Hillsong, homossexualidade, boatos de internet e clareza espiritual
Michael
Brown
Há muita coisa que podemos aprender com as acusações de
internet que se espalharam como fogo nesta semana. As acusações diziam que Carl
Lentz, pastor da Igreja Hillsong da Cidade de Nova Iorque, havia permitido que
uma dupla abertamente homossexual participasse e ajudasse a liderar um coral de
sua igreja.
No sábado, publicaram uma notícia, e no dia seguinte,
em todo lugar que eu ia, as pessoas estavam perguntando: “Será que isso é
verdade?” (A equipe do meu ministério então fez contato com a Igreja Hillsong
da Cidade de Nova Iorque pedindo esclarecimento.)
Outros, sem aguardar comprovação, acreditaram no pior
e partiram para o ataque, não só xingando a Igreja Hillsong da Cidade de Nova
Iorque, mas a Hillsong do mundo inteiro.
Na quarta-feira, Brian Houston, líder da Hillsong e
pastor de Carl Lentz, deu duas declarações.
Na primeira declaração, ele afirmou que a Hillsong é
fiel ao ensino claro da Bíblia sobre o assunto da homossexualidade e que o
casamento é a união de um homem e uma mulher, também declarando que embora os
gays sejam amados e bem-vindos em sua igreja, homossexuais praticantes não
podem participar de nenhuma posição de liderança ou ministério.
Na segunda declaração, ele categoricamente negou os
boatos de internet, dizendo que a igreja ficou completamente surpresa quando
ficou sabendo acerca dessa dupla que estava num relacionamento homossexual e
que até onde ele sabia, eles não tinham estado envolvidos em nenhuma posição de
ministério ou liderança na igreja. Ele então reafirmou seu amor por eles e
declarou que eles, como o resto de nós, estavam numa jornada.
O Pr. Lentz confirmou ambas as declarações no Twitter,
e imediatamente eu as postei de forma tão ampla quanto possível, com gratidão
ao Pr. Houston por se dirigir a essas duas questões publicamente.
Mas há duas lições óbvias que podemos aprender com o
que aconteceu nesta semana.
Primeira,
como cristãos, muitas vezes somos rápidos demais para acreditar e então repetir
um boato em vez de esperar pelo melhor e aguardar até que a evidência seja
apresentada. Por que somos tão rápidos para atacar e acusar, especialmente
quando nem mesmo sabemos se os casos contados são verídicos? Será que isso é
demonstração de amor?
Como
é que nos sentiríamos se fizessem a mesma coisa conosco — com nossas famílias, com
nossas congregações, com nossas reputações — e as pessoas nem mesmo percebessem
que ajudaram a espalhar mentiras sobre nós, mentiras que podem deturpar os
pensamentos das pessoas durante anos e anos?
Com a velocidade com que as coisas voam hoje no mundo
através da internet, e com a dificuldade de desfazer algo que foi feito, seria
melhor termos certeza de que temos nossos fatos em ordem e nossas atitudes estão
certas antes de fazer uma declaração pública ou compartilhar nossa opinião (se
é que há de fato uma necessidade de fazermos ambas as coisas).
Muitas vezes tenho sentido o peso de me dirigir a
questões por escrito ou no meu programa de rádio, e sempre faço o melhor para ter
todos os fatos, também tentando fazer contato em particular sempre que possível
antes de lidar com coisas publicamente.
Mas no começo deste ano, precisei pedir desculpas
publicamente para um líder nacional por me apoiar num artigo que havia agrupado
as citações dele juntas como se tivessem vindo da mesma mensagem, dando uma
impressão enganosa (ainda que as citações fossem acuradas e de preocupação
real).
Então, o que escrevo aqui, escrevo para mim mesmo e
para outros. Vamos nos assegurar de que temos nossos fatos em ordem antes de
chegar a alguma conclusão.
A segunda lição é que é essencial que os líderes
cristãos falem com clareza acerca de questões doutrinárias e morais polêmicas
da época. É possível (e essencial) ter tanto compaixão quanto clareza.
Usando as palavras de Paulo (de um contexto muito
diferente): “Até mesmo considerando
objetos sem vida, mas que produzem sons, tais como a flauta ou a harpa, como
alguém poderá reconhecer a música que está sendo tocada, se os sons formados
por elas não forem distintos? E mais, se a trombeta não emitir um som claro e
correto, quem se preparará para a batalha? Da mesma maneira vós, se com a
língua não pronunciardes sons que se podem entender, como se compreenderá o que
dizeis? Pois estareis como que jogando palavras ao vento.” (1 Coríntios
14:7-9 King James Atualizada)
Recentemente ouvi uma entrevista de cinco minutos com
um dos pastores mais famosos dos EUA em que ele foi gentilmente pressionado
para expressar clareza acerca de suas opiniões sobre a homossexualidade e a
igreja, e suas respostas dificilmente poderiam ter sido mais nebulosas.
E essa é a parte do problema com as acusações contra a
Igreja Hillsong da Cidade de Nova Iorque: O Pr. Lentz havia negligenciado em
sua responsabilidade de falar com clareza com relação a essa questão pelo menos
duas vezes no ano passado, tanto numa rede de televisão quanto no jornal
esquerdista Huffington Post online.
Aliás, enquanto eu assistia à entrevista no Huffington
Post, tentando interpretá-la da melhor forma e torcendo pelo Pr. Lentz, eu disse
comigo mesmo: “Se eu fosse este entrevistador, eu com certeza acreditaria que
duplas homossexuais seriam bem-vindas sem restrição na vida e ministério da
igreja dele.”
É por isso que me comuniquei com o Pr. Lentz no ano
passado também, oferecendo ajuda, não condenação, acreditando que Deus o está
usando para alcançar os nova-iorquinos com a Boa Notícia do Evangelho.
A pergunta é: Por que não podemos ser claros desde o
começo? Por que dizer coisas que evitam respostas diretas e em vez disso levam
à confusão?
Eu compreendo plenamente a necessidade de não se
deixar cair em armadilhas dos meios seculares de comunicação — tenho estado na
linha de fogo vezes suficientes para conhecer a sensação — e elogio os líderes
cristãos que dirão o que sentem que é importante em vez de concordar com a
agenda de um entrevistador hostil.
Contudo, existe algo que é falar a verdade com
sabedoria e em amor, e em toda a Bíblia, a repreensão honesta e franca é vista
como um sinal de amor.
Infelizmente, perguntas justas estão agora sendo
feitas com relação à primeira declaração feita pelo Pr. Houston na
quarta-feira, onde ele disse: “Então, se você é gay, você é bem-vindo na Igreja
Hillsong? Claro que sim! Você é bem-vindo para frequentar, adorar conosco e
participar como membro da congregação com a certeza de que você é pessoalmente
incluído e aceito dentro de nossa comunidade. Mas (é nesse ponto que tudo se
complica), você pode ter uma posição ativa de liderança? Não.”
O que exatamente isso significa? Será que ele está
falando sobre alguém que tem atração homossexual, mas rejeita essas atrações e
está vivendo uma vida santa diante do Senhor? Ou será que ele está falando de
um homossexual praticante? Se esse é o caso, em que base ele ou ela pode
“participar como membro da congregação com a certeza de que você é pessoalmente
incluído e aceito dentro de nossa comunidade” ?
O Pr. Houston diria a mesma coisa sobre um casal
vivendo junto fora do casamento? Ele diria a mesma coisa sobre um alcoólatra
que não quer se arrepender? Se esse é o caso, e quanto ao ensino claro de Paulo
em 1 Coríntios 5 sobre como lidar com pessoas que dizem que são cristãs, mas
que não querem se arrepender?
Estou encorajando o Pastor Houston e o Pastor Lentz,
orando para que eles divulgarão Jesus ainda mais na Austrália e na Cidade de
Nova Iorque e entre as nações, e como milhões de outros, tenho sido
pessoalmente abençoado pelas muitas maravilhosas canções de louvor da Hillsong.
É por isso que exorto meus irmãos e colegas a falar
com uma voz clara e biblicamente sã, não só em ambientes de igreja, mas também
nos meios de comunicação seculares.
Se precisamos ser o sal da terra e a luz do mundo —
ou, como o Dr. Martin Luther King Jr. certa vez disse: “a consciência moral” da
sociedade — não podemos perder nossa qualidade de sal e precisamos brilhar com
intensidade e com muita confiança, em atitudes e palavras.
O mesmo mundo que nos odeia realmente depende de nós.
Traduzido
por Julio Severo do original em inglês da revista Charisma: Hillsong,
Homosexuality, Internet Rumors and Spiritual Clarity
Fonte:
www.juliosevero.com
Leitura
recomendada:
Outros
artigos de Michael Brown:
4 comentários :
Pois é, a Revista Veja se enrolou com o Romário.
Muito bom, graças a Deus temos uma voz como a sua para jogar Luz onde há trevas!
Por que ele não disse logo com as palavras bíblicas, que a prática homossexual é abominação para Deus? Por que não disse que quem pratica isso precisa se arrepender, abandonar o vício para depois virar membro? Pode um membro não ser líder? Esse pastor não está querendo agradar ao mundo, usando uma polidez (omissão, na verdade) que não tem respaldo bíblico?
Sinceramente, a fofoca achou um espaço porque ele não foi claro como a Palavra é clara.
Muito triste essa situação.
O texto foi muito bom, realmente hoje em dia os dedos são super rápidos na internet, as pessoas não averiguam nada. E infelizmente, o que é solto na internet, dificilmente é corrigido.
Mas o outro ponto abordado, é talvez ainda mais importante. Eu não suporto meias palavras, não gosto quando as pessoas não respondem as coisas, a Bíblia fala que a palavra do crente é Sim, sim e Não, não. Mas o que mais vemos são lideres (pastores) que não falam nada com nada, de um discurso ou de uma resposta quando vc vai dissecar ele não afirmou nada, não respondeu nada. Isso abre margem para todo tipo de interpretação com certeza.
Izabel
Postar um comentário