a minha visão
pastoral porque a prática homoafetiva não é bíblica, mas como minha opinião do
Estado laico. Eu achava que os direitos deveriam ser garantidos, em qualquer
Estado laico, de duas pessoas que estão juntas, não importa a orientação
sexual. O problema é que um senhor chamado Julio Severo pegou esse texto… e
isso deu um estrago… tive de fazer reunião com os líderes da Ultimato…”
Ele acabou dizendo muito mais, especialmente
desabafando queixas contra mim. Para ver tudo o que ele disse no Dois Dedos de
Teologia, acesse este vídeo: https://youtu.be/bUok6vHUpwI
O que ele afirmou que “causou estrago” e gerou uma
“reunião com os líderes da Ultimato” foi uma denúncia intitulada “Luta
cristã pelo ‘direito’ de praticar abominações?” que escrevi em 2013.
Na denúncia, citei algumas das próprias declarações de Botelho, inclusive a
seguinte:
“Hoje, vendo a luta do movimento
LGBTT, lendo a PL 122 e pensando no nosso compromisso cristão por uma sociedade
para todos com as leis laicas, penso que o direito ao casamento (união
estável), a herança e outros direitos civis dos homossexuais deveriam ser
garantidos por lei e defendidos por nós protestantes, pois se sofremos um
preconceito no passado por leis baseadas na fé dos ‘outros’ que iam contra os
nossos direitos, por que agora que temos voz garantida não vamos lutar pelos
outros?… Nós evangélicos deveríamos ser a voz em defesa (dos direitos legais)
dos homossexuais…”
Botelho disse no Dois Dedos de Teologia que ele
defende a “união estável homoafetiva.”
No final das contas, qual é a diferença? A “união estável homoafetiva”
resulta no mesmo problema do “casamento” gay, já que a Constituição brasileira
diz que é dever do Estado transformar as uniões estáveis em casamento. Dê aos militantes
homossexuais a “união estável,” e o Estado estará sob a obrigação
constitucional de converter essa abominação em “casamento.”
Se até mesmo nos Estados Unidos, país de maioria
evangélica, o
“casamento” gay foi aprovado em 2015 sem que a legislação americana
possuísse uma cláusula exigindo a transformação de uniões estáveis em
casamento, o que dizer do Brasil, onde essa cláusula existe?
O que dizer também do silêncio da blogosfera
calvinista diante da postura liberal de Botelho? O artigo dele permaneceu
intacto no portal da revista Ultimato durante quase dois anos meio — de maio de
2011 a outubro de 2013. Durante todo esse tempo, nenhum teólogo calvinista se
manifestou contra a postura liberal de Botelho.
A Ultimato, que é uma revista de orientação
presbiteriana, jamais deveria ter publicado tal texto, que só foi removido após
minha denúncia e a pressão dos meus leitores. Fiz a denúncia depois que
leitores atentos se comunicaram comigo mostrando o artigo de Botelho na
Ultimato.
E como não denunciar? Até mesmo hoje, a postura
liberal de Botelho continua intacta, conforme ele confessou no Dois Dedos de
Teologia. Ele disse: “Esse texto não era a minha visão pastoral porque a
prática homoafetiva não é bíblica.” Se
não era a visão dele, por que ele a defendeu?
E por que usar a terminologia “prática homoafetiva”?
“Homoafetividade” é o termo que os militantes homossexuais utilizam para
acobertar e adocicar suas práticas sexuais imundas e abomináveis. Por que um
pastor presbiteriano usaria tal termo?
Homoafetividade não tem nada a ver com relações
sexuais, conforme me apontou o Pr. Eguinaldo Hélio de Souza, do Vale da Bênção.
A palavra “homoafetivo”, embora seja uma expressão criada modernamente, não tem
ligação com o ato sexual dos homossexuais. Tem ligação parcial com a língua
grega, onde a palavra grega “homos” significa “igual”. Junte “homos” com
afetivo, e temos “homoafetivo”, que literalmente significa “afeição” ou “afeto”
pelo igual.
Nesse sentido literal, todo pai que tem afeição pelo
filho é “homoafetivo”. Toda mãe que tem afeição pela filha é “homoafetiva”.
Daí, sou homoafetivo porque tenho afeição e afeto pelos meus filhos do sexo
masculino, que são meus iguais, pois são do mesmo sexo que eu.
Mesmo que você não seja casado, provavelmente você
também tem afeição e afeto por amigos que têm o mesmo sexo que o seu. Daí, você
também é homoafetivo!
“Homoafetividade” nada tem a ver com o órgão sexual
masculino enfiado no orifício de outro homem. Homoafetividade, ou afeição entre
iguais, é a relação saudável de afeição entre pais e filhos e mães e filhas, e
também a afeição e afetividade entre um homem e seus amigos do sexo masculino,
e a afeição e afetividade entre uma mulher e suas amigas do sexo feminino.
Homoafetividade leva a profundas amizades. Na Bíblia,
vemos homoafetividade entre Davi e Jonatas, entre Jesus e seus apóstolos, etc.
O que leva ao homossexualismo não é a homoafetividade,
mas o pecado. Você pode ler mais sobre esse assunto acessando este artigo: “Sou
homoafetivo.”
No Dois Dedos de Teologia, Botelho se queixou de que
minha denúncia na verdade o usou para bater na Ultimato. Ele esperava o quê? Se
uma grande revista evangélica publica um artigo a favor do “casamento” gay, ela
se compromete por inteiro e deve arcar com as consequências.
Se meu blog publicar um artigo defendendo o
“casamento” gay (ou, como diz hoje Botelho, “união estável homoafetiva”), eu
terei de arcar com as consequências.
Mas, com a exceção absoluta da denúncia do meu blog,
Botelho não enfrentou nenhuma consequência no universo presbiteriano. Nem mesmo
o Dois Dedos de Teologia, que é de orientação calvinista, puxou-lhe a orelha.
Nem mesmo Augustus Nicodemus (que é apresentado de forma proeminente na foto de
apresentação do Dois Dedos de Teologia e é uma figura proeminente na Igreja
Presbiteriana do Brasil e todas as suas instituições) nunca escreveu um artigo
e nunca produziu um vídeo para repreender Botelho, que é seu colega de
ministério na IPB.
Pelo visto, presbiterianos e calvinistas não gostam de
apontar e denunciar o liberalismo teológico de seus próprios colegas pastores.
No Dois Dedos de Teologia, Botelho se queixou “desse
senhor” (Julio Severo) e aproveitou também para se queixar da Bancada
Evangélica. Ele disse:
“Depois de três e quatro anos como
fica o texto no blog desse senhor as pessoas veem e voltam e a polarização não
estava assim nem a Bancada LGBT era tão forte e tão maldosa como é a dos
evangélicos — a Bancada Evangélica. Então eu estava no meio de uma guerra e as
pessoas usavam o meu texto, que nem está mais no meu blog, porque eu tirei
depois que as pessoas começaram a atacar meu pai…”
Botelho acusa a Bancada Evangélica de ser mais maldosa
do que a bancada homossexualista. Por que tal queixa? Enquanto a Bancada
Evangélica, sob pressão, combatia o que Botelho chama inocentemente de “união
estável homoafetiva,” a bancada homossexualista a defendia. Claro, para Botelho
o lado maldoso era o que estava contra essa “doce” união.
Para Botelho, para deixar de ser maldosa a Bancada
Evangélica deveria lutar para garantir supostos direitos homossexuais.
O pai de Botelho é o fundador do grupo Jovens da
Verdade. Ele foi pressionado e questionado, por antigos membros do Jovens da
Verdade, acerca da postura liberal do filho. Essa pressão e questionamento
Botelho chama de “ataques.”
No Dois Dedos de Teologia, ele declarou que ainda hoje
as pessoas o atacam por causa desse texto. Não são “ataques” vindo dos
apologetas calvinistas. E não são “ataques” contra um pastor presbiteriano
sinceramente arrependido por ter publicamente defendido uma postura liberal,
pois, como deixou claro Botelho no final do programa: “Isso era uma opinião
minha, pessoal, que eu acho que eu não deveria ter colocado. Não que eu discorde disso, mas é porque
às vezes cria coisas que não deveriam, não encurtam o caminho.”
Depois de mais de 5 anos da publicação de sua postura
liberal (que ele chamou de opinião pessoal), Botelho mostra um arrependimento
sem arrependimento. Ele lamenta ter publicado, mas deixa claro que ele não discorda da postural liberal
promovida no espaço do portal da revista Ultimato.
A postural liberal dele deveria exigir uma rigorosa
disciplina pastoral da denominação dele, a Igreja Presbiteriana do Brasil. O
liberalismo teológico jamais deve ser tolerado. Então, por que em todos esses
anos, Botelho não recebeu de sua denominação a desintoxicação bíblica de que
ele tanto necessita?
Apesar da omissão e silêncio dos grandes e pequenos
sites e blogs apologéticos calvinistas, a postura liberal de Botelho sofreu um
estrago, conforme ele mesmo reconheceu, devido à denúncia do meu blog. A
denúncia mobilizou evangélicos de todo o Brasil a fazerem pressão na revista
Ultimato, resultando na remoção do artigo liberal de Botelho.
A denúncia mobilizou também antigos membros do Jovens
da Verdade, especialmente o Pr. Alberto Thieme, contra o liberalismo teológico
de Botelho.
Sem denúncia, não há pressão e mobilização.
Sem denúncia biblicamente competente, não há estragos
no liberalismo teológico.
Sob pressão, a revista Ultimato, gostando ou não,
removeu o texto liberal de Botelho. Só falta agora a IPB, inclusive Nicodemus,
adotar alguma ação contra o liberalismo teológico dele.
Botelho é um dos diretores da organização Jovens da
Verdade, que é dona da FLAM, Faculdade Latino-americana de Teologia Integral. O
diretor da FLAM é o apóstolo da TMI (Teologia da Missão Integral) no Brasil,
Ariovaldo Ramos. Com
a participação de Botelho, o Jovens da Verdade patrocina eventos da TMI para
jovens.
Botelho foi um dos principais
preletores de um grande evento de TMI na Universidade Presbiteriana Mackenzie
em 2013.
O problema de Botelho parece ser o ambiente repleto de
TMI no Jovens da Verdade e na FLAM. Como ele é filho do fundador do Jovens da
Verdade, a vida dele está repleta de TMI.
Coincidência ou não, a TMI
está ativamente envolvida na defesa da Teologia Gay.
Só a pressão dos evangélicos pode impedir o avanço do
liberalismo teológico que defende uma suposta “união estável homoafetiva,” que
chama a Bancada Evangélica de “maldosa” e que se queixa de que os artigos de
Julio Severo causam estragos.
Fonte:
www.juliosevero.com
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7 comentários :
Como de costume, um texto claro, corajoso, inteligente e absolutamente pertinente. Com ele aprendo que a visão bíblica é válida não somente para o ambiente cristão evangélico, mas para fora deste ambiente também e que, portanto, devemos ter a mesma opinião e sermos íntegros "...por onde quer que andares". Por outro lado, vejo também o uso de vãs filosofias e do pensamento secular rudimentar a inspirar tal divisão de opiniões. Outrossim, é engraçado ver pessoas formadas por institutos de educação superior da IPB cair em erros tão crassos e tão básicos. Isso nos faz questionar se, realmente, vale a pena estudar em lugares como o Andrew Jumper, por exemplo.
O pior não é nem os erros da liderança maligna da Igreja Presbiteriana, é a complacência e o silêncio dos seus membros!
Mais falsos cristãos! pois amaram mais a glória dos homem que a Deus!
Olá graça e paz a todos! Sem dúvidas é grave este tipo de "conversa mole" em relação ao pecado. Neste ponto eu sou 100% a favor do Júlio Severo que expõe a gravidade de todo e qualquer pecado como poucos que conheço. Quanto a calvinistas, independente da teologia, da denominação cristã, do compromisso aparente, o joio está no meio do trigo, isso é real, bíblico. Subjetivamente falando não gosto muito do agrupamento o qual os escritos do Júlio (ainda que com boas intenções faz)no sentido do leitor (leigo e ou parcial) ficar com a impressão de que o problema é na teologia reformada em si (calvinismo). Não obstante a retórica é verdadeira, ainda mais a considerarmos a ótica daqueles que mais prezam pela palavra de Deus e pela sã doutrina bíblica, os adeptos da doutrina da graça, rotulados de calvinistas. Não é a teologia que salva, Deus é quem salva, e o pecado é o que conduz a condenação eterna, por isso parabéns Júlio! Deus abençoe!
Parabéns, Julio. É preciso estarmos atentos. A Presbiteriana precisa rever seus conceitos, corrigir seus erros, ficar ligada na Palavra de Deus e nela, somente.
A Ultimato é revista propagandista da TMI. Isso não me espanta.
Quanto ao Dois Dedos de Teologia, deixei de assistir logo que conheci quando a vinheta demonstrava puro desrespeito à Ceia do Senhor.
Concordo com você, irmão Julio.
Somente gostaria de fazer uma observação: o que define o sentido de uma palavra não é a etimologia ,mas uso da palavra. Não são raros os vocábulos que com o tempo sofreram alteração de significado.
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