A democracia mudou a definição do que é “certo e errado” — e os EUA querem
exportá-la?
Patrick J.
Buchanan
Em seu
exercício mais recente de democracia liberal, o Senado estadual de
Massachusetts votou por 32 votos a favor para anular o veto do governador
Charlie Baker ao que é chamado de Lei Roe.
Um dia antes,
segunda-feira, a Câmara estadual votou pela anulação.
A Lei Roe
agora é lei em Massachusetts. E o que essa lei diz?
Elaborada
e adotada para proteger o direito da mulher ao aborto, caso a decisão Roe versus
Wade [que legalizou o aborto nos EUA em 1973] seja derrubada pela Supremo
Tribunal, a lei garante às meninas de 16 anos o direito de abortar seus filhos
em gestação, sem o consentimento dos pais, até os primeiros 24 semanas de
gravidez.
Com 24
semanas, o bebê em gestação tem 60% a 70% de chance de sobrevivência.
Mas a Lei Roe
cobre esse problema também. Se a “saúde mental” da adolescente estiver em
perigo, ela ainda poderá fazer um aborto.
Valerie
Richardson, do jornal The Washington Times, cita a reação da Liga de Ação
Católica do estado. Essa medida “reduzirá a idade de consentimento judicial ou dos pais para menores que buscam
abortos, removerá as proteções de bebês que sobreviveram ao aborto, reduzirá os
critérios médicos para abortos nos últimos meses de gravidez e tornará os
abortos mais perigosos para mulheres, permitindo que (parteiras) e enfermeiras
profissionais os realizem.”
As entidades esquerdistas
ACLU, NARAL e a Federação de Planejamento Familiar aclamaram isso como uma
vitória para os direitos das mulheres.
Falando pela
Liga de Ação Católica, o diretor executivo C.J. Doyle culpou as autoridades
religiosas católicas e as organizações católicas por não terem repreendido os
legisladores que rotineiramente votam por direitos ao aborto.
“Nenhum
dos católicos que votaram por essa lei de destrução de vidas sofrerá uma
palavra de repreensão de qualquer padre ou prelado em Massachusetts… Não haverá
artigos ou editoriais na imprensa católica os criticando. A ninguém será negada
a Eucaristia. Ninguém será expulso dos Cavaleiros de Colombo.”
Esse
silêncio, disse Doyle, “é igual a consentimento.” E dado esse silêncio, “não se
pode esperar que nenhuma pessoa racional leve a sério a oposição católica ao
assassinato de bebês em gestação em Massachusetts.”
O ativista
pró-vida Benjamin Watson, ex-estrela do time New England Patriots, descreveu o
absurdo do que o poder legislativo fez. Uma adolescente ainda precisa da
permissão dos pais para obter um simples analgésico da enfermeira da escola,
mas ela não precisa da permissão para fazer um aborto e matar o neto.
O que Massachusetts
fez, novamente em um exercício de democracia, levanta questões que vão além dos
debates normais entre os americanos sobre essa questão social que tanto divide
desde a escravidão.
Na década de
1950, o aborto era considerado vergonhoso, até mesmo criminoso, exigindo a
excomunhão da Igreja Católica. Os abortistas eram párias sociais, muitas vezes
processados e punidos.
Agora, no
espaço de uma geração, o aborto foi elevado, no que antes era o “País de Deus,”
a um direito constitucional e humano.
Para ser
aceito como “progressista” hoje, é quase um imperativo apoiar o direito da
mulher de exterminar a vida de seu filho em gestação.
Até mesmo o “católico
devoto” Joe Biden mudou.
Ele agora é a
favor da revogação da Emenda Hyde que ele havia apoiado no passado, a qual
proíbe o uso de verbas federais para pagar abortos, exceto para salvar a vida
da mulher ou se a gravidez resultar de estupro ou incesto.
Algo
comparável aconteceu com a homossexualidade e o casamento do mesmo sexo. Antes também
considerado vergonhoso, agora também é um direito civil e constitucional, e a
bandeira LGBT é hasteada proeminentemente nas embaixadas dos Estados Unidos
durante o Mês do Orgulho Gay.
À medida que
o aborto e a homossexualidade se tornaram novos direitos constitucionais, os
antigos direitos da Primeira Emenda assumiram um novo significado.
“O Congresso
não fará nenhuma lei a respeito do estabelecimento de religião, ou proibindo o
seu livre exercício” foi interpretado como significando que Deus, a Bíblia, a
Cruz, a oração e os símbolos cristãos não têm lugar nas escolas que educam as
crianças dos EUA.
A “liberdade
de expressão” agora protege a blasfêmia e a queima da bandeira americana.
A “liberdade
de imprensa” agora protege a disseminação do que costumava ser criminalizado
como pornografia.
Em resumo,
usando métodos e meios democráticos e procedimentos legais e judiciais normais,
o que antes era imoral e até mesmo criminoso passou a ser oficialmente
declarado constitucional e moralmente correto.
Dezenas de
milhões na “maioria silenciosa” ainda podem abraçar as velhas crenças sobre o
certo e o errado, o bem e o mal, o que é pró-América e o que não é, mas os EUA mudaram.
E isso
levanta uma pergunta ainda mais ampla.
Será que dá
para se alterar a verdade moral? Dá para se transformar em correto e moral o
assassinato de crianças em gestação, injusto e imoral no ensino cristão e na
Lei Natural, se um poder legislativo usar processos democráticos para declarar
isso?
Se o certo e
o errado podem ser mudados por plebiscitos e votos políticos, o que fazemos com
aqueles que se recusam a seguir essas leis?
Antes de os
EUA entrarem em guerra de novo para defender os “valores americanos,” os EUA
não deveriam ser informados exatamente por quais valores seus soldados estão
lutando?
Pois se a “democracia”
produz inevitavelmente as consequências que vemos nos EUA hoje, qual é o
argumento que justifique matar pessoas para persuadi-las a adotar a democracia?
Traduzido por
Julio Severo do original em inglês do WND (WorldNetDaily): Democracy
has changed 'right & wrong' – and we want to export it?
Fonte: www.juliosevero.com
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