Putin imita política externa dos EUA
Pat Buchanan: As ações da Rússia não diferem das revoluções coloridas promovidas pela Fundação Nacional para a Democracia
Patrick
J. Buchanan
Quando Ronald Reagan chamou o
império soviético de “império do mal”, a expressão refletia sua convicção de
que, embora a disputa entre Ocidente e Oriente fosse um conflito
geoestratégico, possuía uma profunda dimensão moral.
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Pat Buchanan: colunista do WND e ex-assessor do presidente Ronald Reagan |
Isso está no caráter dos americanos.
Jimmy Carter buscou remover essa
dimensão moral ao declarar que “Nós superamos o nosso medo infundado do
comunismo”.
Mas com o discurso do “império do
mal”, Reagan trouxe de volta a questão moral à Guerra Fria, no que Natan
Sharansky chamou de “um momento de clareza moral”.
Aqui chegamos ao cerne da questão
do por que os americanos querem se manter longe de qualquer conflito na
Ucrânia. Eles não só não enxergam nenhum interesse americano vital, mas também
nenhuma dimensão moral nessa disputa.
Se, afinal, foi um triunfo de
autodeterminação para a Ucrânia separar-se da Federação Russa, não teriam os russos
na Crimeia e em Donetsk o mesmo direito — ou seja, de separar-se de Kiev e
retornar à Rússia?
Se os georgianos tiveram o direito
de se separar da Federação Russa, não teriam os abecázios e ossetas do sul o
direito de se separar da Geórgia?
Como diz o velho ditado: tudo o que vai, volta.
A mídia americana critica a ameaça
de Vladimir Putin ao mundo com base em regras que eles mesmos criaram. Mas terá
sido com base nessas mesmas regras que eles bombardearam a Sérvia por 78 dias
para tomar Kosovo, província que foi o berço do povo sérvio?
Talvez valha lembrar um pouco de
história.
Compare como Putin causou a separação
e a anexação da Crimeia, sem derramamento de sangue e com apoio popular, com a
forma como Sam Houston e seus amigos causaram a separação do Texas no México e a
sua anexação aos EUA em 1845.
Quando os mexicanos tentaram
recuperar parte do território do Texas perdido, James K. Polk os acusou de
derramar sangue americano em solo americano, fez o Congresso declarar guerra,
enviou o general Winfield Scott e um exército à Cidade do México, e assim
anexou toda a parte norte do México, que agora constitui o sudoeste americano e
a Califórnia.
Comparado ao jacksoniano James
Polk, Vladimir Putin foi um Pierre Trudeau.
Mesmo no leste da Ucrânia, é
difícil enxergar uma questão moral. O regime de Kiev denuncia aos brados como
“terroristas” os russos que estão invadindo centros urbanos por meio da mesma
tática usada pelos manifestantes da Praça Maidan para dominar Kiev.
Se foi heroico para o Partido
Svodoba e para o Pravy Sektor enfrentar a polícia e incendiar prédios para
depor Viktor Yanukovych, o presidente eleito da Ucrânia, com base em que os
usurpadores que herdaram o poder condenam quando o mesmo acontece a eles?
Não há uma hipocrisia gritante
aqui?
E como podem os americanos condenar
o que os russos estão fazendo na Ucrânia?
Há uma década atrás, a Fundação
Nacional para a Democracia e seus subordinados ajudaram a fomentar a Revolução
Rosa na Geórgia, a Revolução das Tulipas no Quirguirstão, a Revolução dos Cedros
no Líbano, a Revolução Laranja em Kiev e inúmeras outras “revoluções coloridas”
para depor regimes indiferentes e trazer esses países para a órbita americana.
Na última década, Putin aprendeu a
jogar o jogo dos americanos. E antes de os americanos se envolverem em um
conflito que conseguiram evitar por mais de quatro décadas de Guerra Fria,
talvez eles devessem desistir desse jogo das cadeiras e condenar a Fundação
Nacional pela Democracia ao esquecimento.
Atualmente, duas linhas de ação
estão sendo ferozmente pressionadas sobre a Casa Branca pelo Partido da Guerra.
Ambas provavelmente causarão um desastre.
A primeira é armar os ucranianos. Isso
provavelmente provocaria uma guerra com a Rússia que Kiev não teria condições
de ganhar, e levá-los a acreditar que os americanos lutariam ao lado deles, o
que não vai acontecer.
A segunda opção é o caminho das
sanções.
Mas a Europa, dependente do
petróleo e da gasolina russa, não irá votar para provocar sua própria recessão.
E se o Ocidente punir a Rússia, Moscou irá punir a Ucrânia e afundar o que o Washington Post chama de “buraco negro
de corrupção e desperdício que é a economia ucraniana”.
Quanto aos EUA enviando mais navios
de guerra nos mares Negro e Báltico e mais F-16s e tropas na Europa Oriental,
qual seria o propósito, se não entrarão em guerra com a Rússia?
No título da velha canção de Johnny
Cash, ele acertou: “Don’t take your guns to town”, [não leve suas armas para a
cidade], a não ser que esteja preparado para usá-las.
Inegavelmente, o presidente Obama e
John Kerry estão envergonhados hoje, assim como estavam no episódio da “linha
vermelha” na Síria.
Mesmo assim, continuam se
intrometendo onde não são chamados, fazendo advertências e ameaças que não têm
o poder de cumprir, e vangloriando-se e blefando com algo inexistente, quando o
público americano está lhes dizendo: “Essa briga não é nossa”.
Pat Buchanan é colunista do WND e foi assessor do
presidente Ronald Reagan.
Tradução
de Luis Gustavo Gentil do original do WND: PUTIN:
IMITATOR OF U.S. FOREIGN POLICY
Fonte:
www.juliosevero.com
Outros
artigos de Pat Buchanan:
Sobre
a Ucrânia:
2 comentários :
Jimmy Carter hubiera sido o genocida cultural que agora e Obama, mais 3 decadas antes. Democratas son agentes socialistas do tiranos Castros, y han abandonado a LIBERDADE de America a os piores dimonios, en el genocidio que agora es desencadena na Venezuela.
Boa noite irmão Julio Severo!
Não sei se você já sabe dessa notícia absurda: "Marisa Lobo tem registro de psicóloga cassado por demonstrar sua fé nas redes sociais
Psicóloga aguarda publicação no diário oficial do Conselho Federal de Psicologia".
Do baiano,
Lúcio
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