O mínimo que você precisa saber para não ser um “evanjegue”
Julio
Severo
“O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um
Idiota” é um livro escrito pelo imigrante nos EUA Olavo de Carvalho, publicado
pela Editora Record em 2013. “Evanjegue” é um termo que ele emprega contra os
evangélicos.
Seu livro remove (ou censura) o papel vital do
protestantismo americano no capitalismo e o atribui exclusivamente à Igreja
Católica, talvez baseando-se num escritor comunista italiano. No Capítulo 5
“Capitalistas X Revolucionários,” na seção “Capitalismo e Cristianismo,”
Carvalho disse: “para o guru supremo Antonio Gramsci, era a inimiga número um
da revolução proletária: a Igreja Católica.”
Carvalho parece desconhecer que comunistas mentem e não
são inteligentes, mesmo quando parecem.
Se
Carvalho leu o livro clássico “The Protestant Ethic and the Spirit of
Capitalism” (A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo), escrito pelo
sociólogo e economista alemão Max Weber e publicado em inglês em 1930, ele não
entendeu nada ou só entende o que lhe agrada. Ou é tão avesso ao protestantismo
que prefere a palavra de comunistas como Gramsci. Ele prefere colocar sua fé em
cada palavra de Gramsci e duvidar de Weber e todos os que reconhecem que o
capitalismo só prosperou grandemente com valores protestantes?
O único entrave que Gramsci via para o avanço marxista
era a Igreja Católica, porque ele vivia na Itália, onde Igreja Católica e
Estado tinham um relacionamento promíscuo.
Não havia nenhuma outra igreja influente na Itália. Só
a Igreja Católica. É dessa experiência limitada que Gramsci deduziu que o
catolicismo é a única influência.
Não era só os comunistas que enfrentavam entraves para
avançar. Evangélicos também. Nada que se opusesse aos interesses da Igreja
Católica podia avançar na Itália. A Igreja Católica não dava liberdade para
ninguém.
O alcance da visão de Gramsci então não era diferente do
alcance da visão de um agricultor pobre do interior do Brasil em 1944 que veria
ameaças locais como mais importantes do que o nazismo em plena 2 Guerra
Mundial. A visão do agricultor só alcançava sua realidade imediata, desconhecendo,
por ignorância e falta de acesso a meios de comunicação, a realidade
internacional longínqua maior.
Se Gramsci vivesse nos EUA, sua visão “camponesa”
seria ampliada e vencida pela realidade de que os EUA, de vasta maioria
protestante e com valores protestantes, eram de longe o maior entrave para o
comunismo.
Mas no universo italiano limitado de Gramsci, só existia
o poder político da Igreja Católica. Ele desconhecia totalmente o poder político
do protestantismo americano, inclusive que o maior opositor da esotérica
marxista Margaret Sanger era um evangélico chamado Anthony
Comstock, que foi o primeiro ativista pró-vida e pró-família da história
moderna.
Sanger, americana de ascendência católica irlandesa,
fundou a IPPF, a maior organização de aborto, contracepção e educação sexual
imoral do mundo.
Acreditar, pois, na visão simplista e camponesa de
Gramsci é ser idiota demais.
Carvalho não tem desculpa para ter tal visão simplista
e camponesa. Ele vive autoexilado como imigrante nos EUA, o maior país
protestante do mundo, porque ele reconhece nesse país a característica de
resistência ao marxismo que o Brasil ultracatólico ou a Itália ultracatólica de
Gramsci nunca demonstrou.
Contudo,
o livro de Carvalho busca fazer o leitor de idiota ao desvincular valores
protestantes americanos do capitalismo. Não é coincidência que o país mais
protestante do mundo seja também o país mais capitalista do mundo. De longe, o
pior tipo de antiamericanismo é o que nega que os valores fundamentais da
sociedade americana são valores protestantes.
O livro de Carvalho está repleto de omissões, que dá
para chamar de censura, ao papel do protestantismo americano no capitalismo. A
única referência mais próxima entre capitalismo e protestantismo no livro dele
foi totalmente negativa, onde ele disse:
“Daí, também, que o capitalista financeiro
(e mesmo, por contaminação, o industrial), se ainda tinha algo de cristão,
continuasse a padecer de uma falsa consciência culpada da qual só podia
encontrar alívio mediante a adesão à artificiosa ideologia protestante da
‘ascese mundana.’”
Em contraste, há abundantes citações positivas sobre a
Igreja Católica. O leitor menos idiota notará a discrepância em suas intenções
quando ele mesmo apresenta a Igreja Católica como inimiga do capitalismo dos
EUA e Inglaterra. Ele disse:
“A Igreja [Católica] busca ainda
hoje enxergar um remédio contra os supostos males do liberal-capitalismo, que
por seu lado, onde veio a existir — Inglaterra e Estados Unidos —, nunca fez
mal algum a ela e somente a ajudou, inclusive na hora negra da perseguição e do
martírio que sofreu nas mãos dos comunistas e de outros progressistas
estatizantes, como os revolucionários do México que inauguraram nas Américas a
temporada de caça aos padres.”
Ao dizer “ainda
hoje,” ele reconheceu a oposição persistente, no passado e hoje, da Igreja
Católica ao capitalismo americano — uma oposição que claramente se enquadra
em antiamericanismo. Sua atitude, pois, de censurar o capitalismo
essencialmente protestante e se apegar à visão simplista e camponesa de Gramsci
foi uma atitude essencialmente idiota e antiamericana.
Negar
a alma protestante do capitalismo americano é a mesma coisa que negar a alma
judaica da terra de Israel. Essa negação antiamericana é abundante no livro “O
Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota.”
Para quem gosta de elogiar o capitalismo americano, a
omissão, ou censura, de sua alma protestante é desonesta.
Como mostrou Max Weber em seu livro clássico, o
capitalismo, definido como operações mercantis, existiu em várias formas na
Babilônia, Egito antigo, China, Índia e Europa católica medieval. Mas ele frisou que só no Ocidente, onde
havia a ética protestante, especialmente Holanda, Inglaterra e Estados Unidos,
o capitalismo prosperou de modo livre suas sociedades.
Não
satisfeito em desvincular o capitalismo americano do protestantismo, em seu
artigo “Herança de confusões,” Carvalho disse:
“Um dos mitos preferidos da cultura americana é o de que a Reforma
protestante foi uma das fontes principais da liberdade religiosa, dos direitos
individuais e da proteção contra os abusos de um governo central. Some-se a
isso a falsa crença weberiana (ou semiweberiana) de que a ‘ética protestante’
gerou o capitalismo, e a única conclusão possível é que o cidadão de hoje em
dia deve a Lutero e Calvino, no fim das contas, praticamente todos os
benefícios legais, políticos e econômicos de viver numa democracia moderna. Mas
tudo isso é propaganda, não História.”
A
acusação de Carvalho do protestantismo como fonte de liberdade religiosa nos
EUA sendo “mito” é tão absurda quanto seu vício de chamar a Inquisição de “mito.”
Ele não tem nenhum diploma em história e assuntos relacionados.
Há
vários escritores americanos que têm livros específicos que refutam tal
acusação, inclusive:
*
William J. Federer, America’s God and Country Encyclopedia of Quotations (Fame
Publishing, Inc., 1996).
*
Michael Farris, History of Religious Liberty: From Tyndale to Madison (Master
Books, 2015).
*
Jerry Newcombe, The Book That Made America: How the Bible Formed Our Nation
(Nordskog Publishing, Inc., 2009).
O
livro de Newcombe mostra como a Bíblia, que tinha a primazia absoluta na
Reforma protestante e no início dos EUA, que tinha uma população 98 por cento
de protestantes, moldou tudo nos EUA, inclusive a liberdade religiosa.
Então
a acusação de Carvalho faz sentido somente, na esfera da fantasia ideológica,
se ele usou fontes marxistas e iluministas para entender a realidade americana.
Longe
de reconhecer o capitalismo com o protestantismo e a liberdade religiosa,
Carvalho leva seus leitores a interpretar de modo incorreto a realidade, sendo
ensinados que o protestantismo trouxe maior ditadura da Igreja Católica na
Europa medieval.
Embora
eu não seja calvinista, não entendo a sanha insistente de Carvalho contra o
calvinismo, sempre retratando em português o protestantismo, principalmente o
calvinismo, como uma ditadura nunca vista antes. Uma amostra, conforme mostrada
em seu artigo “Herança de confusões”:
“Mesmo na mais louvada das democracias, o Estado é hoje o mediador e
juiz soberano de todas as ações e relações humanas, até as mais particulares e
íntimas, com uma sanha controladora e uma prepotência invasiva desconhecidas em
todas as sociedades anteriores — com uma única exceção, a ditadura de João
Calvino em Genebra, o que não é de maneira alguma uma coincidência.”
Na
União Soviética, ninguém podia escolher ser não-comunista. Na Europa medieval,
ninguém podia escolher ser um não-católico. Como é que Carvalho acha que o
protestantismo tornou a Europa pior do que estava sob o domínio católico?
Enquanto na União Soviética o povo não era proibido de ler os livros comunistas
de Marx e Lênin, na Europa católica o povo era proibido de ler a Bíblia e
usá-la para guiar suas vidas. Como é que o protestantismo foi pior se acabou
com a proibição?
Em
seguida, Carvalho disse que os perigos marxistas temíveis que estão ameaçando
católicos e protestantes hoje só vieram a existir por causa da “ajuda solícita”
de Lutero e Calvino, como se antes de Lutero e Calvino a Europa, sob os papas, tivesse
pura democracia sem nenhuma ditadura, perseguição e Inquisição. Essencialmente,
ele culpou Lutero e Calvino por todos os males modernos, inclusive o marxismo. Ele
disse:
“Por uma ironia aliás bastante compreensível, as igrejas protestantes
sofrem as conseqüências disso tanto quanto ou mais que a católica, à qual hoje
têm de se juntar num front comum para fazer face a perigos temíveis que nunca
teriam chegado a existir sem a ajuda solícita de Lutero e Calvino.”
Até
certo ponto, ele está certo. Numa ditadura católica absoluta com a Inquisição
(tal era a Europa medieval), nenhuma ideologia marxista poderia aparentemente
ter liberdade para expandir, pois a ditadura católica não ia querer competição.
Não haveria também liberdade para pessoas que quisessem ler a Bíblia em suas
próprias línguas!
Mas,
como Carvalho insinua, se o catolicismo é tão hostil a terríveis perigos
marxistas, por que a região mais católica do mundo — a América Latina — é tão
propensa ao marxismo? Se a teoria de Carvalho estivesse correta, o maior
propagandista da Teologia da Libertação no mundo seria a América protestante,
não o Brasil católico. Por que Carvalho deixou a América Latina e o Brasil para
viver como imigrante na maior nação protestante do mundo?
Essa
não é a sua única incoerência ou hipocrisia descarada.
Carvalho
minimiza os horrores da Inquisição, inclusive dizendo o absurdo de que ela foi
uma promotora de direitos humanos, e amplifica os defeitos e pecados de Lutero
e Calvino, dando-lhes uma dimensão cósmica como se eles tivessem sido autores
de ditaduras semelhantes à União Soviética.
Tradicionalmente, a Igreja Católica anda à vontade com
o socialismo e as igrejas evangélicas, especialmente as igrejas pentecostais e
neopentecostais, andam muito bem com o capitalismo.
Um
exemplo claro dessa realidade é que nas décadas de 1960 e 1970, no conflito
entre capitalismo e socialismo na América Latina (de vasta maioria católica), a
KGB, o maior serviço comunista de espionagem do mundo, dava apoio para setores
da Igreja Católica, enquanto a CIA, o maior serviço capitalista de espionagem do
mundo, dava apoio para setores pentecostais e neopentecostais das igrejas
evangélicas.
Mesmo
hoje, são as igrejas evangélicas que oferecem a melhor resistência ao marxismo.
A ativista de extrema esquerda Marilena Chaui reconheceu que a maior ameaça ao
marxismo no Brasil é a Teologia da Prosperidade, que nasceu em igrejas neopentecostais dos EUA.
Até Gramsci poderia ver essa realidade, se ele vivesse
no Brasil ou nos EUA. Mas a Itália, onde ele vivia, era de fato um universo
pequeno demais, limitando fatalmente sua visão.
A
realidade básica do continente americano é: onde floresceu o protestantismo,
prosperou o capitalismo. Onde floresceu o catolicismo, floresceu a Teologia da
Libertação, que é inimiga frontal da Teologia da Prosperidade. É de espantar
que o maior país protestante do continente americano e do mundo seja também o
país mais capitalista do mundo? É de espantar que o país mais católico do
continente americano e do mundo seja também o país mais adepto da Teologia da
Libertação no mundo? É de estranhar que a Teologia da Prosperidade, que é
capitalismo bíblico, tenha nascido nos EUA?
Para Carvalho, reconhecer que a Teologia da Prosperidade
das igrejas neopentecostais de origem americana é a maior ameaça ao marxismo entra
em choque com seu óbvio esoterismo. Mas exaltar a Igreja Católica não entra em
conflito com sua visão esotérica, pois o Brasil vastamente católico é
sincrético, tão sincrético que outros esotéricos, como Paulo Coelho, podem tranquilamente
se identificar como “católicos” ou “católicos místicos.”
Mas ambos nunca conseguiriam se identificar como
pentecostais ou neopentecostais, pois cedo ou tarde se deparariam com o ministério
de libertação espiritual, que é muito comum em igrejas desse tipo.
O catolicismo sincrético ou esotérico é imensamente
popular no Brasil e qualquer indivíduo que fizer uso desse sincretismo fará
sucesso. Paulo Coelho tem cerca de 30 milhões de seguidores no Facebook e
Carvalho tem menos de 2 por cento disso.
De forma semelhante, o leitor menos idiota notará que
o uso que Carvalho faz de Igreja Católica é tão contraditório quanto sua
tentativa de omitir e desunir o protestantismo americano do capitalismo.
No catolicismo real, o papa é o chefe e autoridade
suprema na Igreja Católica. No catolicismo de Carvalho, ele, não o papa, é a
autoridade real. No olavismo, a autoridade de Carvalho está acima da autoridade
do papa.
No
livro “O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota” há nove citações
positivas sobre a Inquisição, exaltando “benefícios” imaginários, minimizando
seus horrores atestados por historiadores e tripudiando no sangue inocente de
judeus e protestantes que eram principais vítimas.
Um leitor menos atento nunca perceberá que a defesa do
revisionismo da Inquisição que Carvalho faz entra em choque com o maior país
capitalista do mundo, os EUA, que sempre foram campeões da propaganda contra a
Inquisição. Nos EUA, protestantes e judeus capitalistas se uniram, em campanhas
sistemáticas, para mostrar ao mundo os horrores da Inquisição.
Os
EUA que sempre foram um entrave para o comunismo foram igualmente um entrave
para a Inquisição. Fazer oposição a essa liderança conscientizadora dos EUA não
é também uma forma de antiamericanismo?
No
caso de Carvalho, é um antiamericanismo contraditório, pois ele vive como
imigrante autoexilado no próprio país cujos valores protestantes ele despreza.
Ele conseguiu a proeza inédita de exaltar um capitalismo americano sem
protestantismo e uma Inquisição sem horrores! Isto é, ele amputou a ética
protestante onde ela sempre existiu — no capitalismo americano —, e ele
introduziu uma ética onde nunca existiu — na Inquisição.
O leitor menos idiota identificará facilmente no
esforço revisionista dele a mesma tática desonesta dos revisores do Holocausto,
que matava judeus.
No entanto, mesmo supondo que o leitor não note que
capitalismo e protestantismo sempre andaram muito bem juntos (sendo os EUA o
exemplo máximo), o leitor minimamente inteligente perceberá outras
discrepâncias fenomenais, se comparar o livro com outros escritos de Carvalho.
“Não estou alinhado a direita
nenhuma, mas não mudei em nada a minha convicção de que, num país saudável,
devem existir uma esquerda e uma direita, ambas com o direito a uma quota igual
de radicalismo.”
Um conservador genuíno rejeita categoricamente toda
coexistência com a Esquerda. Carvalho não. Enquanto um conservador evangélico
americano genuíno acredita que num país saudável não existe coexistência com a
Esquerda, Carvalho pensa exatamente o contrário.
Talvez isso explique por que embora Carvalho ataque a
Esquerda, grandes veículos de comunicação da Esquerda, como a Folha de S. Paulo
e O Globo, o entrevistam de forma respeitosa.
Ele
tem uma lábia, eloquência e sedução que é típica de astrólogo. Aliás, pode-se
chamá-lo de “astrólogo,” não por xingamento, mas porque ele fundou a primeira
escola de astrólogos do Brasil. Seu envolvimento não foi meramente de um homem
inocente que estudou sobre astrologia e esoterismo. Ele realmente levava
alunos, que pagavam seus cursos, a estudar astrologia e esoterismo. Ele se
tornou um mestre-astrólogo consultado por grandes revistas e canais de
televisão. Ele era um mestre nessa e outras áreas ocultistas.
A mesma sedução presente na sua antiga escola e curso
de astrologia está presente no seu atual curso de “filosofia.”
Em 7 de julho de 2017, um evangélico disse:
“Eu sou cristão protestante e sou
aluno de Olavo de Carvalho. Qual é o problema de Olavo de Carvalho? Por ele ser
católico? Ele sendo católico faz mais para humanidade e defesa do Cristianismo
geral do que milhares de evangélicos que não sabem nem a diferença de
socialismo e capitalismo.”
Se esse evanjegue (termo utilizado pelo astrólogo que
tacha como “jegues” os evangélicos que não pagam seus cursos) acha que discurso
antimarxista torna o astrólogo melhor do que milhares de evangélicos, então,
considerando que Jesus Cristo nunca atacou de forma direta e nominal o
marxismo, isso significa que o astrólogo é maior do que o Salvador?
Considerando que Adolf Hitler, que era católico
esotérico e tinha milhões de seguidores católicos e protestantes, já
tinha um discurso antimarxista quase 100 anos antes do
astrólogo brasileiro, isso significa que o líder nazista está acima de todos?
Com
um discurso estridentemente antimarxista, Hitler conseguiu o status de
“salvador da Alemanha.” Com um discurso estridentemente antimarxista, Carvalho
está conseguindo o status de “salvador do Brasil” entre os adeptos de sua seita
político esotérica no Brasil.
Não sei o que é pior: Um astrólogo se fingindo de
conservador, um olavete se fingindo de evangélico ou um idiota se fingindo de
inteligente só porque faz o curso de um astrólogo.
A hipnose, assim como a astrologia, faz parte do
ocultismo. Só a hipnose explica a tremenda cegueira dos evanjegues.
Por evanjegue me refiro aos olavetes evangélicos, que
seguem cegamente Carvalho. Todo olavete evangélico é um evanjegue. São
evangélicos muito sugestionáveis à eloquência do astrólogo.
Perguntei certa vez a um evanjegue se ele acreditava
em tudo o que o astrólogo dizia sobre Deus e Bíblia. Ele respondeu que não e a
razão dada foi que ele tinha conhecimento bíblico suficiente para saber que o
astrólogo estava errado, mas garantiu que, em política e geopolítica, o
astrólogo estava totalmente certo.
Quando lhe perguntei por que ele achava que o
“astrólogo tem razão,” o motivo apontado foi caipiresco: Como ele não tinha
conhecimento suficiente e o astrólogo lia muito, o evanjegue concluiu que o
astrólogo deveria saber muito mais que ele.
A certeza dele era totalmente baseada nos seus
próprios desconhecimentos. Pior do que o ignorante que confia na sua própria
ignorância é o ignorante que confia na ignorância ou malícia dos outros.
Perguntei-lhe então: “O astrólogo é honesto em
assuntos bíblicos e sobre a Inquisição?”
O evanjegue respondeu: “Não.”
Conclui: “Se ele não é honesto em alguns assuntos
importantes, como você pode confiar que ele é honesto em outros assuntos?”
O astrólogo devolve a cegueira generosa dos
evangélicos com declarações públicas de que vai continuar xingando-os, como se
ambos estivessem num relacionamento adúltero e imoral onde é comum a amante ser
xingada e apanhar do homem casado com outra mulher. No caso, Carvalho, que já
está casado com o esoterismo, disse em 2016:
“Lutero e Calvino eram almas cheias
de ódio. O primeiro foi um genocida, o segundo o inventor do governo
totalitário. Seus seguidores estão no caminho do inferno, e se for preciso
xingá-los de tudo quanto é nome para tirá-los dessa enrascada, farei isso sem
dó nem piedade.”
No entanto, um evanjeque jamais se importa de ser
tratado e xingado como se fosse um comunista. Ao que tudo indica, os evanjegues
gostam de ser xingados pelo astrólogo como se fossem meras prostitutas dele. Perderam
toda a vergonha.
Alguns ficaram chocados com o deputado Marco Feliciano
recomendando ao mesmo tempo os esotéricos Paulo Coelho e Olavo de Carvalho.
Veja: http://bit.ly/2sOM12h
Feliciano foi até
mencionado pelo BBC como o maior político apoiador do astrólogo, porque
em pleno Congresso Nacional ele
louvou Carvalho “como um verdadeiro profeta” — o mesmo
homem que exalta a máquina assassina da Inquisição que matava homens e mulheres
de Deus.
Normalmente,
Feliciano condena torturas e genocídios. Em 2015, da tribuna do Congresso
Nacional ele condenou o genocídio de cristãos armênios cometido
por muçulmanos turcos,
não se deixando iludir pela campanha de revisionismo islâmico contra o massacre
de cristãos. Contudo, ele não conseguiu escapar do revisionismo do astrólogo
contra judeus e protestantes.
Num
contraste desconcertante, em vez de ele usar a tribuna do Congresso para
condenar a Inquisição (que já foi condenada até pelos legisladores de Pernambuco, que
tem hoje uma data oficial em memória das vítimas da Inquisição), Feliciano tem vergonhosamente exaltado no Congresso
Nacional o maior defensor brasileiro do revisionismo da
Inquisição.
Como é que Feliciano, que é pastor da Assembleia de
Deus, não se tornou idiota do revisionismo dos muçulmanos, mas virou idiota do
revisionismo de um astrólogo brasileiro? Sedução? Hipnose?
Qual a diferença de Feliciano bradar contra o
revisionismo dos muçulmanos, mas calar diante do revisionismo do astrólogo? Se
ele pôde aceitar um, por que não o outro? Qual é a explicação para esse
“preconceito” e “discriminação”?
E não é só o Feliciano que caiu na lábia e eloquência
do astrólogo. Há também protestantes tradicionais. No ano passado, informei
sobre um pastor tradicional e sua esposa que se converteram ao catolicismo sincrético
depois de fazerem o curso do astrólogo. Veja: http://bit.ly/1U7xSaM
Na semana passada, informei sobre Fábio Blanco, um
escritor que acabou abandonando sua igreja batista depois de fazer o curso do
astrólogo. Agora, ele está defendendo o esoterismo. Veja: http://bit.ly/2ukNyhP
Todos eles são incapazes de enxergar as incoerências
do astrólogo. Não enxergam nem mesmo as mais descaradas e mentirosas ofensas
dele contra sua ex-fé, numa das quais ele disse recentemente:
“O Protestantismo nasceu do ódio e
da sêde de sangue. Sua inspiração cristã é ZERO.”
Os evanjegues, ou idiotas, estão com a mente tão
cauterizada que são incapazes de se sentir ofendidos com as ofensas do
astrólogo. Mas como é típico entre eles, se você aponta que as declarações do
astrólogo são ofensivas, o evanjegue ou idiota fica ofendido — com você!
Quem parece ter feito o comentário mais certeiro foi o
cantor Lobão, que disse:
“A ofensa é o expediente do imbecil.”
Se ele estiver certo, o astrólogo é um dos maiores imbecis do Brasil. Ele não
poupa ofensas a ninguém.
Se você, mesmo sendo médico, diz
que o cigarro faz mal, o astrólogo despeja um balde de ofensas em cima de
você.
Se você, mesmo sendo judeu ou protestante, diz que a
Inquisição torturava e matava milhares de inocentes, o
astrólogo despeja um balde de ofensas em cima de você.
Se você, mesmo sendo católico, cobra dele o
catolicismo raso, superficial e sincrético dele, o astrólogo despeja um balde
de ofensas em cima de você.
No
assunto da Inquisição, sei de experiência própria. No próprio ano em que ele
publicou seu livro “O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota” em
2013, Carvalho começou a despejar balde após balde de
ofensas em cima de mim.
Digo “começou” porque ele nunca mais parou. Até hoje ele continua jogando
ofensas contra mim — exclusivamente porque eu, como todo bom evangélico
americano e todo judeu, não posso e nunca aceitarei o revisionismo da
Inquisição, assim como nunca aceitarei o revisionismo do Holocausto nem o
revisionismo islâmico do Genocídio dos Cristãos Armênios.
Não sou idiota, e muito menos evanjegue, para aceitar
esse revisionismo e seu esforço desonesto, amplamente documentado em seu livro,
de divorciar o protestantismo americano do capitalismo. Nunca aceitarei esse
tipo de antiamericanismo idiota e antievangélico.
O título “O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser
Um Idiota” é pretencioso demais, pois em vez de livrar os leitores da idiotice,
os leva, sob hipnose ou sedução, a idiotices complexas, especialmente os leitores
evangélicos que, no lugar do genuíno conservadorismo capitalista evangélico
americano, acabam dando a atenção e a alma para um conservadorismo esotérico
que valoriza a Inquisição e um falso capitalismo americano mutilado de seus
valores protestantes essenciais e originais.
Carvalho se tornou um poderoso ilusionista filosófico-esotérico,
manipulando e torcendo ao canto de sereia a realidade do capitalismo,
Inquisição, protestantismo, homossexualismo e outros assuntos importantes.
Seu ilusionismo deveria ser totalmente desnecessário e
rejeitado entre evangélicos. Décadas antes de Carvalho, a
consciência antimarxista do evangélico brasileiro já vinha sendo formada com
ajuda americana, e nada do que o astrólogo fez acrescentou algo a
isso.
Seu
ilusionismo é fruto de seu histórico. O alegado “anticomunismo” de Carvalho
veio do que ele aprendeu na Escola Tradicionalista, que misturava conservadorismo
antimarxista com ideias da Nova Era. A Escola Tradicionalista foi fundada pelo
esotérico islâmico René Guénon, e Carvalho foi um dos principais introdutores
desse feiticeiro e suas ideias da Nova Era no Brasil. Além disso, ele traduziu
para o português um dos livros de Guénon.
O próprio filme “O Jardim das Aflições,” um culto à
personalidade do astrólogo, é uma obra da Nova Era, com várias características
esotéricas, que podem ser conferidas aqui: “O
Jardim das Aflições,” um filme da Nova Era.
Desde quando os evangélicos precisam de inspiração
esotérica e de conselhos de um neocon para lutar contra o marxismo? Antes de
Carvalho, eles já tinham uma excelente inspiração de líderes evangélicos
americanos. E sua luta está muito bem registrada na História do Brasil.
O catolicismo sincrético aceita bem parceria com o
esoterismo. Por isso, Carvalho
e Pe. Paulo Ricardo se elogiam mutuamente. Em seu
livro, que virou best-seller, Carvalho fala muito de religião, especialmente
catolicismo, mas mostra uma sanha obsessiva de apagar a importância protestante
americana vital no capitalismo. Se isso é não é antiamericanismo, então o que
é?
Se o que Lobão disse (“A ofensa é o expediente do
imbecil.”) está certo, então Carvalho é, junto com Lula e os petistas que
adoram ofender, um dos maiores imbecis do Brasil.
Só um leitor igualmente imbecil, ou idiota, ou
evanjegue, para não ver isso.
A propaganda cínica típica dos olavetes é alegar que
as ofensas do astrólogo são comentários mal-interpretados e que para entender a
mente esotérica do astrólogo, a vítima precisa mergulhar totalmente no
olavismo, comprando os livros dele e fazendo o curso dele. Para os bolsos do
astrólogo, isso é excelente. Mas no final, a vítima acaba, além dos bolsos
esvaziados, com a mente esvaziada, ficando idiotizada por uma realidade falsa e
mutilada e teorias de conspiração.
Só um leitor imbecil, ou idiota, ou evanjegue, e acima
de tudo embruxado, para não enxergar as mutilações e falsificações eloquentes do
capitalismo americano e Inquisição em “O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não
Ser Um Idiota.”
Jesus disse que a verdade liberta.
A
Bíblia, não o livro de um astrólogo, é “O Mínimo Que Você Precisa Saber Para
Não Ser Um Idiota.”
As
palavras de Jesus, não as palavras de um astrólogo, são “O Mínimo Que Você
Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota.”
Agora, sabendo disso, você só vai ser imbecil, idiota,
evanjegue e embruxado se quiser.
Atualizado e ampliado em 21 de novembro de 2017.
Versão em inglês deste artigo: The Least You Should Know to Be Not a “Protestant Donkey”
Fonte:
GospelPrime
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7 comentários :
Excelente texto Pr. Júlio. Pena que os evangélicos seguidores da filosofia de Olavo, não estudam melhor a Bíblia e bons livros sobre a verdade que envolve a Inquisição e demais temas abordados aqui. Estive recentemente em um grupo de Zap do Brasil Paralelo. Fizeram outro grupo só de alunos olavetes. Não durei 2 meses lá. Flui expulso simplesmente por compartilhar um artigo seu no grupo. Artigo esse que, longe de louvar, denuncia os erros do esotérico Carvalho. Eles me xingaram - a semelhança de seu Guru espiritual -, ofenderam de todas as formas e, no fim, me excluiram do grupo. Fiquei tão, mais tão triste que, naquela noite, nem dormi. Rsrsrsrsrsrsrs...
Parabéns, Julio Severo, pela brilhante publicação! Jesus disse: "e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." (Jo 8:32) (ARA). Só conhecendo a Palavra revelada de Deus, podemos ser verdadeiramente livres. Considero Olavo de Carvalho o maior pensador brasileiro vivo, mas, depois do seu alerta, já tenho minhas dúvidas. Você disse tudo, quando afirma: "A Bíblia, não o livro de um astrólogo, é 'O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser um Idiota'". Seu post é brilhante e vou compartilhá-lo com os meus amigos e familiares.
Perfeito! Talvez o título mais apropriado seja "O que você precisa saber para não ser um olavet"
Julio, achei estranho o seu comentario as falas do Prof. Olavo, "considerando que Jesus Cristo nunca atacou de forma direta e nominal o marxismo", como Jesus poderia atacar Karl Marx se ele so iria nascer em 1818? Se nao havia Marx, nao havia a desgraca do marxismo! Hoje temos Marxismo, Granscismo, Lininismo, Stalinismo, Islamismo, Jorge Soros e milhares de pessoas ou legados maleficos e que tentam com todos as forcas destruir a humanidade! Qualquer acao feita no sentido de parar com o avanco dessa infamia deveria ser bem recebida e nao sao desculpas para que fiquemos nos degladiando! Eu sou Catolica Apostolica Romana, porem nao aceito os atos da CNBB, nem a Teoria da Libertacao, nem a comunizacao da cupula da Igreja que esta sendo levada a seguir um papa que para mim nao e o sucessor de Jesus, o mesmo lugar de Pedro.
Gosto de seus ensinamentos, embora discordando de algumas atitudes e gosto do Prof Olavo, tambem discordando de muitas atitudes dele. Mas estou certa de que ambos querem o melhor para o pais e para o mundo e por isso, devem ser respeitados e seguidos. Que Deus esteja com voce, sempre!
Política Sem Medo: Espero que um dia você entenda que o astrólogo Olavo não é católico. É um infiltrado. Note que meu texto apresenta várias falsificações que ele faz. Eu não confio em falsificadores. Não precisamo de mentira e desonestidade para combater o marxismo. Hitler, que era nominalmente católico, mas interiormente um ocultista, usou de falsificações e desonestidade em sua propaganda antimarxista. E deu no que deu. Precisamos ser suficientemente inteligentes para entendermos a repetição de erros históricos nessa situação. Eu já entendi. Espero que você também venha a entender.
Amado. Aprecio seus artigos informativos. Contudo o termo evanjegue pode disseminar se como praga no meio doa jovens e mais uma palavras torpe nao seria apropriado para estes. Por isso não compartilhei. Fica na Paz.
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