Por que Trump está ajudando os islamistas de Obama na Síria?
Julio
Severo
O presidente americano Donald Trump pegou o mundo de
surpresa quando ele ordenou que as forças armadas dos EUA lançassem um ataque
de mísseis teleguiados numa base aérea síria na quinta-feira em reação a um
ataque químico mortal, alegadamente pelo governo sírio, em rebeldes islâmicos
anteriormente apoiados por Obama e agora por Trump.
Dezenas de rebeldes foram mortos, e pelo menos 10
crianças. Neocons republicanos liderados pelo senador John McCain usaram o
ataque para pressionar Trump a atacar o governo sírio. Hillary Clinton pediu o
bombardeamento dos aeroportos de Assad horas antes do ataque aéreo de Trump.
O grande problema que Trump enfrenta em política
externa são os neocons, e ele
claramente identificou isso antes de sua eleição. Mas agora ele não
reconhece mais esse problema.
No entanto, a razão para o ataque de Trump contra a Síria
tem sido contestada.
O ex-senador Ron Paul disse:
“Não
faz nenhum sentido Assad sob essas condições de repente usar gás venenoso.
Penso que não existe nenhuma chance de que ele tenha feito isso
deliberadamente.”
Joseph Farah, dono do site conservador americano
WorldNetDaily (WND), disse:
“Discordo
fortemente da decisão do presidente Trump de atacar a Síria… Há duas partes em
guerra na Síria — o governo sírio, que está tentando rechaçar uma invasão e
ocupação parcial do território sírio, e o ISIS, uma peste terrorista contra o
mundo inteiro, não só contra o governo de Assad… Ambas as partes têm sido
acusadas de utilizar armas de gás sarin contra civis, embora até agora não vi
nenhuma prova de que Assad alguma vez usou isso… o ISIS é a principal oposição
a Assad.”
De acordo com o Infowars:
“Os
Capacetes Brancos, um grupo ligado à al-Qaida e financiado por George Soros e
pelo governo britânico, teria encenado o ataque de sarin em civis na cidade
nortista de Khan Shaykhun para jogar a culpa no governo sírio.”
O governo sírio está numa guerra mortal contra dois
inimigos: o ISIS e os rebeldes islâmicos apoiados anteriormente por Obama e
agora por Trump. Em 2015 Obama deu a esses rebeldes 500 milhões de dólares para
“treinamento.” Um investimento multimilionário contra um governo que combate o
ISIS.
Combater apenas o ISIS é um desafio colossal. Como
combater ao mesmo tempo dois inimigos, facilitados ou treinados pelos EUA? Até
mesmo Trump
reconheceu no ano passado que o ISIS foi fundado por Obama. Mas ele
nunca atacou o ISIS como ele está atacando a Síria. Ao atacar a Síria, ele está
automaticamente ajudando o ISIS.
Hillary Clinton, John McCain, Lindsay Graham, Paul
Ryan e esquerdistas estão louvando o ataque de Trump contra a Síria.
Coincidentemente, todos eles estavam ou estão na
folha de pagamento de George Soros.
Mas louvores não estão vindo de conservadores
americanos.
Michael
Savage, um poderoso escritor anti-neocon, havia chamado
Trump de “Winston Churchill de nossa época” em julho de 2015. Mas agora, em seu
programa de rádio de quinta-feira, Savage se queixou: “Os generais chegaram até
ele e o afastaram de esforços de paz com a Rússia. E as pessoas que se opõem à
guerra, como Steve Bannon, estão sendo demitidas. Esse batuque de tambores de
guerra com a Rússia tem de parar.”
Alex
Jones, do Infowars, disse em fevereiro que ele estava “pronto
para morrer por Trump.” Agora que Trump lançou ataques aéreos contra a Síria,
Jones disse na sexta-feira em transmissão ao vivo: “Trump está realmente se
desintegrando diante dos meus olhos em muitos níveis.”
Ann
Coulter, escritora conservadora e comentarista política
americana que havia sido uma ardente apoiadora de Trump e escreveu um livro
intitulado “In
Trump We Trust” (Em Trump Confiamos) no ano passado, está
usando a mídia social para criticar a decisão de Trump. “Aqueles que queriam
que os EUA se intrometessem no Oriente Médio votaram em outros candidatos,” ela
escreveu no Twitter nas primeiras horas de sexta-feira de manhã, acrescentando:
“A
campanha de Trump focou em não se envolver no Oriente Médio. Disse que tais
envolvimentos sempre ajudam os inimigos dos EUA e criam mais refugiados. Então
ele viu uma foto na TV.”
— Ann Coulter (@AnnCoulter) 7
de abril de 2017
“Os
cristãos que vivem na Síria estão apavorados com o que acontecerá se Assad se
for.”
— Ann Coulter (@AnnCoulter) 7
de abril de 2017
“O
que virá depois de Assad? O que foi que veio depois de Saddam? Kaddafi? 15
anos, 6 mil heróis mortos, 500 mil cristãos massacrados $5 trilhões de dólares
— pelo quê?
— Ann Coulter (@AnnCoulter) 7
de abril de 2017
Coulter e muitos apoiadores famosos de Trump estão
expressando surpresa — e medo — com a decisão apressada de Trump, a qual está
totalmente em conflito com a postura anterior dele sobre intervencionismo. Como
candidato presidencial, a campanha de Trump foi contra explorações militares no
exterior, muitas vezes criticando Bush e sua guerra no Iraque. Em dezembro,
logo depois de vencer a eleição, ele disse “os EUA vão parar de correr para
derrubar governos estrangeiros dos quais nada sabem, com os quais não devem se
envolver.”
Quando Obama estava considerando ação militar contra a
Síria em 2013, Trump fortemente o exortou a não fazer isso.
Numa crítica de 5 de setembro de 2013 com todas as
letras maiúsculas, Trump tuitou: “DE NOVO, PARA NOSSO PRESIDENTE MUITO TOLO,
NÃO ATAQUE A SÍRIA — SE VOCÊ ATACAR, MUITAS COISAS RUINS VÃO ACONTECER E OS EUA
NÃO CONSEGUIRÃO NADA COM ESSA LUTA!”
“Não ataque a Síria — um ataque que não trará nada a
não ser problemas para os EUA. Foque em fortalecer e engrandecer os EUA de
novo!” Trump tuitou quatro dias mais tarde.
Durante a campanha presidencial, Trump também criticou
muito Hillary Clinton por sua política externa desastrosa, tuitando: “As
intervenções estrangeiras da trapaceira Hillary Clinton desencadearam o ISIS na
Síria, Iraque e Líbia. Ela é afobada e perigosa!”
O que fez Trump mudar de ideia e agir como
Hillary teria feito, ajudando o ISIS na Síria? O que o fez dar atenção
aos neocons?
Afinal, de que adianta ser pró-vida dentro dos Estados
Unidos e não ser pró-vida para os cristãos diretamente ameaçados pelo ISIS na
Síria?
O que é certeza é que o Trump que atacou a Síria e
ajudou o ISIS não é o mesmo Trump que criticou os neocons no ano passado. Onde
é que está o Trump anti-neocon original?
Com informações da Charisma, Breitbart, DailyWire,
DailyMail, Time e WND.
Versão
em inglês deste artigo: Why Is Trump Helping Obama’s Islamist in Syria?
Fonte:
www.juliosevero.com
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4 comentários :
Sobre este caso, isto é muito estranho por parte dum dito conservador. Ele deveria tomar muito cuidado para não cair nas armadilhas dos enganos.
Realmente é muito estranho essas ultimas atitudes de Trump, que "curiosamente" beneficia os neocon; Não havia pensado por este angulo, essa reflexão realmente revelou um lado obscuro nos últimos acontecimentos.
O governo sírio é velho aliado da Rússia desde os tempos da urss. São aliados do irao e do hezbolah.
Os EUA tem como aliados locais Israel e a Arábia Saudita.
Perder um destes aliados pode ser grave para os EUA.
A Rússia tem poucas hipóteses de grandes alianças com Israel ou com a Arábia Saudita.
Precisa das bases na Síria para manter a posição na zona.
Israel pode bem com a olp. Está organização palestina é, embora formalmente inimiga de Israel, aliada de Israel contra o hezbolah. A outra organização palestina que é formalmente inimiga de Israel mas que se alia a Israel na luta contra a olp.
Portanto a coisa é muito, mas mesmo muito, mais complicada do que parece
Quem luta pelo poder global são os EUA e a Rússia. A China está bem onde está e não quer mais territórios. Só se preocupam com negócios.
Ora Trump deve de lidar com este enorme saco de gatos.
No médio Oriente -e creiam que conheço bem o pedaço - as coisas são muito mais complicadas do que parecem.
Lamento é a morte e sofrimento de tantos.
Não há é bons e maus assim muito claros.
Trump não é conservador e é um crente nominal, como os católicos no Brasil. Ele se candidatou sem ter metas políticas. Mas quem errou não foi ele mas o Partido Republicano, que poderia ter escolhido Ted Cruz, que não é perfeito, mas pelo menos é conservador e parece ser crente praticante.
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