Cristãos socialistas e conservadores são iguais, insinua Gutierres Siqueira
Julio
Severo
Em artigo intitulado “Pode um cristão abraçar ideologias?”
no GospelPrime, Gutierres Siqueira começa apontando acertadamente que a
ideologia é um “sistema de ideias.” Ele também acerta quando diz que “o
ideólogo é outro nome para um religioso. E essa religião pode ter como deus a
moral, o dinheiro, o progresso, a ciência, a igualdade, a liberdade, o Estado,
o feminino, o meio ambiente, o indivíduo, a sexualidade, etc. O ideólogo é um
crente, secular ou não, mas é um crente.”
Ele dá um final adequado quando diz: “O cristão tem
como centro a pessoa de Cristo Jesus. E Cristo está acima das ideologias, não
só em qualidade, mas como juiz de toda ideia, ideal e doutrina.”
No entanto, Gutierres começa a escorregar quando
declara: “Toda ideologia só destaca uma ou outra faceta da graça comum. Um
conservador valoriza a tradição, um liberal a liberdade e um progressista
exaltará a igualdade.”
Nessa visão pluralista, conservadores, liberais e
progressistas são iguais e estão no mesmo nível. No que se refere à salvação, Gutierres
teria razão. Sem Cristo, o ateu, o progressista, o católico, o evangélico, o
pentecostal, o calvinista, o neopentecostal, o marxista, o conservador e todos
os outros estão igualmente perdidos.
Mas Gutierres parece não ter focado nos que estão no
mundo. O foco de seu texto foi apenas os cristãos, e o único problema que ele
viu na atitude de um cristão ser conservador ou progressista foi a “falta de
moderação.”
O que ele interpretaria como “moderação”? Um
conservador pode lutar contra o aborto, mas não muito? Um progressista (outro
termo para designar socialista) pode promover o aborto e a agenda gay, mas não
muito? Sim, há evangélicos que defendem o aborto. A maior
denominação presbiteriana dos EUA, que é progressista, defende o aborto e o
infanticídio. Essa denominação é
também hostil a Israel.
Gutierres diz: “A falta de moderação é a tônica de um
ideólogo, pois não há moderação diante de um deus. Todo ideólogo levanta uma
bandeira aparentemente virtuosa, mas a sua missão é totalizar aquela virtude a
todos os homens. Eis aí a tragédia de todo idealista.”
Então, se a bandeira e missão do progressista é totalizar
a “virtude” da teologia gay e do aborto a todos os homens, a bandeira e missão
do conservador é totalizar a virtude da defesa da vida e da família a todos os
homens. Para Gutierres, os dois lados são iguais.
A ideia de Gutierres é que todos devem ter Cristo como
centro, e o resto não importa. Não importa se o cristão é progressista ou
conservador. Todos são iguais. Essa igualdade estranha leva a uniões estranhas,
inclusive o ecumenismo.
Gutierres é da Assembleia de Deus, uma denominação que
em tempos passados era radical em posturas morais e não fazia concessões para
uniões estranhas. A Assembleia de Deus costumava ser totalmente avessa ao
ecumenismo.
O que aconteceu com esse assembleiano? Talvez suas
experiências pessoais expliquem sua visão “democrática.” No artigo “Pode um
cristão abraçar ideologias?” ele assina como Gutierres Siqueira, “Graduado…
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Membro do Conselho Administrativo do
Seminário Martin Bucer Brasil.”
O Mackenzie parece se encaixar na visão de que tanto
faz você ser conservador quanto progressista. No Mackenzie, você encontra a
nata do suposto conservadorismo calvinista. Eles defendem muitos valores pró-família,
mas com “moderação,” sem fazer embates sérios contra ativistas homossexuais e
abortistas. História diferente ocorre quando o assunto é atacar
os dons sobrenaturais do Espírito Santo ou o neopentecostalismo:
nesse caso, toda moderação vira imoderação.
Excetuando o neopentecostalismo, toda ideologia é
aceita no Mackenzie. Se de um lado havia o “conservador” Augustus Nicodemus
(considerado o
maior expoente da heresia cessacionista no
Brasil), do outro lado há Ricardo Bitun, coordenador dos cursos de teologia na
maior universidade presbiteriana do Brasil. Na sua gestão como chanceler, a
missão de Nicodemus era garantir que o Mackenzie mantivesse sua fidelidade à
sua confissão presbiteriana. Mas ele foi moderado, permitindo que Ariovaldo
Ramos desse aulas especiais em sua instituição. Tanto Ariovaldo quanto Bitun
são figuras proeminentes da Teologia da Missão Integral, que é a versão
protestante da Teologia da Libertação.
Gutierres então fala de “moderação” porque,
possivelmente, ele a viu em ação no Mackenzie? Foi ali que ele aprendeu isso?
Não sei dizer. Mas sabe-se que, sentindo-se carentes de conhecimentos
teológicos, muitos assembleianos estudam teologia no Mackenzie, e depois se
tornam papagaios repetidores de muitas teologices desnecessárias. A maioria dos
estudantes de teologia dessa universidade presbiteriana não é calvinista: é
pentecostal. Todos sentindo-se carentes de teologices.
Gutierres é membro do Conselho Administrativo do
Seminário Martin Bucer Brasil. Na Alemanha, esse seminário é presidido por
Thomas Schirrmacher, teólogo calvinista alemão proeminente em importantes esforços
ecumênicos internacionais, inclusive diálogo com muçulmanos.
Com mais conhecimento e experiência que o jovem
assembleiano brasileiro, Schirrmacher diria “Amém” à visão pluralista dele. O
próprio alemão é pluralista.
A atuação de Schirrmacher
foi destaque na Conferência “Cristo no Posto de Controle,” onde ele foi
palestrante. Essa conferência reúne a nata dos teólogos da
Teologia da Libertação Palestina e visa desconstruir e minar o apoio dos
evangélicos a Israel. Essa conferência é tão radical que até o
governo de Israel já alertou para que os evangélicos a evitem.
“Moderação,” que Gutierres supostamente aprendeu com os
calvinistas, é ter abertura para a Conferência “Cristo no Posto de Controle,”
conforme o exemplo de Schirrmacher?
“Moderação” é ter abertura para Ricardo Bitun e
Ariovaldo Ramos, conforme o exemplo de Nicodemus na sua gestão “conservadora”
no Mackenzie?
Depois de salvo, o cristão é livre para escolher ser
um progressista ou conservador, contanto que seja “moderado”?
Independente de moderação, ser evangélico
progressista, esquerdista, socialista e marxista é uma contradição, pois sua
ideologia compete pelo seu coração, ameaçando o cristão como indivíduo e a
igreja.
Nenhuma ideologia tem ameaçado, contaminado, minado,
sabotado e corroído tanto as igrejas e os cristãos nestes últimos tempos quanto
a Teologia da Libertação, a Teologia da Missão Integral e outros marxismos
disfarçados de teologia cristã.
Com moderação ou não, essa ideologia mata: no espírito
e na alma, como ocorre na Europa e cada vez mais nos EUA, onde o Cristianismo
se tornou mera ferramenta do marxismo social-democrata pró-aborto,
pró-homossexualismo e pró-islamismo. Nos casos mais graves, o marxismo mata o
corpo, como ocorria na União Soviética e agora na Coreia do Norte.
Mas o conservadorismo mata o quê? O conservadorismo
não é uma ideologia assassina. Se o conservador vive onde existe socialismo,
ele trabalha para eliminar essa ameaça. Se o conservador vive onde há
capitalismo, ele alerta que um capitalismo sem valores morais e Cristianismo
acaba se tornando ganância destrutiva. Sem esses valores, o capitalismo é mera
ferramenta de exploradores e oligarcas, inclusive socialistas.
O socialismo não se aproveita nem com esses valores,
mas o capitalismo só presta com eles.
O conservador saudável sempre trabalha contra essas
duas ameaças, e por um capitalismo saudável com valores morais e cristãos.
Quando a sociedade é iludida pelo socialismo, o
conservador dá seus alertas.
Quando a sociedade se deixa levar por um capitalismo
sem valores morais e cristãos, o conservador ensina sobre a necessidade desses
valores.
Claro que, como tudo o mais na vida, deve existir sim
um equilíbrio no ativismo do evangélico conservador, mas é duvidoso se o
Mackenzie poderia ser a melhor fonte de referência para tal equilíbrio, que não
é fácil, mas possível.
Cristo e a evangelização devem ser prioridades na vida
do seguidor de Cristo, como meu artigo “O
que é um conservador evangélico?” apontou muito antes do artigo
do Gutierres.
Mas do jeito que está, o texto de Gutierres acaba
preparando o terreno para o ecumenismo ou uniões semelhantes — terreno que não
é estranho na organização calvinista da qual ele faz parte. Esse tipo de união
ou ecumenismo é tolerado por oportunismo, não amor a princípios bíblicos.
Quanto à insinuação dele de que conservadores e
progressistas são iguais, isso é falta de bom senso. Claro que o conservador
que não tiver Cristo vai para o inferno, onde passará a eternidade com os
progressistas que rotineiramente defendem o aborto e a agenda gay.
Mas quando o homem se converte de fato a Cristo e ouve
a voz do Espírito Santo, o conservadorismo é uma missão secundária importante,
sem concessão aos progressistas e suas agendas — a não ser que ele resolva
estudar no Mackenzie, cuja “democracia” calvinista tem sempre espaços abertos
para progressistas, “conservadores” e cessacionistas.
A mensagem mackenzista essencial aparentemente
transmitida por Gutierres é que não importa se somos conservadores ou
progressistas. Se formos “moderados,” todos terminaremos no céu. E se um dia
todos vamos estar no céu, por que não nos unirmos agora?
Fonte:
www.juliosevero.com
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5 comentários :
A Serpente eh sofista por natureza e ideologia. Mistura verdades e mentiras, de forma que nao se sabe, apos certo tempo o fim e inicio de uma e, ou outra. Melhor nao ouvir o discurso da serpente.
Antonio.
A sutileza desse ecumenismo é preocupante ! Apareceu um pastor calvinista para pregar sobre discipulado no Domingo passado. Eu estava muito sensível porque tinha passado a madrugada inteira chorando e orando. Na mesma hora que a pessoa subiu no púlpito, o ES revelou: hoje você descobrirá o que é a TMI. Uma pregação cheia de versículos fora do contexto e várias agulhadas na Teologia da Prosperidade, por exemplo: você é pobre, vai continuar pobre e vai morrer pobre porque ter o que comer e vestir basta e não acredite na prosperidade dessa pastores por aí.
Em seguida, O Espírito Santo falou para eu contar quantas vezes ele iria dizer sobre a ação Dele. Ok, leu Espírito Santo na primeira vez, mas ignorou essa parte na hora de explicar o texto e, na segunda vez, falou do espírito rapidamente, dizendo que o que importa é a mente. E ficou nisso: mente, mente, mente, mais mente...
Deus é tão maravilhoso, mas tão maravilhoso, que derramou sobre mim muita sabedoria naquela madrugada de choro. Eu estava preparada para discernir as armadilhas daquela pregação.
Que o SENHOR DOS EXÉRCITOS continue dando muita sabedoria para você, querido irmão Julio!
Respondendo ao Antônio,
Antônio,
Se o diabo se mostrasse como ele realmente é, ninguém jamais iria querer aproximação com ele. Mas ele sempre se apresenta como anjo de luz, para enganar os que não estão firmes na Palavra de Deus. É como bem disse o apóstolo Paulo:
"E não vos admireis disto, já que o próprio Satanás insiste em se transformar em anjo de luz. Não é muito, portanto, que os seus ministros apareçam como ministros da justiça; e o fim deles será segundo as suas obras" (2 Coríntios 11:14–15)
Marxismo, esquerdismo, comunismo, socialismo, e progressismo (e outras variações) são invenções do diabo. E todas essas mesmas ideologias têm diversos objetivos em comum:
– Destruir a família;
– Eliminar todos os valores morais e os bons princípios;
– Legalizar o aborto;
– Destruir a fé cristã;
– Destruir (ou corromper) as igrejas;
– Promover o homossexualismo, a pedofilia, o casamento gay (e outras depravações);
– Aprovar a eutanásia;
– Usar a tirania (ou a ditadura) para permanecer no poder, sempre com o argumento mentiroso de ajudar os pobres e necessitados (através de políticas populistas e assistencialistas);
– Eliminar todos os possíveis opositores dos regimes esquerdistas;
– Impor a idéia de que todos devem ser submissos somente ao Estado (ou melhor, que o Estado deve substituir Deus em todas as áreas da vida humana).
Estas ideologias usam um jogo de palavras tão sutil (compaixão, ajuda aos necessitados, justiça social, e outros termos semelhantes) que conseguem enganar facilmente muitas pessoas (principalmente aquelas que não têm conscientização política)! Daí a razão de muitos partidos esquerdistas (PT, PC do B, PV, PSOL, e outros semelhantes) estarem no poder em quase toda eleição!
Se essas ideologias diabólicas (e também as teologias corrompidas como Missão Integral, Prosperidade, e Libertação) contaminaram o nosso sistema educacional (e também as nossas igrejas e nossos seminários), foi devido à negligência dos servos de Deus (que se deixaram seduzir pelos enganos do diabo). Toda e qualquer filosofia, ideologia, ou teologia tem que ser obrigatoriamente testada e aprovada pela Palavra de Deus (para saber se é verdadeira ou não). Foi como disse o apóstolo Paulo:
"Porque nada podemos contra a verdade, senão pela verdade" (2 Coríntios 13:8)
Eu prefiro ficar com a Palavra de Deus, porque somente ela tem todas as respostas que eu preciso! Não confio em nada que venha do homem. Novamente o apóstolo Paulo se manifesta:
"Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso" (Romanos 3:4)
A mesma coisa é dita pelo profeta Jeremias:
"Maldito o homem que confia no homem, que faz da carne o seu braço, e que aparta o seu coração do Senhor" (Jeremias 17:5)
Será que eu estou certo neste meu ponto de vista? Se você quiser se manifestar, esteja à vontade.
Geoge, eh isso mesmo, mas, quem se importa?
Antonio
Meu e-mail: goa2018@yaho.com.br
Olha...
o "pano-de-fundo" para o aparecimento desse movimento pretensamente chamado calvinista (embora tenha tanto de calvinismo estrito quanto aquilo que critica) é a reação, no interior de determinadas igrejas, ao que se convencionou chamar de doutrina ou evangelho da "prosperidade".
Evidentemente, essa doutrina vem, em parte, de movimentos paralelos dentro do protestantismo neo-evangélico e que, ao contrário do que muita gente pensa, não se origina no pentecostalismo: por exemplo, a "confissão positiva", tem base criada por um reverendo que liderou por várias vezes uma igreja reformada nacional nos EUA, e o movimento de "cura pela fé" não veio do pentecostalismo, mas de um movimento paralelo).
O fato, porém, é que a "prosperidade" é vista de maneira muito diferente pelas denominações de classe média (que a demonizaram) e pelas congregações de segmento baixo, nas periferias.
Para a classe média (que é o celeiro dos "calvinistas") é um sentimento de busca da riqueza, o que contrasta com o propósito do evangelho, que prega a simplicidade e o amor fraternal.
Logo, a classe média (ao mesmo tempo que busca diligentemente o enriquecimento como fruto de esforço próprio) rejeita como herética e falsa a ideia de que Deus possa prover a prosperidade material.
É inteiramente diversa a compreensão disso nas congregações periféricas, de maioria pobre. A começar pelo fato de que o próprio termo "prosperidade" não é visto da mesma maneira.
O que os crentes pobres procuram (e esperam de Deus) não é um plus de enriquecimento por esforço próprio, mas sim um mínimo para sair da indigência ou vício, ou seja, uma ação de Deus pela libertação material. O crente desse tipo de congregação não vê o mais rico como mais abençoado. A partir da libertação do vício e da indigência, a diferença de riqueza é pouco importante.
Essa contradição expõe como preconceitos perversos da classe média alimentam um sentimento de ódio capitalizado por um movimento que pretende ser a purificação do cristianismo evangélico.
Quem convive com congregações pobres percebe que a ideia estereotipada de "crente pentecostal" corresponde inteiramente a um imaginário criado apenas em ambientes de classe média.
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